quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Pode pruma coisa, não pode proutra coisa? (Por Thiago Muniz)

"...Nas óperas sempre há uma cantora gorda que só canta uma ária. Enquanto ela não cantar, a ópera não termina.

Não há nenhuma cantora gorda no nosso futuro, leitor. Enquanto ela não chegar, evite olhar-se no espelho e descobrir que, nesta ópera, o palhaço somos nós.
"

(Luiz Fernando Veríssimo)

Prefiro o luto da lucidez do que a bonança da ignorância.

O Brasil é um país fluído. Moralmente, politicamente, legalmente fluído.. Dilma foi deposta da presidência acusada de crime de responsabilidade. Perdeu a presidência, mas manteve direitos políticos, ‘’Criminosa’’, mas nem tanto. Meia condenada, pode se candidatar amanhã ao que bem quiser., ou se abrigar em algum cargo público pra se esquivar de Sérgio Moro.

A lei brasileira é movediça e se presta sempre a olhar para os interesses de quem a traduz ( e ainda falam em instituições sólidas...). A decisão de desmembrar a acusação e a condenação da ex- presidente abre precedente pra salvaguardar os mesmos direitos a Eduardo Cunha e toda a classe de corruptos do país. 

Com ajuda do PMDB e do PT, partido que acusava Cunha pelo impeachment de Dilma. O PT agora abre a possibilidade de meia salvação para seu algoz favorito Eduardo Cunha, bem como todos os acusados da lava-jato. 

Um acordo de purificação coletiva para crimes em comum entre políticos que ora se odeiam, ora se amam, ora se perdoam, para salvação de todos e condenação da população, sempre feita de idiota – conscientemente ,às vezes, inclusive pelo próprio voto.

Se a maioria da classe política é criminosa, o perdão entre os pares é absolvição divina pela qual o congresso se banha em redenção. Deuses congressistas que se absolvem de seus pecados humanos. O povo, sempre condenado a ficar à margem das decisões dos deuses que elegem para ludibriá-lo de forma mais convincente.

Inconsistente uma votação no Senado que afasta uma presidente da República eleita democraticamente, mas mantém seus direitos de ocupar cargos públicos.

Que crime de responsabilidade é tão grave para permitir uma ruptura tão aguda na representação política e, ao mesmo tempo, permite que a ré para outras funções, inclusive se candidatar em próximas eleições?

O sistema político brasileiro não está condenando a Dilma. Mas se absolvendo. É isso que transforma toda essa farsa em tragédia.

Como Dilma sofreu impeachment e manteve os direitos políticos e o vice tomou posse, sendo inelegível?

Quem diria, até o Fernando Gabeira saiu da toca e foi ao Senado posar ao lado daquele garoto idiota, o Kim Kataguiri. Sinceramente, me dá vergonha alheia.

Junto com a Dilma caíram a minha convicção de que vale a pena assistir aos debates, de que vale a pena sair de casa e ir votar, de que a voz da maioria será respeitada. Votei nela as duas vezes. A primeira por achar que ela era a melhor e a segunda por achar que era a menos pior.

Processo de impedimento honesto"? Com o Collor, Aécio, Caiado e outros mais julgando?

Infelizmente venceu a minoria e a democracia virou chacota. Perderam no campo e viraram a mesa como faziam nos campeonatos de futebol e como fazem em outras instituições.

Me sinto envergonhado e pela segunda vez na semana estão tentando me convencer que Baré e Coca-Cola são a mesma coisa.

Será que são?

Golpe confirmado.

Agora é escutar os foguetes e as buzinas celebrando o fim da corrupção e o ótimo futuro que temos pela frente, sem nenhum tipo de problema. 

A hipocrisia será gritante, ao contrário das panelas que, ironicamente, não serão mais ouvidas como já não estão sendo, mesmo com os incontáveis absurdos já feitos por Temer, que fará muito mais.

