Energúmenos e Vassalos,
Venho aqui confidenciar algo inusitado que aconteceu em minha vida. Estava a cá eu, minha nobre companheira Esmeralda, meu mordomo Onofre e minha amiga Narcisa, a Tamborindeguy; bebendo garrafas e garrafas de Moët até o sol raiar; quando toca a merda do interfone....
...era um motoboy.
Onofre desceu até a portaria e recebeu uma carta juntamente com um filhote de porco. Sim, o animal porco. Onofre chegou ao apartamento atônito, sem entender a mensagem, cujo todos nós intendiamos de imediato.
A carta era um convite para inauguração de um mini bairro na zona western do Ridijanê, e que minha presença era primordial, um carro blindado me buscaria juntamente com minha companheira e mais alguém que eu quisesse. Pensei de imediato em Narcisa, por ser midiática.
A carta foi assinada pelo bicheiro-milícia-PêÊmê-Cidadão Paulinho, o Caralhada; a quem o conheci no camarote do governador há 2 anos atrás.
Nem me lembrava desse fato, mas esses tipos de convites não podemos negar, até porque não somos loucos.
Na carta dizia que eu deveria levar o pequeno porco pois essa seria a senha para entrar no evento. Sem o animal não conseguiria entrar.
Enfim o dia chegou. Um calor da porra, 40 graus de sol na toba, sem uma nuvem no céu pra contar a história, e partiria para o inferno da zona western. Era tão longe que mais fácil chegaria no Pará do que na zona western.
Abalou Bangú, Turiaçu e cobra Surucucú.
Chegamos no tal mini bairro, 2 seguranças me levaram para dentro da mansão Caralhada. Me colocaram um capô na minha cabeça, me despiram deixando-me nu, e me prenderam numa cama. Nessa hora pensei: vou morrê!
Roguei meus santos, orixás e até as bruxas. Não adiantaram. Passou um tempo sinto um algo escroto no meu rosto e alguém por cima de mim deitado ao contrário de mim.
Logo entendi que era a posição 69 com um homem por cima de mim. Era Paulinho, o Caralhada. Senti fezes no meu rosto e um tapão em meu ventre.
Ouvi uma gargalhada, de alguém que eu conhecia, mas estava bem atônito com a situação; por mais que gostasse, estava meio que anestesiado, não me prepararei para tal ocasião.
A gargalhada era do atual presidente-capitaum, junto com seu filho “zero-alfa” e o marechal Consuelo; todos degustando risole de cloroquina com tubaína.
Fui jogado num chuveiro de água fria e me mandaram pegar o sabão. Duas horas depois me colocaram na mala de um Chevette velho ano 83 e me deixaram num terreno baldio próximo da Avenida Brasil, altura do viaduto dos Cabritos.
Sem lenço, sem documento. Só um papel escrito 69 com a foto do pequeno porco.
69 é porco na cabeça. Daí entendi o fetiche do bicheiro. E percebi que estava em área de milícia, com a benção do presidente-capitaum e chancela das Forças Armadas.
Zona Western não é para amadores.
Beijo na bunda, mané!