segunda-feira, 15 de maio de 2023

Sobre a manipulação de resultados (Por Thiago Muniz)

Primeiramente quero deixar bem claro que a prática de se apostar é antiga, vem desde a Idade Média (talvez mais antiga!) com as batalhas, corridas e jogos aparentemente inofensivos. Apostar não é uma prática ilícita, é uma forma de fazer dinheiro de maneira rápida, dependendo do jogo existe probabilidades maiores ou menores.


Quando falamos em apostas de jogos esportivos, dependemos exclusivamente do fator humano; seja na aposta de números de forehands no tênis, número de escanteios no futebol, quantidade de cestas de 3 pontos no basquete, entre outros. Os tipos de apostas são quase infinitos, pode-se apostar diversos fatores. Eu mesmo por exemplo da última vez que apostei num site online foi na final da Champions League 2022 entre Real Madrid contra Liverpool, partida disputada em Paris. Eu apostei 20 reais (e teria retorno de 18 reais, totalizando 38 reais) em que o meio campista Toni Kroos faria pelo menos 1 assistência durante a partida. Vi nas estatísticas que o Kroos teve um bom rendimento de assistências durante a temporada. Moral da história: Kroos não fez uma boa partida, o Real Madrid ganhou a partida por 1x0 com gol de Vini Jr e assistência de Valverde; perdi meus 20 reais. Ok! Faz parte, são regras do jogo. Se ganha ou se perde. Apostar não é ilegal. 


O que eu achei estranho foi o crescimento e surgimento de sites de apostas online dominando a praça Brasil. O mais estranho é ver essas empresas com vínculo aos clubes de futebol, desde publicidade à patrocínio master. Na minha visão eu enxergo um completo conflito de interesses mercadológicos, deveria haver um mecanismo jurídico para travar ou para se criar uma fronteira até onde poderia ter certos vínculos. O pior é ver uma grande parte dos clubes brasileiros já se tornando dependentes financeiros desses sites de apostas, o que chega a ser insano.


Quando eclodiu esse escândalo de manipulação de resultados isso não me surpreendeu. E essa prática não é de ontem, basta olharmos o começo dos escândalos de manipulação de resultados em divisões menores pelos estados há poucos anos atrás. E essa patifaria foi só subindo os degraus chegando a série B do campeonato brasileiro e se averiguar mais poderá chegar a série A. 


Não é proibido os jogadores receberem essas propostas, assim como não é proibido jogar; mas ao meu ver deveria também haver um mecanismo de proibir o jogador de apostar; ou ele é atleta ou ele é apostador. A partir do momento em que o jogador aposta em si mesmo levantando a tese de sua própria performance ao meu ver é prática criminosa. É o mesmo que o cavalo apostar na sua derrota e ao final não ganhar a corrida. Manipular resultado é crime. 


Toda e qualquer aposta você tem mais probabilidade do azar do que de sorte, romanticamente falando; e quando você está na prática da manipulação você retira aquele "percentual de sorte" que um outro apostador teria caso apostador num resultado diferente.


Reitero que os jogadores devam ser punidos; por mais que estivessem numa intenção inofensiva de fazer um capital rápido; eles tem que entender o significado de ética, principalmente no âmbito esportivo mas que leve isso para a vida já que a vida útil de um atleta é curto e há uma vida pela frente.


Devemos educar nossos atletas a não seguirem caminhos tortos, por mais que sejam atraentes a curto prazo.


E devemos também debater esse envolvimento cada vez mais profano dos sites de apostas com os clubes. Se isso não for investigado e resolvido logo, chegará nas mãos da FIFA e talvez os danos disso não serão confortáveis, não temos mais João Havelange para colocar a sujeira para debaixo do tapete.


Sigamos os próximos capítulos.




sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

A ESQUERDA NÃO SE ELEGE SOZINHA! (Por Tico Santa Cruz)

A esquerda Brasileira parece que entrou na Caverna do Dragão e não entendeu que está caminhando em círculos e vou te provar que SOZINHA, ela não chegará em lugar nenhum. 


Primeiro: É preciso desfazer esse mito de que o Pobre tende a candidatos de esquerda. 

O Pobre tende a quem percebe que ele precisa colocar comida na mesa e oferece meios pra isso. O Governo Lula criou o Bolsa Família e conseguiu distribuir renda a muita gente que estava, inclusive passando fome, e isso fez com que se tornasse uma referência. Outros programas sociais foram importantes e ajudaram a fazer a pirâmide social se transformar, ainda que não como deveria. MASSSSSS... Lula só conseguiu fazer isso porque tinha partidos de CENTRO atuando com ele. Primeiro se alinhou com o PL e tinha seu VICE PRESIDENTE - José Alencar.  Depois Lula precisou do PMDB para Governar ao longo de seus 2 mandatos e ao lado deles e muitos outros aliados do CENTRO, fez um GOVERNO DE COALIZÃO. 

Sozinho JAMAIS teria chegado a presidência pelas mãos apenas da ESQUERDA. 


Segundo: O retrato do Brasil de hoje é MUITO DIFERENTE, do que foi entregue por Lula a Dilma, que por sua vez tinha seu VICE - MICHEL Temer (PMDB), que ficou quietinho no primeiro mandato, mas depois junto com outros partidos de CENTRO, acabou dando um Golpe, diante do cenário econômico e judicializado que permeava o Brasil! 

Repare, a ESQUERDA SOZINHA não foi capaz de evitar o impeachment. Antigos aliados inclusive votaram a favor da derrubada da Presidenta. O que comprova que, sem reforços fora de seu campo ideológico, não se elege e nem se protege uma cadeira no executivo. 


Hoje as igrejas neopentecostais fazem um trabalho muito mais eficiente entre os pobres que a esquerda que fica se matando nas redes sociais. Os Partidos perderam protagonismo, os Sindicatos não tem a mesma força e os movimentos sociais e estudantis, são importantes mas não dialogam tão bem com a população menos favorecida como dialogam os pastores. 

Isso já era verdade LÁ ATRÁS, quando Lula esteve próximo ao Bispo Macedo e Dilma colocou Crivella como Ministro. Outros pastores ou políticos da bancada evangélica já foram aliados importantes dos governos Petistas. 

Nome disso é POLÍTICA. 

E para chegar ao poder novamente o próximo presidente terá de dialogar muito bem com esses representantes e essa parcela cada vez maior da população. 


Terceiro: Após todo período em que a esquerda foi MACIÇAMENTE criminalizada, seja por conta dos escândalos ocorridos ao longo dos Governos Petistas, quanto por ações coordenadas por setores que desejavam o poder e já não aceitavam mais a CONCILIAÇÃO proposta pelo PT e se aproveitaram dos problemas na economia, mais a dificuldade de articulação política de Dilma, que não aceitou ( COM RAZÃO) se curvar as Manobras de EDUARDO CUNHA e outros representantes do mesmo CENTRO E DIREITA, acabou por se desenhar a tempestade PERFEITA, que sob a MENTIROSA alcunha de “luta contra a corrupção” ganhou as ruas e se tornou um movimento enorme abocanhado pela direita e posteriormente pela EXTREMA DIREITA, até desembocar em Bolsonaro em 2018. 


Alguém tem dúvida de que milhares de pobres votaram no Bolsonaro? 

Seja sob a crença de que ele seria a “nova política” ou pela ótica do representante que colocaria ORDEM no país, através de seus discursos inflamados e cheios de ódio, que atendiam a uma demanda relacionada a questão da segurança pública e também da narrativa de “combate à corrupção” que foi desenvolvida de forma a criar uma atmosfera insustentável de ódio ao PT e consequentemente a toda esquerda. 