Critiquei e continuo e continuarei criticando os governos de Lula e Dilma, que assim como o de FHC e outros, tiveram seus méritos e problemas, mas o retrocesso é claro, assim como as más notícias e o péssimo cenário.

Em um governo que desdenha dos nossos direitos usando a crise como desculpa, congelar gastos públicos com saúde, educação e abono salarial por 20 anos é apenas a ponta do iceberg que me faz temer (irônico, não?) um retrocesso incalculável e incontáveis e enormes perdas que teremos.

Infelizmente, o povo foi usado como massa de manobra, como em tantas outras vezes, e muitos bobos caíram direitinho. Alguns poucos ainda acreditam, ingenuamente, que Temer e companhia também irão cair. Dilma não caiu porque vocês queriam, e sim porque eles queriam e usaram vocês para isso.

O mundo inteiro vê, menos alguns bobos que vivem por aqui. O impeachment não vai salvar o Brasil. Nem melhorar. Aliás, muito pelo contrário.

Nossa democracia e o voto foram jogados no lixo. Milhões vão sofrer - principalmente a camada mais necessitada da nossa população, sempre esquecida - e terão suas vidas muito afetadas negativamente. Mas tá tudo bem, é dia de celebrar, soltar foguetes e buzinar. É dia de ser alienado e tratar o futuro do nosso país como um jogo de futebol.

Michel Temer chega ao cargo já com alta taxa de reprovação (68%) e precisará aprovar ajustes econômicos impopulares. "Não vai ser como o governo de Itamar Franco (que assumiu após impeachment de Collor). Toda a sociedade estava contra o Collor. As circunstâncias agora são diferentes.

































BIO

Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor, do blog Eliane de Lacerda e do site Jornal Correio Eletrônico. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.

* Texto com colaboração do jornalista Felix Junior - Jornal Correio Eletrônico



Dilma Rousseff tolida pela própria história (Por Thiago Muniz)

O dia em que a solidão do poder será ainda mais sentida por Dilma Rousseff, abandonada de vez que será pelo seu partido, pelos seus eleitores e, por algum tempo, certamente, também pela história.

O apoio a seu impeachment é maior do que sua votação nas eleições. Fica claro que parte do seu eleitorado quer sua saída. O que não quer dizer que deseja o governo Temer. Olhando os dados, conclui-se que muitos, hoje, preferem novas eleições.

Talvez seria ingovernável se ela ficasse. Esse é um aspecto interessante do nossa lei de impeachment. Uma vez que há um governo interino que assume, a volta do presidente afastado gera ainda mais instabilidade. Nos EUA ocorre diferente. O presidente não é afastado durante o processo. Por isso, muita gente, no Brasil, já tem falado da necessidade em se reformar essa legislação.

É admirável sua resistência durante a longa sessão no Senado Federal na última segunda-feira. Muitos disseram que o discurso da presidente foi consistente, o que não mudará absolutamente nada na votação de hoje. Afinal, não foi com base em argumentos técnicos que parte majoritária dos que nesta quarta-feira votarão pela sua saída foram convencidos.

Se é verdade que o governo cometeu muitos erros, e que Dilma, como todo político faz sempre, buscou diminui-los ou mesmo ignora-los em seu discurso, o fato é que o domínio da presidente acerca dos detalhes das acusações que pesam sobre ela – mesmo que com sua oratória pobre, seu pensamento confuso e seu ar professoral – certamente colocam sérias dúvidas sobre sua culpa. Em geral, quando isso convém, “in dubio pro reo”.

Mas não é o que acontecerá hoje. Daremos início a um novo ciclo político-institucional marcado pela incerteza, pelo risco da formação de maiorias circunstanciais. Maiorias que, em contextos de crise econômica (seja ela culpa do governo ou não); escândalos morais (potencializados ou não pela mídia), manifestações sociais (populares ou não, ainda que numerosas) e falta de habilidade política do governante (seja pela sua história de vida ou por sua trajetória política) poderão se articular para tirar do poder representantes legítima e constitucionalmente eleitos.

Dilma Rousseff perderá o cargo pelo “conjunto da obra”, embora o impeachment não constitua um “recall”, que usamos quando concluímos que o governo vai mal. Como disse outro dia a líder do governo interino no Senado, Rose de Freitas, “não teve esse negócio de pedalada, nada disso; o que teve foi um país paralisado, sem direção e sem base nenhuma para administrar”.

Dilma está correta no que disse no Senado ao responder à Ana Amélia: o impeachment é legal, pois existe na Constituição, mas para que seja legítimo – do ponto de vista da democracia que temos, e não das maiorias formadas momentaneamente –, precisa ser também justo em seu conteúdo.

Por isso, muitos falam que estamos assistindo a um golpe. Mesmo para quem discorda, com certeza não é fácil ignorar o casuísmo que marca o momento, casuísmo que, revestido de legalidade (“O impeachment está previsto na Carta de 1988”), é a marca de todos os processos de tomada do poder pela via não-eleitoral. 

Por isso, olhar apenas a lei, como se ela fosse não a expressão provisória de uma correlação de forças existente na realidade social, mas a própria realidade social, é ignorar o fato de que nem sempre a lei está correta, porque nem sempre ela é justa – basta lembrar da escravidão, do nazismo, do Apartheid, da exclusão das mulheres da política, todos legais em sua época. A decisão passa ser, portanto, entre legalidade e justiça. O ideal – um ideal em que muitos acreditam, inocentemente ou não – é que esses dois termos sempre pudessem formar um par perfeito.

Na análise do conjunto da obra, vários senadores que subiram à tribuna do Senado na segunda-feira acusaram Dilma Rousseff de ter mentido durante a campanha. Tinham razão, certamente. Diziam que ela, prometendo não tirar os direitos sociais nem que a “vaca tossisse”, acabou fazendo exatamente isso. 

O ardil, aqui, está em passar a idéia de que, ao tirar a presidente do poder, essa base parlamentar ajuda a defender os direitos sociais, quando se sabe que o governo da vez, ainda na sua interinidade, já estuda medidas incomparavelmente mais duras que só farão aprofundar a desigualdade social no Brasil. Com o tempo, talvez fique claro que teria sido melhor perder um pouco de direitos com Dilma do que tanto mais com Temer.

A História se encarregará de provar todos os erros cometidos neste processo. Mas, o que mais me assusta é a falta de condições morais mínimas de muitos componentes do "tribunal" que defendem interesses que certamente não são da população. O "julgamento" é político e deve levar ao impedimento da presidente. Pode ser legal, mas não é legítimo. 

Enquanto isso, Eduardo Cunha permanece... (até quando?)

Um adendo para refletir: 58,5% dos nossos líderes foram eleitos por voto popular - mas 41,5% foram escolhidos indiretamente, pelos militares ou pelo Congresso.


Dilma fechou sua declaração à imprensa com uma citação de Maiakovski:

"Não estamos alegres, é certo,
Mas também por que razão haveríamos de ficar tristes?
O mar da história é agitado
As ameaças e as guerras, haveremos de atravessá-las,
Rompê-las ao meio,
Cortando-as como uma quilha corta.
"


O impeachment da fé (Por Tom Valença)

Deus está morto. Morreu de overdose da fé falsa dos fariseus que erguem templos de areia banhados em ouro. Morreu bombardeado pela fé cega dos iconoclastas que só veneram o que enxergam no espelho. Morreu intoxicado por alimentos fast food feitos com os pães com grãos transgênicos, pelos peixes contaminados pela lama da Samarco e pelo vinho feito com o sangue dos que atiraram a primeira pedra e esconderam a mão. Deus morreu de vergonha quando seus símbolos foram evocados em vão por quem lavou as mãos e deixou a torneira aberta até a fonte secar. Deus está morto e sua maior prova de sabedoria é não querer ressuscitar para viver tudo de novo nos sonhos de seus criadores que se dizem seus filhos multiplicados entre centésimos de dízimos.