Bolsonaro se elegeu pelo ódio ao PT. 

Todo mundo sabia disso, mas aparentemente o partido achou que seria capaz de superar o antipetismo. Moro colocou Lula na cadeia, na véspera das eleições e acabou dando de bandeja a narrativa perfeita para eleger quem hoje nos governa! 


Lula é santo? 

Certamente não! Mas sua prisão por conta de um Tríplex e toda a história kafkaniana que o jogou dentro da cadeia pelas mãos de Sérgio Moro, com certeza não formam elementos suficientes para o ajuste de contas com a história, que mais cedo ou mais tarde, virá à tona. O que não significa que em outros processos, venha a ser comprovado - Com provas - que o PT se envolveu em corrupção para sustentar tentáculos de GOVERNABILIDADE. 


Resumindo, o Povo passou a enxergar a esquerda como Corrupta e a direita - que GOVERNOU ATRAVÉS DE CORRUPÇÃO E até DITADURAS - esse país por 500 anos, como um caminho viável para a mudança. 

Não são poucas as pessoas que acham que são de Direita porque passaram a odiar o PT e “como o PT é de esquerda, logo sou de direita”. 

Escrevo isso sem medo de errar a narrativa, porque 90% das pessoas que se dizem “direita” não tem a menor ideia dos princípios liberais, “neoliberais”, no que tange as pautas e agendas econômicas, e se apegam aos preceitos “conservadores” no que diz respeito as pautas MORAIS. 


Diante desse cenário, a esquerda realmente acha que consegue eleger um presidente da câmara ou do Senado, que seja de esquerda? 

Na configuração imposta a esse congresso nas eleições de 2018? 


Se você respondeu que sim, lhe afirmo: estás DELIRANDO!!! 

Juntando todos os partidos de esquerda, não conseguem parar nem as pautas mais malditas que retiram os direitos dos trabalhadores. 

Em suma, hoje o jogo que se joga no Congresso ou nas urnas, deve ser PRAGMÁTICO, para que se consiga REDUÇÃO DE DANOS! 


O que isso significa? 

Que se você vir um deputado ou senador, dizendo que não vai se aliar ao Centro, para vencer o candidato escolhido por BOLSONARO, para disputar a presidência das casas, ele estará jogando apenas PARA A TORCIDA. Não está empenhado em evitar o Pior, porque SABE que é impossível uma chapa de esquerda vencer qualquer coisa no Congresso nacional sozinha. 


Dito tudo isso, quero expressar você que chegou até aqui que não há alternativa viável para vencer o candidato do Governo, se não através da chapa articulada por Rodrigo Maia. 

E ponto final pra esse assunto! 

Ou a esquerda se alia a ele para vencer Bolsonaro ou vai mais uma vez entregar de bandeja, por UM PURISMO CÍNICO, o poder a esse verme! 


Logo, amigos e amigas, comecem a entender que assim como nessas eleições para o comando do Congresso, como para as próximas eleições em 2022 - não existe a MENOR chance da esquerda chegar ao poder executivo se aliando apenas a partidos de esquerda! 

Se você acha o contrário, melhor revisar sua lógica ou então se desconectar da visão Romântica de DCE. 


Não vou nem entrar na questão do Antipetismo, para não magoar os colegas petistas! Porque esse é um assunto delicado e muita gente não está preparada para esse debate! 


A esquerda NUNCA teve tradição de eleger lideranças ao executivo do país, a não ser nos últimos 14 anos em que o PT esteve no poder e se aliando a quem se aliou! 

Perdeu a chance de fazer as reformas que tanto clamam hoje e jogou todo mundo no mesmo barco que estávamos em 2001 quando para vencer, Lula teve de se aliar ao CENTRO. 


Voltamos no tempo, só que agora com um agravante! Temos um Governo de EXTREMA DIREITA para derrotar e me recuso a ficar de papinho furado com “purista” num momento em que se exige mais pragmatismo que nunca! 


Faça a leitura correta do cenário que estamos vivendo e então você chegará a conclusão que comprova minha tese: A ESQUERDA NÃO SE ELEGE SOZINHA! 


Fim de papo!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Motivos que provam que Bolsonaro é um GENOCIDA (por Tico Santa Cruz)


- Subestimou a Pandemia 


- Incentivou Aglomerações 


- Investiu MILHÕES em medicamento ineficaz contra a doença.


- Desdenha do uso de máscara 


- Tirou especialistas em Saúde do Ministério de Saúde e colocou um General que não entende NADA da pasta no meio da PIOR pandemia da história recente da humanidade. 


- Não aceitou se reunir com setores que produzem insumos no combate à pandemia: Resultado - Não temo seringas e Algodão suficiente para imunizar toda a população quando a Vacina for autorizada. 


- Aparelhou a ANVISA com militares para atrasar os resultados das pesquisas que possam dar aval ao início da Vacinação.


- Politizou ideologicamente Vacinas que já mostram resultados positivos, adiando a intenção de compra e jogando o país em listas de espera. 


- Ironiza quem se contamina e chama de Maricas quem cobra proteção do Estado contra a pandemia. 


- Tenta destruir os programas de saúde mental do SUS. 


- Tenta destruir os programas de assistência que oferecem tratamentos para HIV, Hepatite e outras doenças. 


- Libera Agrotóxicos sem limites. 


- Faz vista grossa para o desmatamento, mineração e destruição dos Biomas Pantanal e Amazônia. 


- Incentiva armamento em massa da população zerando impostos para revólveres e pistolas. 


- Derrubou a portaria de controle de munições privilegiando criminosos que poderiam ser rastreados. 


Ou seja: Bolsonaro representa a MORTE.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Governo zera alíquota de armas (por Elika Takimoto)

A notícia de hoje é que a alíquota para importação de revólveres e pistolas foi zerada. Ou seja, o governo deixa de cobrar imposto sobre a importação de armas. 


Isso mesmo que você leu: Bolsonaro não faz nada para agilizar um plano de vacinação nacional, mas concede isenção total de impostos para a importação de revólveres. 


Segundo dados do Atlas da Violência 2019, homicídio entre jovens no país bate recorde em 10 anos. Era para estarmos pensando em políticas públicas voltadas nos territórios mais vulneráveis socioeconomicamente mas esse governo elabora medidas para contribuir com o aumento de homicídios que é a principal causa de mortes entre jovens brasileiros. 


Pode ser mais uma cortina de fumaça? Pode. Ainda mais quando vemos a patacoada Ministério da Saúde na condução da pandemia. 


Diante quase 180 mil mortos, nesta semana, Bolsonaro inaugurou uma exposição com trajes usados durante a posse em 2019.  Vale lembrar que há uns meses atrás, Bolsonaro reduziu o IPI de videogames. Ou seja, mais armas e mais videogames para a população. Em um país em que as perspectivas de desemprego e pobreza estão assustadoras para 2021, era tudo o que não precisávamos.


Fico só imaginando se fosse a Dilma fazendo isso. Por muito menos, vi uma galera se esperneando na internet chamando a presidenta de incompetente quando a mesma saudou a mandioca e disse que ia estocar vento sabendo muito bem o que estava dizendo. O problema estava em quem já alimentava o ódio ao Partido que mais fez políticas públicas de inclusão nessa história. Sobre a “estocagem de vento”, na ocasião, fiz um texto, mostrando o quanto a fala da Dilma teve total sentido e o quanto ela foi feliz na metáfora. Sobre o principal alimento das populações indígenas brasileiras e o fato da Dilma estar falando em uma cerimônia dos Jogos Indígenas eu nem vou falar nada porque também já falei muito. 


Sei que quem fez escândalo na época chamando Dilma de tudo que é nome segue em silêncio diante de um presidente genocida, homofóbico, misógino, racista, machista, negacionista e que despreza a educação e qualquer instituição de pesquisa. Para ser imbecil, Bolsonaro precisa melhorar muito. Faltam adjetivos para expressar a personalidade desse monstro.


O Brasil registrou o maior aumento percentual de novos casos de coronavírus nesta semana e estamos entre os cinco países mais atingidos pela doença. Hoje, ele fez mais uma fala homofóbica gargalhando das pessoas que pegaram covid.


Queria finalizar esse texto com uma notícia que li hoje e me fez suspirar:


"Governo sanciona lei que isenta editoras, livrarias e distribuidoras de livros dos impostos PIS/Pasep e Cofins. Com isso, o governo espera reduzir o preço das obras literárias em 10% nos próximos quatro anos e atrair investimentos no setor." 


Notícia de 2004.  


Governo PT para não deixar dúvidas.

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

A pergunta “Quem mandou matar Marielle?” irrita os bolsonaristas (por Elika Takimoto)

A pergunta “Quem mandou matar Marielle?” irrita os bolsonaristas. 

Por que será? 

Para muitas pessoas, o caso virou o símbolo do poder do crime organizado no Rio de Janeiro porque a execução de Marielle escancarou a ousadia dos milicianos.


Algumas coisas que já sabemos:


1- O policial reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz, acusados de envolvimento com milícia, estão presos. Lessa foi quem atirou, Élcio era quem dirigia. Nenhum dos dois ainda foi julgado. Por que a demora? Não sabemos.


2- Lessa foi preso no mesmo condomínio carioca em que o Bolsonaro e seu filho Carlos possuem imóveis.


3- Lessa foi indiciado por tráfico internacional de armas.


4- O porteiro do condomínio de Bolsonaro e Lessa apontou que na noite da execução de Marielle, Bolsonaro autorizou a entrada Élcio de Queiroz, o motorista.


5-  A versão do porteiro foi considerada falsa, já que Bolsonaro estava em Brasília naquela noite. O porteiro voltou atrás. No entanto, esse quiprocó com o porteiro provocou a queda de uma das promotoras do caso após imagens das suas redes sociais mostrarem que ela fez campanha para Bolsonaro em 2018.


6- Desde o dia da morte de Marielle, o clã Bolsonaro despreza, debocha ou minimiza a importância do crime.


7 - Temos quatro presos, um deles, um cara que atirou as armas no mar.


8- Há  uma linha de investigação que aponta que o assassinato de Marielle foi para vingar Freixo que tinha se mobilizado contras as milícias do Rio.


9- Dois milicianos se filiaram ao PSOL em 2016, logo após Marielle Franco ser eleita vereadora no Rio de Janeiro, diz uma reportagem publicada hoje pela revista "Veja", que teve acesso a novos detalhes da investigação.


10 - Quem executou Marielle era vizinho de Bolsonaro. Isso não quer dizer nada mas o clã Bolsonaro tinha relações com outro suspeito: o ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega. 


11-  A família de Adriano participava do esquema de desvio de dinheiro público de Flávio Bolsonaro.


12 - Adriano da Nóbrega foi assassinado num cerco policial na Bahia em fevereiro, quando estava foragido. 


13- Um dos milicianos que se filiou ao PSOL em 2016 é Laerte Silva de Lima, homem de confiança do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, apontado pelo MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) e pela Polícia Federal como chefe do Escritório do Crime.


14 - O assassinato de Marielle e as rachadinhas de Flávio Bolsonaro são dois casos estão apresentando conexões nas investigações.


15 - A ex-mulher de Adriano era assessora de Flávio Bolsonaro.  A ex-mulher de Adriano e Queiroz trocaram muitas mensagens que parecem ter algo a ver com o assassinato de Marielle. As mensagens estão sendo investigadas.


16- A desembargadora que ofendeu Marielle, dias após ela ter sido assassinada, vai julgar Flávio Bolsonaro no TJ-RJ.


17- Pedro Abramovay, o diretor da Open Society para a América Latina,  destacou em uma videoconferência as ligações de grupos de milicanos suspeitos de matar Marielle - e de ameaçar agora Talíria Petrone -  com Bolsonaro e sua família. “O Palácio do Planalto está ocupado por pessoas com vínculos estreitos com grupos paramilitares.”


18 - Pouca coisa relevante emergiu oficialmente das investigações desde que foram presos os dois primeiros suspeitos.


19 - O MP descobriu que Eduardo Siqueira, morador da Muzema, favela dominada pela milícia, clonou um veículo do mesmo modelo daquele que foi usado no assasinato de Marielle.


20- E a rotatividade dos delegados? Já são três. Depois da prisão de Lessa e Élcio, o primeiro delegado, deixou o caso. Depois de mudanças no comando do governo do Rio, o segundo delegado foi substituído.


Isso é um pequeno resumo de tudo que já está publicado nos mais diversos jornais. Sabemos que as investigações foram marcadas por tentativas de obstrução. Bolsonaro, por exemplo, admitiu que retirou Ricardo Saadi da superintendência da PF do Rio de Janeiro e reclamou publicamente que a Polícia Federal teve mais preocupação em solucionar o caso de Marielle do que em investigar a sua facada.


Mil dias sem respostas e tendo que aturar toda essa patifaria. A demora nas investigações soa como um escárnio.



segunda-feira, 14 de setembro de 2020

89 mil da discórdia (por Francisco da Zanzibar Y Zanzibar Hernandez)

Energúmenos e Vassalos,


Enfim vou revelar o real motivo dos 89 mil reais na conta da excelentíçimá (sic) primeira dam-a.


O etérnô capitaum estava em seu milionézimu-segundo mandato de dePUTAdo phederau e tinha feito alguns acôrduns (sic) financeiros com seus açêssôures (sic) parlamentares; e ele precisava movimentar uma certa quantia em dinheiro, em espécie.


O seu assessor-PêÊmê-miliciano Fabrícium Kêirós propôs usar uma pessoa para ser um Laranja-Terceirizado, aquele que vai receber a quantia em espécie, contar o valor total e fazer o depósito numa agência bancária específica, que não possua câmeras internas de segurança.


O filho “zero-alpha” do capitaum fez uma lista de possíveis Laranjas-Terceirizados; dentre eles: euzinho próprio, o médico-larápio Sérgiu Cortês, a estelionatária do IÊneÉssêÉssê Georgina Freitas e o ex-governador do RJ Môreyrá Francu.


Todos, a exceto de minha pessoa; negaram a proposta por acharem o valor exceçivámenti (sic) baixo para os padrões deles. Eu aceitei, mas com algumas ezigênssias (sic).


Em contra/partida, o capitaum deveria fazer uma palestra no lugar chamado “Buraco da Surucucu”, localizado na região mais boêmia do RJ. Tive que inventar uma minúscula mentira dizendo que a Luciana Giménez e o Agnaldo Timóteo estariam por lá, daí ele se animou e preparou a apresentação.


Mal sabia ele o que estaria por vir...

...abalou Piauí, Suruí e Barra do Piraí.


Arrumei uma arapuca com o meu subrinhu (sic) de Olaria, o Jonas. Assim que o presidente-capitaum entrasse no seu camarim, Jonas daria uma gravata juntamente com uma borrifada de éter em seus kórnus (sic). O presidente-capitaum desmaiou feito uma fraquejada, daí entrou em ação Astolfo, meu maquiador desde os tempos de Têvê Tupi; fez um bate e pronto na maquilagem.