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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.




terça-feira, 30 de agosto de 2016

O fracasso e retrocesso da democracia (Por Thiago Muniz)

Hoje é um dia de fracasso. 

O impeachment de um presidente da República é um fracasso nacional.

Mas é importante entendermos o que aconteceu. Como chegamos a este fracasso.

Dilma Rousseff está sofrendo o impeachment por parte de um Congresso fisiológico. 

O que motiva boa parte dos parlamentares pró-impeachment tem mais a ver com sua própria sobrevivência e a de suas práticas do que o futuro do Brasil. Entregam Dilma à turba de brasileiros que marcham pelas ruas contra a corrupção na esperança de que sacie sua fome. Vão-se os anéis, ficam os dedos.

Com alguma sorte, a turma volta para casa e o Congresso segue a vida como ela era.

As pedaladas fiscais são uma desculpa. Elas aconteceram. Aconteceram, entre 2014 e 2015, em níveis muito superiores à prática de todos os presidentes anteriores. Principalmente no caso de 2014, ocorreram por populismo eleitoral. Interessava a Dilma disfarçar as reais condições da economia brasileira para se reeleger. As pedaladas de 2014 e 15 não são equivalentes às outras em volume ou no tempo. É bastante razoável considera-las operações de crédito. Mas também é fato que o Tribunal de Contas jamais as censurara antes.

As pedaladas são uma desculpa. Dilma sofre o impeachment por causa da Operação Lava Jato que expôs os brutais níveis de corrupção dentro de seu governo e no de seu antecessor e padrinho, Lula. Sofre o impeachment por sua inépcia na gestão econômica do país. As causas da crise podem estar lá fora, mas nenhum país emburacou como aquele governado por Dilma. Sofre o impeachment, também, porque a nova classe média, gestada durante o governo Lula, virou-lhe as costas. Virou porque está ameaçada de perder tudo o que ganhou pela crise.

O Presidente da Câmara na época, Eduardo Cunha chantageou Dilma ameaçando abrir o processo de impeachment caso o Planalto não o auxiliasse na luta por manter seu mandato. O Planalto quis ajuda-lo. Tentou. Se esforçou. Os deputados federais do PT é que se recusaram a ouvir os apelos do Planalto. Dilma estava plenamente disposta a ser chantageada. Parlamentares petistas é que decidiram, ali, impor um limite. Um raro gesto de dignidade que lhes custou caro, talvez. E a abertura do processo veio. E mais de dois terços do plenário da Câmara achou por bem apresentar a denúncia de impeachment ao Senado.

Não se trata de uma luta de fisiológicos contra honrados.

O PT, ao chegar no Planalto, acreditou que poderia jogar o mesmo jogo. Tornou-se tão fisiológico quanto os velhos coronéis, tão corrupto quanto os antigos barnabés, tão capaz de distribuir cargos, verbas e propinas quanto quaisquer outros políticos que já estiveram no mando brasileiro.

Lula e seu governo são investigados por práticas de corrupção em níveis nunca documentados. O prejuízo oficial da Petrobras, aquele cravado em planilha, provocado pela corrupção de diretores que se tornaram réus confessos, causado por negócios terríveis nos quais há inúmeros sinais de ampla distribuição de propinas como a compra improvável de Pasadena, equivale a 1% do PIB brasileiro.

Os efeitos da brusca queda da Petrobras sentem-se com violência em toda economia brasileira, em particular no estado do Rio de Janeiro. Dilma Rousseff, a administradora capaz que se gabava de microgerenciar cada casa decimal de cada planilha, presidia o Conselho da Petrobras.

Ela é responsável pelo que ocorreu na empresa. Ela é responsável pelo que aconteceu no Brasil nos últimos cinco anos e meio.

Assim como Lula é responsável. Um político extraordinário, brilhante, de um carisma ímpar. Não há hoje, no Brasil, um político mais hábil do que Lula. Ele poderia ter comandado uma ong internacional de combate à fome, poderia ter presidido a ONU, poderia ter sido Nelson Mandela. Preferiu ser lobista de empreiteiras. É incrível como um homem tão grande pode ser tão pequeno. Com suas palestras e seu nome, poderia ter pago quantas reformas quisesse em quanto sítios de Atibaia desejasse, teria os tríplex com os quais sonhasse. E ainda, pela pura força de seu carisma e de seu nome, pela habilidade nata de costurar acordos, teria chegado ao Nobel da Paz e melhorado a vida de um bom bilhão de homens, mulheres e crianças.

Lula preferiu ser lobista de empreiteiras brasileiras na África e América Latina. Preferiu exportar o fisiologismo pátrio.

O fracasso dele é o nosso fracasso. É o fracasso cultural do Brasil. Porque Lula é o reflexo do que o Brasil é.

Os antipetistas mais rábicos podem acreditar que tiveram uma grande vitória e que afastaram do poder alguma espécie de mal fundamental.

Os petistas mais irracionais acreditarão que as possibilidades de um governo justo e social foram derrubadas pelas camadas mais reacionárias da sociedade.

O que aconteceu foi muito menor.

Só substituímos um governo fisiológico por outro. O governo Michel Temer não tem uma política econômica particularmente distinta daquela que Dilma tentou implementar a partir de 2015. A diferença é que Temer é um político hábil e Dilma não o foi. A diferença é que Michel Temer completa as frases que inicia. Com alguma sorte, estabilidade econômica virá.

Mas Michel Temer é também o Brasil velho. Como, aliás, o PT.

O impeachment é legal. Se é legal, não é Golpe. Não é consolo.

Mas há a Lava Jato.

O fisiologismo brasileiro se ancora na propina de grandes empresários que detém os mais vultuosos contratos públicos. É esta propina que, lentamente, vai financiando as campanhas eleitorais que ampliam a base fisiológica nas Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas e Congresso Nacional.

O fisiologismo abraçado por tucanos e petistas, assim como por peemedebistas e todos os outros.

Se alguém quer entender por que o Congresso Nacional piora a cada ciclo eleitoral é por causa disso. Porque, desde a redemocratização, a máquina do fisiologismo trabalhou para produzir dinheiro de campanha e se procriar. Este tipo de vereador, deputado e senador encontrou o caldo de cultura perfeito. A fonte da eterna caixa 2.

Mas há a Lava Jato.

E empresários, hoje, têm medo de pagar propinas. Para eles, corromper ficou caro. O dinheiro de campanha que alavancava a candidatura de parlamentares fisiológicos está desaparecendo. Será um soluço inédito na história do Brasil para tudo voltar a ser como antes? A política brasileira pode ter piorado, mas o Estado melhorou por dentro. Talvez o Estado democrático tenha criado a vacina para este fisiologismo patrimonialista que nos condena ao passado.

O nosso lado é o da inclusão. O nosso princípio precisa ser o de "amar o próximo como a ti mesmo". Se o nosso lado não coincidir com o dos "vencedores", não tem importância. Estamos onde estamos por causa deles.

O apelo central aqui é... não abandone a arte da política. Mas escolha um lado. O mais fácil é o dos vencedores. É isto que você quer para nós e para o país?
Essa é a esperança que nos resta.