O presidente-capitaum estava esplêndida, tão esplêndida quanto Damares na menopausa. Sua maquiagem estava digna de Cher tomando laxante depois de um acarajé.


Assim que o presidente-capitaum acordou, um pouco atordoado, pegou seus pertences e partiu para o seu discurso neo-fascista-pentecostal-du bêim.


Chegando ao palco, foste hostilizado civicamente pelo público local, composto em sua ampla maioria pela comunidade LGBTQIA+. O presidente-capitaum arregalou os olhos e foi tentando sair “a lá francesa”, em vão.


O DJ se apressou e colocou no ambiente “Rosas de Hiroshima” cantado por Ney Matogrosso, enquanto o público foi tacando ovos em cima do presidente-capitaum e seus soldados de escolta. Só depois de eternos 30 minutos ele conseguiu sair do local depois que o filho “zero-alpha” deu um tiro de pistola para o alto.


No dia seguinte foi feito uma transmissão ao vivo via Fêicebuk (sic) onde o presidente-capitaum desmentiu todas as ocorrências.


Beijos na bunda das viadas do Congréçius. No cú, pardal!

sábado, 29 de agosto de 2020

SÁporra Conservadora (por Francisco da Zanzibar Y Zanzibar Hernandez)

Energúmenos e Vassalos,


Estava in ká (sic) em casa com minha fiel, amada e cumpanheirá (sic) Esmeralda e meu nobre mordomo Onofre; quando tive uma ideia jêneal (sic): organizar uma festa surubística só com sidadaums du bêim (sic), pagadores de impostos e de tradissional phamilia (sic) conservadora brasileira.


Fiz uma pesquisa de campo e minha ispôusa (sic) e meu mordomo apontaram sugestões. Depois de boas doses de conhaque, concluímos a 3 nomes: 


1) a pastora neo-pentecostal Flor de Litío; esposa e ex-sogra do seu próprio filho ex-genro, dona de um inferninho em Rio Bonito e uma casa de swing em São Gonçalo, adotou metade das crianças de São João de Meriti e com sua popularidade conseguiu se eleger para a Câmara Phederau (sic).


2) o capitão da PêÊmê Adriano de Deus; comanda a milíssia na comunidade Leite de Pedra e de matadores de aluguel que atende todo o Brasil. Comanda uma cadeia de negócios que consiste em: venda de bujões de gás, agiotagem, tevê por assinatura e drogas. Amigo pessoal do presidênty-capitaum (sic), com essa popularidade conseguiu se eleger para a Câmara Phederau (sic).


3) o médium-astrólogo-ninfomaníaco João Luz; fundador do Lar Luz localizado no bairro de Jákárépágüá (sic). Possui um programa de rádio onde faz conselhos através do horóscopo. Promove grandes festas com muita orgia, suruba, ritual de magia negra e estupros. Guru das celebridades, principalmente do meio sertanejo. Amigo pessoal do filho “zero-mama/piroca”, com essa popularidade conseguiu se eleger para a Câmara Phederau (sic).


Com os nomes escolhidos, resolvemos fazer um jantar para prêstigiá-lôs (sic). Contratei o chéfy (sic) Eriquê Jácãin e preparou o seguinte menu: 


> Entrádá (sic): Caldo de Piranha com Nabo assado na manteiga.


> Pratu Principau (sic): Filé de Linguado com risoto de palmito e Aliche ao molho agridoce.


> Sôbrimêzá (sic): Charuto de Morango com Chantilly.


Recêpiciônei-ôs (sic) aos sons dos Éli-Pês (sic) de Amado Batista, Sérgio Reis e Bruno & Marrone, artistas venerados por eles. Ofereci cigarro Vila Rica pra ganhar vantagem e suco de óleo de fígado de bacalhau espumado.


Muitos brindes, risadas, cantorias, beijos de língua e dedadas no cool (sic), pedi 1 minuto de atenção a todos. Agradessi (sic) a presença e pedi humildemente o apoio a minha candidatura ao Çenadu Phederau (sic). 


Estou esperandu (sic) a resposta até hoje.


Beijos na bunda, viadinhus...



sexta-feira, 24 de julho de 2020

É porco na cama mané! (Por Francisco da Zanzibar Y Zanzibar Hernandez)

Energúmenos e Vassalos,

Venho aqui confidenciar algo inusitado que aconteceu em minha vida. Estava a cá eu, minha nobre companheira Esmeralda, meu mordomo Onofre e minha amiga Narcisa, a Tamborindeguy; bebendo garrafas e garrafas de Moët até o sol raiar; quando toca a merda do interfone....

...era um motoboy.

Onofre desceu até a portaria e recebeu uma carta juntamente com um filhote de porco. Sim, o animal porco. Onofre chegou ao apartamento atônito, sem entender a mensagem, cujo todos nós intendiamos de imediato.

A carta era um convite para inauguração de um mini bairro na zona western do Ridijanê, e que minha presença era primordial, um carro blindado me buscaria juntamente com minha companheira e mais alguém que eu quisesse. Pensei de imediato em Narcisa, por ser midiática.

A carta foi assinada pelo bicheiro-milícia-PêÊmê-Cidadão Paulinho, o Caralhada; a quem o conheci no camarote do governador há 2 anos atrás.

Nem me lembrava desse fato, mas esses tipos de convites não podemos negar, até porque não somos loucos.

Na carta dizia que eu deveria levar o pequeno porco pois essa seria a senha para entrar no evento. Sem o animal não conseguiria entrar.

Enfim o dia chegou. Um calor da porra, 40 graus de sol na toba, sem uma nuvem no céu pra contar a história, e partiria para o inferno da zona western. Era tão longe que mais fácil chegaria no Pará do que na zona western.

Abalou Bangú, Turiaçu e cobra Surucucú.

Chegamos no tal mini bairro, 2 seguranças me levaram para dentro da mansão Caralhada. Me colocaram um capô na minha cabeça, me despiram deixando-me nu, e me prenderam numa cama. Nessa hora pensei: vou morrê!

Roguei meus santos, orixás e até as bruxas. Não adiantaram. Passou um tempo sinto um algo escroto no meu rosto e alguém por cima de mim deitado ao contrário de mim.

Logo entendi que era a posição 69 com um homem por cima de mim. Era Paulinho, o Caralhada. Senti fezes no meu rosto e um tapão em meu ventre.

Ouvi uma gargalhada, de alguém que eu conhecia, mas estava bem atônito com a situação; por mais que gostasse, estava meio que anestesiado, não me prepararei para tal ocasião.

A gargalhada era do atual presidente-capitaum, junto com seu filho “zero-alfa” e o marechal Consuelo; todos degustando risole de cloroquina com tubaína.

Fui jogado num chuveiro de água fria e me mandaram pegar o sabão. Duas horas depois me colocaram na mala de um Chevette velho ano 83 e me deixaram num terreno baldio próximo da Avenida Brasil, altura do viaduto dos Cabritos.

Sem lenço, sem documento. Só um papel escrito 69 com a foto do pequeno porco.

69 é porco na cabeça. Daí entendi o fetiche do bicheiro. E percebi que estava em área de milícia, com a benção do presidente-capitaum e chancela das Forças Armadas.

Zona Western não é para amadores.

Beijo na bunda, mané!




segunda-feira, 29 de outubro de 2018

RESISTÊNCIA (Por Ernesto Xavier)

Hoje meu nome é Resistência.

Sinto por Zumbi, que foi perseguido e morto por resistir à escravidão. 

Sinto por Dandara, tão importante quanto ele, mas ignorada pela história oficial, já que era mulher e negra. 