"viva eduardo cunha, viva mendoncinha ministro da educação do brasil, viva perrela do helicóptero, viva aécio do leblon, viva magno e sua malta piadinha, viva cristovam q esqueceu a fantasia organizada de celso furtado, viva a nova indústria da seca nas mãos do pmdb, viva o crime de lesa-pátria, viva marta suplicy, viva os vendidos todos, mas viva principalmente o stf q "legitimou" em 64 e agora faz o bis pra vocês, viva a falta de legalidade, dane-se, viva a imprensa q acata e dá sinais de tudo bem, meu bem, viva os isentões e os seus senões, viva a culpa eterna no pt de quem sequer tem mãe pra mandar se lascar no cemitério dos édipos gerais, viva o psdb, o mais íntegro e inimputável partido da mídia brasieira, viva zé serra, o maior ministro do governo golpista q nao foi votado para tal posto, viva nós os otários q comemos na mão da ignorância." (Xico Sá)




































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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.



segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A democracia dilacerada (Por Thiago Muniz)

"O que cada senador sente por mim e o que nós sentimos uns pelos outros importa menos, neste momento, do que aquilo que todos sentimos pelo país e pelo povo brasileiro. Peço: votem contra o impeachment. Votem pela democracia." - (Dilma Rousseff)


"As mulheres brasileiras têm sido, neste período, um esteio fundamental para minha resistência. Me cobriram de flores e me protegeram com sua solidariedade. Parceiras incansáveis de uma batalha em que a misoginia e o preconceito mostraram suas garras." - (Dilma Rousseff)


"Não esperem de mim o silêncio dos covardes. No passado, com as armas, e hoje com a retórica jurídica, pretendem acabar com o estado de direito (...). Não luto pelo meu mandato por vaidade ou por apego ao poder, luto pela democracia, pela verdade e a justiça." - (Dilma Rousseff)


Começou o ato final da farsa do impeachment de Dilma. A ópera-bufa, iniciada com a ruptura entre burguesia ilustrada do tucanato paulista e o iluminismo, chutando pra vala o compromisso com a Constituição de 88, renovando sua representação à direita e abraçando fervorosamente o obscurantismo, encaminha-se para o grand finale sob a forma de um golpe de Estado a frio, sem tanques nem fuzis, substituídos pela eclética coalizão de rentistas, ladrões, fascistas, traidores e imbecis, bem armados de uma raivosa tropa de choque parlamentar, pelo controle de segmentos amplos do judiciário e legitimados pela narrativa massificada pelo monopólio midiático de Pindorama.

O espetáculo durou 1 ano e 10 meses: iniciou-se com a deslegitimação do resultado das urnas de outubro de 2014, a vigarice do pedido de auditoria das urnas, a desqualificação do eleitorado (a massa de ignorantes e dependentes de bolsa-família decidiu o pleito, segundo os tucanos), seguido do vale-tudo para inviabilizar o governo.

A mudança de retórica do PSDB - que Wanderley Guilherme Dos Santos chamou de "linguagem dos jagunços" e Juarez Guimarães tratou com brilhantismo no artigo http://cartamaior.com.br/… refletiu a organização de um centro político disposto a coordenar a estratégia golpista.

Nestes 22 meses, rolou de tudo: uma denúncia forjada por um auditor do TCU em conluio com um procurador do órgão e assinada por um velho jurista tucano, um velho ex-petista a transbordar ressentimento e uma tucana new generation do quadro docente da USP e devidamente contratada por 45 mil mangos, cuja atuação performática nos dá o direito de especular que sonha, em breve, ocupar como mandatária uma das cadeiras que hoje utiliza como convidada; a abertura das torneiras das entidades patronais, pato amarelo a frente, a irrigar generosamente os "novos movimentos sociais" de gente diferenciada, sob a cobertura cinematográfica da imprensa a destacar o ativismo heróico da nova cidadania, ao mesmo tempo em que aumentava o tom da criminalização da esquerda, transformando partidos e movimentos de trabalhadores em tentáculos de uma máfia vermelha; a chantagem pública e sabotagem comandada por um presidente da Câmara lobista e corrupto, cujos bons préstimos aos interesses da plutocracia o garantem até hoje o gozo da liberdade e a conivência criminosa de seus pares. Dilma, sem ter cometido um único crime, será cassada e perderá seus direitos políticos ANTES de Cunha.