Sinto por Herzog, torturado e morto na ditadura militar. 

Sinto pelos milhões de índios assassinados e tirados de suas terras desde Cabral.

Sinto por cada LGBT espancado, morto ou ofendido apenas por serem quem são. 

Sinto também pelos iludidos, pois estes sentem o medo daquilo que desconhecem e perderam (ou talvez nunca tiveram) a empatia por aqueles que não têm o privilégio de estarem na elite, na branquitude, na heteronormatividade, no corpo ideal e desejado ou apenas na ilusão de serem algo que não são, mesmo que sofrendo por serem minoria, mas ainda assim, não se reconhecendo. A sociedade reconhece, filho.

A bala sempre atinge o alvo. Não tem bala perdida na terra brasilis.

Hoje sou a resistência de um povo que foi sequestrado, açoitado, forçado ao trabalho sem remuneração, estuprado, jogado na rua e despido de qualquer cidadania. Aqui estamos ainda. Tentam nos eliminar, mas resistimos. Tentam nos ignorar, mas entramos nas universidades. Tentam nos apagar, mas ocupamos as câmaras estaduais e a Federal.

Essa seguirá sendo a nossa história.

A história de quem apanha, cai e levanta. A história dos que defendem a democracia mesmo quando ela já se mostra perdida.

O ato do voto é apenas uma pequena parte do exercício democrático. Talvez o único que permanece vivo. No entanto, sua existência talvez já não importe tanto, já que a escolha de um presidente foi feita pela disseminação da mentira e do medo.

Mas que inocência me faria acreditar que apenas isso elegeu alguém? Não. Quem votou sabe. Sabe que ele recebeu dinheiro da JBS, sabe que ele é homofóbico, sabe do racismo, xenofobia, do nepotismo, do enriquecimento ilícito. Sabem. Mas a escolha vai além disso. Vai pelo caminho do ódio.

Mas que ódio é esse? Eu convivia com quem queria o meu mal e nem sabia? Talvez.

Enquanto eu não ameaçava qualquer privilégio deles, eu tinha um lugar em suas vidas. Talvez para que estivessem confortáveis e se sentissem menos ou nada preconceituosos. "Eu até tenho um amigo negro", diziam. Quando eu consegui aquela vaga na Universidade que eles julgavam ser deles, eu virei inimigo. Quando a mulher disse que não aceitaria um relacionamento abusivo, ela virou ameaça.

Quando um gay disse que não voltaria para o armário, virou ameaça. Quando uma mulher negra disse que não voltaria pra senzala simbólica a que estavam encarceradas, viraram ameaça. Quando o pobre dividiu a poltrona do avião e voltou pra visitar os parentes, virou ameaça. Quando ficou "difícil" encontrar empregada doméstica, viraram ameaça.

Assim como um golpe militar travestido de republicano foi a solução de uma elite escravocrata para frear a liberdade negra um ano após a abolição, agora tentam frear a ascensão progressista e suas múltiplas identidades que rogam por um espaço ao sol. Querem o direito de existir. Isso é democracia. É o exercício pleno da cidadania por todos os habitantes. É ter seu direito à educação de qualidade garantido. É ter direito a comer. Básico. Direito à moradia. Básico. Não é a esmola ao transeunte que vai resolver a consciência frágil de uma classe média que se vê como elite. Essa classe média que sustentou a eleição de um candidato notoriamente preconceituoso é o representante de seus anseios.

É a classe média que aplaude um jovem preso acorrentado ao poste. É a classe média que bate panela mesmo sem ter passado fome. É a classe média que fecha os olhos para o genocídio da juventude negra. É a classe média que incentiva e se orgulha da desigualdade. É a classe média que bate continência para uma polícia que mata e morre. Pretos e pobres que matam outros tão pretos e tão pobres quanto ela. É a classe média que coloca seu Iphone acima da vida. É a classe média que apoiou a ditadura e só se deu conta do que tinha feito quando seus filhos morreram nos porões do DOI-CODI. É a classe média brasileira que não quer deixar de tirar selfie com o Mickey, mas se diz patriota.

Um patriotismo de araque. Um patriotismo fascista e hipócrita. Quem ama seu país de verdade não pensa que o caminho para um compatriota, mesmo que diferente dele, seja o exílio.

Eu fui traído por aqueles que achei um dia serem meus amigos. Ganhei outros tantos na caminhada de luta e resiliência.

Hoje sou a resistência de um povo.

Hoje sou um pouco de todos que ainda acreditam no amor como forma de defender a vida. O amor não afaga apenas. Amor também é duro para dizer o que for necessário. Amor também tem cobrança. Amor também tem deveres e direitos. Por isso irei amar com todas as forças. Amarei meus companheiros de jornada para que possamos resistir. Amarei meu adversários, para que eu possa mostrar-lhes que nesse jogo político, onde a minha integridade física está ameaçada, a mão deles que diz afagar, está coberta de sangue, mas que ainda é possível limpar.

Estou triste, mas de pé.

Ninguém irá matar meus sonhos. O que trago em mim é inatingível.

Ass. Resistência


Ernesto Xavier é ator, jornalista e escritor. Autor do livro "Senti na pele".















sábado, 27 de outubro de 2018

O PT acabou com o Brasil (Por Caio Barbosa)

Nasci no meio da ditadura militar. Família de classe média. Nasci numa casa que não posso reclamar, em Corrêas, Petrópolis, construída ao longo de 20 anos pelos meus pais. O primeiro tijolo foi colocado em 1974. O último, em 1994, quando eu já estava saindo de casa para tentar ganhar o mundo como um projeto de cientista social e, posteriormente, jornalista. Minha mãe, Edyla, é professora aposentada da rede pública. Mais de 40 anos de sala de aula, mais da metade deles no principal colégio da cidade. Professora conceituada, filha de um comerciante, o Barbosão, e da Vó Zizi, que morreu antes de eu nascer. Era também muito conceituada na cidade. Sua "profissão" era fazer o bem através de religiões de matriz africana. Tinham uma vida sem luxo, mas confortável.

Meu pai, Zé Carlos, o Barriga, ou Frias, também é professor aposentado da rede pública. De filosofia, história, sociologia e matemática. Cara burro à beça. Mas não era lá um grande professor como minha mãe. É muito conhecido na cidade por ser advogado criminalista. De família bem mais simples. Trabalhava de dia e estudava de noite, comia marmita que vinha esquentando sobre o motor do ônibus, de Pedro do Rio, longínquo distrito de Petrópolis onde nasceu, até o Centro. Vô Zé, seu pai, foi o policial rodoviário número 007 do país. Fazia a escolta de Getúlio. Minha vó, Olga, também era dona de casa.

Dessa zorra aí nasci eu, filho caçula. Tenho uma irmã dez anos mais velha, a Bianca, e um irmão sete anos mais velho, Frederico, o Orelha. Eu sou o Cabeça. Como vocês podem ver, classe média. Mas antes do PT, em quem lá em casa nunca ninguém votou, à exceção da minha irmã, na adolescência, meus pais (classe média) nunca haviam ido à Europa, por exemplo, algo que a classe média, hoje, pós-PT, faz todo ano. Mais de uma vez.

Também nunca tiveram carro zero. Aliás, nem carro novo. Era Passat velho, e a gente andava com garrafões d'água entre as pernas porque o radiador dava problemas e "fervia". Carro zero era coisa de gente muito rica. Algo impensável. Hoje, pós-governo PT, tem muita gente de carro MUITO MELHOR do que meus pais tinham, muita gente de carro zero. Tá difícil de pagar a gasolina depois do golpe do Temer, eu sei. Mas na ditadura, meu amigos, era pica. A gente ficava vendo o Jornal Nacional na quinta-feira para ver o anuncio do aumento da gasolina, que rolava à meia-noite. Tinha que correr para o posto, que fechava às 22h, porque se enchesse o tanque no dia seguinte, perderia, no dinheiro de hoje, meio salário mínimo. Em questão de duas horas.

A gente era de classe média. Mas na ditadura tinha dificuldade de comer carne. Não por falta de dinheiro, mas porque faltava no mercado. Hoje, pós-PT, a gente come carne todo dia. E mais de 40 milhões de brasileiros, que nunca haviam comido carne, passaram a comer. Gente que morria de fome passou a não morrer. Uma revolução reconhecida pelo mundo.

Na minha infância, durante a ditadura, o pão francês era caro, o que obrigava a minha mãe a fazer pão de batata, um negócio horroroso. Hoje a gente come pão francês todo dia. E tem pão de tudo o que é tipo na padaria.

Na ditadura, mesmo sendo de classe média, meu pai bebia cerveja barata (Brahma) e cachaça barata (Velho Barreiro). São as que mais gosto até hoje. Vinho era de garrafão, que dava uma dor de cabeça de três dias. Whisky era coisa de muito rico. Quando rolava de esbanjar alguma coisa, meu pai comprava um Teachers. Hoje ele tem sempre um Red Label a tiracolo, ou um vinho português.

Saí de Petrópolis e fui estudar em Niterói, na UFF. Governo FHC. Na Faculdade de Comunicação Social, por exemplo, não havia negros. Só o Ricardo Jácomo. Os outros, na faxina. Em Ciências Sociais, que também cursei, até tinha, mas quase todos africanos, que vinham estudar aqui. Negro brasileiro, só na faxina. Agora tem na sala de aula.

Antes do PT, eu viajei o Brasil INTEIRO de ônibus, de caminhão, de lombo de jegue para ver o Fluminense jogar. Depois do PT, eu passei a viajar de avião. Tudo bem que o Emiliano Tolivia paga no cartão e eu vou pagando aos poucos. Mas de avião. Aqui no Rio, tinha que pular a roleta de ônibus, ou ir em cima dele, para ver o Flu jogar. Agora vou até de táxi (no aplicativo).

Eu nunca gostei do PT, reconheço e lamento todos os escândalos do governo PT. Mano Brown deu o papo. Mas amanhã vou votar. Porque se alguém disser que o PT acabou com o Brasil, ou este alguém está com problema de memória, se tiver a minha idade ou mais, ou é desinformado, se for mais jovem, ou é mau caráter. 

Outra opção não há.

P.s: só para encerrar. Quando te disserem que o PT acabou com a Petrobras, ria. A Petrobras segue firme e forte, apesar de tudo o que aconteceu no governo PT, que em resumo foi lotear a Petrobras para o PP, partido do Bolsonaro. Foi o PP do Bolsonaro, no governo PT, que saqueou a Petrobras. O Lula sabia? Não sei. É possível. Mas o Bolsonaro também devia saber, pois era o partido dele, por onde ele foi o deputado mais votado.

O Lula está preso por um apartamento no cu de São Paulo sem nenhum documento comprobatório. O Bolsonaro está solto mesmo tendo, comprovadamente, 13, de luxo, na Zona Sul do Rio. Com registro e tudo. Só não se tem registro de onde saiu o dinheiro para ele comprar isso tudo. De onde será?

Caio Barbosa é jornalista. 

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

A eleição da Desidratação (Por Thiago Muniz)

As eleições de 2018 mostram que a sociedade resolveu arregaçar as mangas, independente do rumo que o Brasil tomará a partir de 2019, a questão é que muitos caciques, principalmente os que estão ligados diretos e indiretamente com corrupção, foram castigados nas urnas.

Eles foram castigados impiedosamente. Perderam força regional e o ímpeto de reação.

Essa força nas urnas foi graças a um discurso contra a corrupção; o que soa como um extremismo reacionário hipócrita e mesmo assim uma parcela da sociedade comprou a ideia e se cegaram, o que chega a ser um perigo e maléfico.

Por um lado, esse extremismo fez com que as urnas elegessem candidatos inéditos e exóticos nas Assembléias Legislativas e para o Congresso Nacional. Por outro lado, o extremismo desacerbado com a cegueira fundamentalista faz com que boa parte deste eleitorado perca o bom senso, a capacidade de argumentar e eleva o seu nível de violência, principalmente na base da agressão física.

A desidratação política fará com que esses caciques se reinventem ou até desistam da carreira política.

Uma constatação; o resultado desta eleição afirma uma verdade muito clara: a doutrinação jamais ocorreu nas escolas, ocorre nas igrejas.

Como disse Darcy Ribeiro: "O Brasil, último país a acabar com a escravidão tem um perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso."

Enfim, muita água para rolar na política, muita discussão e intolerância está por vir, vide a característica destes neo-políticos. Agora a suástica nazista virou um dogma.

Muitas trevas e sangue estão por vir.

Onde será o reveillon de 2018 para 1964?










Thiago Muniz é colunista do blog "O Contemporâneo", dos sites Panorama TricolorEliane de Lacerda Mundial News FM.


sábado, 29 de setembro de 2018

Ele Não (Por Thiago Muniz)

"Uma cidade refém do crime não pode votar em quem está envolvido com o crime." (Caio Barbosa)

Com quantas "fraquejadas" se faz uma revolução?

Quando as mulheres colocam alguma coisa na cabeça, não tem quem mude. As mulheres assumem maior protagonismo nas mobilizações políticas do país. As mulheres sabem que, para que tenham direito à vida com dignidade, ele não pode ser eleito.

Afinal, o deputado de extrema-direita se diz abertamente contra os Direitos Humanos e já proferiu diversas declarações de cunho antidemocrático, algumas delas transformadas em promessas de campanha inconstitucionais.

O deputado de extrema-direita cresceu politicamente com um discurso populista autoritário que instrumentaliza o medo e o ódio, abusando da disseminação de informações falsas de viés sensacionalista; se utiliza frequentemente da sua garantia de imunidade parlamentar para fazer menções elogiosas, ou no mínimo questionáveis à crimes como o estupro, lesão corporal, homicídio, sonegação de impostos, tortura, além das rotineiras ofensas e ataques a mulheres, pessoas negras, LGBTIs, quilombolas, indígenas e imigrantes.

O deputado de extrema-direita defende a existência de duas categorias de pessoas, os “cidadãos de bem” e os “bandidos” (às vezes chamados de comunistas, petistas, esquerdistas, maconheiros, vagabundos…) prometendo aos primeiros proteção e privilégios e, aos segundos, a prisão e a morte – de modo que o candidato não é nem tão patriota, honesto ou cristão como gosta de se afirmar, não sendo exagero chamá-lo de fascista.

Não se trata, portanto, de um ataque à pessoa do deputado de extrema-direita, mas sim da aversão ao que ele representa: um projeto de país injusto, excludente, antidemocrático e genocida.

Violência gera violência. Seja ela incitada em discursos, em ideologias, em apologias, seja em agressões físicas ou "verbais, direta ou indiretamente. Toda ação gera uma reação. Não se pode esperar paz quando se incita o caos. Não se pode esperar carinho quando se pratica o ódio. Uma péssima forma de fazer política: foram diversas as vezes em que, ao invés de oferecer uma proposta para enfrentar os problemas sociais, o deputado de extrema-direita e seus aliados destilaram ódio e discriminação contra mulheres, negros e homossexuais.

O que queremos é que o Brasil volte a crescer e a proporcionar qualidade de vida para seu povo, nós, trabalhadores e trabalhadoras!

Gente que tem nojo de povo, de gente, do brasileiro. São a escória deste país. A escória humana.

Ele não.








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Thiago Muniz é colunista do blog "O Contemporâneo", dos sites Panorama TricolorEliane de Lacerda Mundial News FM.


domingo, 2 de setembro de 2018

O último a sair apaga a luz: Museu Nacional (Por Thiago Muniz)

Como deixaram acabar com o Museu Nacional? 200 anos de pura história virando guimba.

O sentimento é de INÉRCIA. Profunda TRISTEZA. Muita REVOLTA com o descaso a nossa história. HORROR com o caos predominante. O DESCASO era notório.

Tristeza profunda com o incêndio do Museu Nacional. Passei minha infância tendo a Quinta da Boa Vista como o espaço mais agradável dos meus passeios. Tudo fica na memória. Lamentável o descaso dos governos. Incalculável a perda. A falta de investimento em cultura e no patrimônio público tem consequências dramáticas.

Um dos dias mais tristes da minha vida. Um acervo inteiro repleto de peças históricas, obras de arte, pesquisas, fontes e documentação viraram cinzas. O zelo pela memória é um ato político. Vocês estão vendo em forma de tragédia anunciada a importância de um voto. O governo ignorou centenas de vezes o apelo dos funcionários do museu por uma restauração, o governo reduziu drasticamente o orçamento destinado a cultura. Não podemos “deixar a história para lá”, aprendam. Não é difícil.

Há muitas décadas esse museu vinha agonizando, mas exceto os historiadores, arqueólogos, biólogos e outros profissionais que sabiam da importância deste espaço, quase ninguém se importou. Alguns até davam gargalhadas e do alto da respectiva estupidez reacionária, proferiram em alto e bom som que se dependesse deles, acabariam com este e todos os outros museus. "Cultura e história não dão camisa a ninguém!" Diziam eles.

Podem comemorar corruptos e reacionários. Os desejos de vocês estão sendo atendidos. Agora, estou aguardando e deduzindo o arsenal de hipocrisia e demagogia que será despejado por muitos candidatos diante do que ocorreu. Se valesse prêmio adivinhar o que vão dizer, garanto que ficaria rico.

Vão fingir lamentações, prometer recursos para a cultura e blá blá blá. O fato é que um dos mais importantes aparelhos de cultura do país se foi. O resto é questão de tempo. O incêndio que destrói o Museu Nacional neste momento, na Quinta da Boa Vista, simboliza os tempos obscuros que vivemos no Brasil e o fim da Ciência promovido pelos canalhas golpistas. Parabéns a quem apoiou a destruição do país.

Isso era uma tragédia anunciada. Não importa agora questionarmos se foi criminoso ou mera fatalidade. O que importa agora é termos a noção que um dos acervos históricos do nosso país se foi, da mesma maneira que estão definhando com a nação.

Aos que não sabem, o Museu Nacional em termos de acervo era o quinto maior museu do mundo...

Não sei o que virá de pior, tempos sombrios.

Sem palavras...

" O Museu Nacional arde em chamas agora. A mais antiga instituição cientifica do país e guarda em seu acervo mais de 20 milhões de itens. Idealizado por D. João VI, o museu que ocupa um prédio histórico, o palácio de São Cristóvão, completou 200 anos em junho deste ano. Logo que foi criado, serviu para atender aos interesses de promoção do progresso cultural e econômico do país. Ele guardava muitas preciosidades como o mais antigo fóssil humano já encontrado no país, batizada de "Luzia", que fazia parte da coleção de Antropologia Biológica. Para vocês terem uma noção da importância histórica, o Museu Nacional foi palco para a primeira Assembleia Constituinte da República no final do século dezenove que marcou o fim do império no Brasil. Esse incêndio não pode ser considerado um acidente. Recentemente visitei o Museu e fique assustada de como ele estava abandonado. Isso é fruto de mais um descaso de nossos governos com a cultura e a educação. Muitos não sabem, mas ele está há pelo menos três anos funcionando com orçamento reduzido. Chegaram a anunciar, pasmem, uma "vaquinha virtual" para arrecadar recursos junto ao público para reabrir a sala dos dinossauros. A meta era chegar a R$ 100 mil reais. Não é um prédio pegando fogo que estamos vendo. É a nossa história sendo apagada. Dor. Só dor aqui.
(Elika Takimoto)

" Não precisamos de educação, cultura, história, não, não precisamos de absolutamente nada disso. Só precisamos de grandes líderes neoliberais, inflação de dois dígitos, mercado totalmente livre, nenhuma lei de proteção ao trabalho, ao trabalhador, não, não precisamos de nada disso, é tudo besteira, afinal pra quê história, aquela coisa mofada, múmias, roupas e estátuas envelhecidas, pra quê.Não precisamos de professores de história, então pra que alunos, não, nada disso importa, importa sim, reduzir toda a verba ou orçamento da cultura, todos os benefícios, importa sim libertarmos o mercado, afinal ele se ajusta naturalmente, pra quê levar nossos filhos ao museu? Pra ver índio pelado, negro açoitado, coisa de velho. Precisamos sim de queimar todos os livros, todos os projetos educacionais, precisamos de armas, muitas armas, muita munição, muito sangue, afinal é isso que o povo brasileiro está pedindo, é isso que estamos produzindo. Deixa o museu queimar né, deixa os falsos profetas tomarem o poder, deixa a privatização se preocupar com seus lucros. Aos 59 anos digo com tristeza, nós, todos nós merecemos tudo o que temos de ruim aqui nesse país pq batemos Palmas pra maluco dançar e apoiamos projetos de destruição, infelizmente. Não, não há espaço pra revolta, revolta sem termos feito absolutamente nada? Não, não temos esse direito, se fizermos uma pesquisa rápida aqui, quantos de nós fomos a um museu esse ano, quantos de nós lemos um livro, assistimos uma exposição de arte qualquer, fomos a um show de um artista da nova geração e desconhecido, sim, aquele fora da fama da TV, ficaríamos envergonhados com o resultado dos números. Nelson Rodrigues, sempre ele, dizia, "O mineiro só é solidário no câncer", confesso que nunca entendi muito bem, porém quando assisto comoção depois do caldo entornado, da vaca ir pro brejo e do leite derramado, posso entender um pouquinho. Não somos nada solidários, somos individualistas egoísticamente falando, somos duros com os pobres, os famintos nas ruas, mas arriamos às calças pro rico e bem nascido, não somos um povo "legalzinho" e muito menos "bonzinho", somos cruéis, queremos ver corpos e sangue derramados, mas não queremos que sejam os dos nossos filhos, queremos os dos filhos do outro, do desconhecido, jamais seremos uma nação, continuaremos sendo um bando de ajuntados por conta da colonização, e não me venham dizer que a culpa é de Portugal, reconheço toda a capacidade dos patrícios, afinal, não fossem eles não teríamos esse gigante chamado Brasil. Ahhh tá pegando fogo, foi destruído o acervo da história do nosso país e da humanidade ajuntado por Pedro, João? Ainda tem muito mais pra pegar fogo e ser destruído, lá na Dom Hélder Câmara tem um, a última sede de fazenda cafeeira do Rio de Janeiro, pertinho do Norte shopping, ah o shopping nós conhecemos né, sim, lá tem a remanescente da Fazenda Capão do Bispo, procure saber, temos ainda muito mais, aliás o Rio de Janeiro é repleto de museus, bibliotecas, patrimônios da nação que não são visitados e muito menos valorizados, ah que pena que nós não tivemos tempo de conhecer né, ah sim, tem o Louvre, podemos ir até lá e aproveitamos para fazer uma selfie na Torre Eiffel.
(Silvio Almeida)

" As chamas que destruíram o Museu Nacional já têm ardido em todo o país. São os trabalhadores tratados como lixo por seus patrões, humilhados e postos para correr. Os pobres humilhados diariamente na entrada e saída de favelas pelo poder público. Os doentes amontoados nos hospitais. As balas assassinas que matam inocentes e policiais, mortos por armas traficadas por outros policiais. O Brasil incendiado pelo ódio primitivo dos verdadeiros homens das cavernas, loucos para que morram 150 milhões de brasileiros, mas sem coragem para admitir publicamente - por isso odeiam as políticas sociais mas não possuem propostas para o caos brasileiro, simplesmente porque não têm hombridade para dizer o que pensam. Ratos passando por cima de crianças, gente dormindo em esgotos, gente morrendo de fome. Armas para todos, nas quatro patas. Cem milhões de mortos-vivos, enquanto os grandes salões corporativos comemoram vitórias às custas de ruínas. Diante deste cenário macabro, quem chora o Museu são os poucos, são os bons, são os que sabem o tamanho da tragédia. Vai ter gente dizendo que o Museu Nacional não faz falta, porque tem Jornal Nacional todo dia. "
(Paulo-Roberto Andel)






























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Thiago Muniz é colunista do blog "O Contemporâneo", dos sites Panorama TricolorEliane de Lacerda Mundial News FM.



terça-feira, 28 de agosto de 2018

Elika Takimoto para oxigenar a ALERJ (Por Thiago Muniz)

Prova viva, cabal e baixinha de que números e letras não precisam viver em conflito cisjordânico permanente: todos podemos ler, todos podemos escrever, todos podemos calcular.” (Paulo-Roberto Andel)

O Brasil que eu quero é Transparência, Senso de Justiça e Ética como atributos primordiais aos nossos políticos. Ainda dá tempo? Mas é claro que dá, e venho aqui apresentar a minha (e será a SUA!) candidata a deputada estadual pelo Rio de Janeiro: ELIKA TAKIMOTO.

Doutora em Filosofia pela UERJ. Mestre em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia pela UFRJ. Graduada em Física pela UFRJ, Professora e Coordenadora de Física do CEFET/RJ. Integrante do grupo de pesquisa Estudos Sociais e Conceituais de Ciência, Sociedade e Tecnologia. Elika é vencedora do Prêmio Saraiva Literatura, categoria: crônicas.

Autora de mais de dez livros, dentre eles:
  • História da física na sala de aula;
  • Minha vida é um blog aberto;
  • Como enlouquecer seu professor de física;
  • Filhosofia;
  • Beleza suburbana;
  • Tenso, logo escrito; 
  • Isaac no mundo das partículas.

Tenho uma grande admiração pela Elika. Conheço há pelo menos 15 anos, acompanhei de perto a sua ascendência profissional como professora, os seus textos enigmáticos sobre milhares de assuntos, a maneira irreverente como cuida de seus filhos e sua vida pessoal. Recebeu um desaconselho do presidente Lula sobre entrar na política, e de quebra, se filiou ao partido e amadureceu a ideia de se candidatar.

E tinhosa e focada como é, se candidatou e ganhou muita força. És a minha candidata.

Gostou? Se identificou? Quer colaborar? Acesse o LINK da campanha de financiamento coletivo. Lá você será contemplado(a) com o vídeo explicativo da Elika sobre a importância do financiamento.

Você não se arrependerá!













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Thiago Muniz é colunista do blog "O Contemporâneo", dos sites Panorama TricolorEliane de Lacerda Mundial News FM.


segunda-feira, 14 de maio de 2018

14 de Maio (Por Ernesto Xavier)

Eu sempre me pego pensando naquele 14 de maio. Faço um projeção do que deve ter se passado na vida de milhões de negros que foram escravizados por toda a vida e que agora estavam "livres". Sim, tão perigoso quanto o sequestro, encarceramento e trabalho forçado, foi a libertação nos moldes que encontramos no Brasil.

Calma. Não se precipite. Não estou dizendo que deveríamos permanecer escravizados. Claro que não.

Mas já pararam para pensar em como isso se deu?

O sistema já estava falido. A lei Áurea não foi uma novidade.

Ela era a consolidação da derrota escravocrata. Já tínhamos negros libertos. Os que sobreviviam, claro. A média de vida de um negro na lavoura era de 7 anos. Muitos começavam ainda crianças. Morriam cedo. As condições eram degradantes. A sociedade compactuava com tudo. A Igreja também. As leis, ou seja, o judiciário, também. O governo também. As "pessoas de bem" também.

Matar um negro não te levava para o inferno. Negro não era "gente". Não tínhamos alma.

Já pensou o que é ser sequestrado em sua terra, levado para um local totalmente desconhecido, com uma língua diferente, em porões fétidos e insalubres, acorrentados? Trabalhar no sol quente, alimentar-se mal, ser tirado de sua família, perder tudo que tinha? Criar uma relação com aqueles que estavam ao seu lado era uma necessidade. Como fazer isso quando aqueles eram de grupos rivais na terra de origem? Com uma língua diferente? Com deuses diferentes?

Como humanizar-se quando se vê seus filhos serem tirados de perto de si, quando sua mulher é estuprada, quando se é açoitado?

Então chega um lei e diz que aquilo tudo acabou. Alívio.

Mas onde viver? Como sobreviver? Voltar para a terra de onde veio? Como? E quando já se nasceu naquela terra que ainda lhe parece estranha?

Como recomeçar?

Analfabeto. Sem casa. Sem trabalho. Desumanizado.

Ou alguém acha que do dia para a noite a sociedade passou a ver o negro como humano? Passou a achá-los legais? Passou a ama-los?

Então chegaram uns pobres da Europa. Brancos. Que recebiam lugar pra morar, um pedaço de terra muitas vezes, um trabalho, não eram forçados a trabalhar ou açoitados, tinham a cor de pele admirada, eram considerados mais produtivos e inteligentes, estavam com a família. Enquanto aqueles negros nada disso recebiam.

"Vamos dar moleza para esses negrinhos? Jamais."

E isso foi de geração em geração.

As periferias, cortiços e morros ocupados pelos negros libertos. Grupos e mais grupos saíam dos interiores para as capitais em busca de trabalho e moradia. Ali nasciam os morados de rua, os desvalidos, os marginalizados.

Ah, aquele 14 de maio. Uma liberdade aprisionante. Presos a uma terra que não era deles. Jogados propositalmente ao léu para que morressem. Sim, está documentado: pensavam que em 100 anos não existiriam mais negros no Brasil.

130 anos depois cá estamos. Vivos e ainda firmes na tentativa de reparar os estragos que nos fizeram nos últimos 500 anos. Resistir é preciso.

Dizem que é vitimismo, que vemos racismo em tudo, que podemos chegar a qualquer lugar apenas por nosso esforço. Mas quando vejo as filas de desemprego, os presídios, os manicômios, o IML, as favelas, eu vejo um mar negro. Vejo o 14 de maio se repetindo dia após dia, como se parados estivéssemos em uma data sem que pudéssemos sair dela.

Quero chegar aos dias seguintes. Quero ultrapassar a fronteira do engenho de cana-de-açúcar e caminhar com meus irmãos por uma terra em que possamos chamar de nossa.

Ainda somos estrangeiros em um país que não nos quer.

Ernesto Xavier é ator, jornalista e escritor. Autor do livro "Senti na pele".



A luta esquecida dos negros pelo fim da escravidão