Afirmo que perderá seus direitos e o mandato conferido pelo voto popular porque não deposito uma migalha de expectativa na dignidade dos representantes da burguesia que infestam o parlamento brasileiro, nem esperanças em milagres. 

Afinal, trata-se MESMO de um golpe de Estado. Considerar a possibilidade de mudança de votos baseada no convencimento de parlamentares das teses da defesa de Dilma é, ao mesmo tempo, acreditar que o processo é democrático e ignorar que não só todos os argumentos da defesa foram solenemente desprezados pela maioria do Congresso durante todas as fases do julgamento, como o governo interino funciona desde maio com ares de definitivo, destruindo em três meses pilares que levamos mais de uma década para edificar nos governos democráticos comandados pelo PT.

Fosse eu um senador comprometido com a democracia, me recusaria a votar. Encerraria minha participação forçada nesta farsa saindo de braços dados com Dilma, Lula, Boulos, Sabatella, Chico Buarque, João Paulo, Luciana, Rossetto e outros representantes da sociedade democrática que hoje estarão no Senado acompanhando a presidenta. 

Que comandem o grand finale os golpistas tão afoitos pelo retorno ao comando do Estado que dispensaram uma etapa até então fundamental para isto, chamada voto popular; mas que o façam sozinhos, sem as digitais de gente digna e valente como Vanessa, Gleisi, Fátima, Lidice, Lindbergh, a dar ares de legalidade a este escárnio na condição de minoria derrotada.

O que está em jogo é a auto-estima dos brasileiros e brasileiras, que resistiram aos ataques dos pessimistas de plantão à capacidade do País de realizar, com sucesso, a Copa do Mundo e as Olimpíadas e Paraolimpíadas.

O que está em jogo é a conquista da estabilidade, que busca o equilíbrio fiscal mas não abre mão de programas sociais para a nossa população.

O que está em jogo é o futuro do País, a oportunidade e a esperança de avançar sempre mais.

O PMDB chegará ao poder pela terceira vez sem ser eleito. O PSDB se coloca como artífice de uma manobra "legal",

A maioria dos julgadores da presidenta Dilma no senado tem processo na Justiça e nove deles nem foram eleitos pelo voto! O presidente da casa, Renan Calheiros está envolvido em uma série de processos de corrupção. E estão tirando uma presidenta eleita pelo voto popular, numa tese frágil de "pedaladas fiscais". 

Não é a utilização e devolução de recurso para os bancos públicos que coloca a economia em crise e sim os desvios bilionários de tantos corruptos políticos no país! O sistema político brasileiro e esse Impeachment são uma farsa!

Em 2013, nós ocupamos as ruas acreditando que poderíamos fazer parte do processo político, forçando os engravatados de Brasília a nos ouvir. Três anos depois, são 81 senadores que decidirão o futuro de 200 milhões de brasileiros.

Dilma Rousseff desmascara os golpistas e revela que os paneleiros apoiadores desse golpe ao voto de 54,5 milhões de brasileiros foram massa de manobra, inocentes úteis que usaram uniforme da corrupção, camisas da CBF, para exigir o "fim" da corrupção no Brasil...mais icônico do que está ocorrendo é impossível, a mídia e políticos corruptos fizeram uso da falta de noção dos incautos indignados seletivos.

Sem esconder seus rostos, os defensores das elites colocam mais uma vez a democracia no banco dos réus. Prepare-se para entrar em um período de 10 anos de instabilidade contratual, que irá colocar o povo na miséria, afetará aposentadorias, cortes em programas sociais e deixará escancarada a face anti-democrática e avarenta das elites brasileiras.

Sim, o governo Dilma foi desastroso em muitos pontos. Sim, grande parte do PT se envolveu em casos de corrupção. Sim, passamos por uma grave crise econômica. Agora, NADA disso legitima o impeachment. Dilma não tem contas na Suíça. Dilma não teve enriquecimento ilícito. E, antes de falar "Dilma na cadeia!" responda apenas uma pergunta: do que é que a Dilma está sendo acusada mesmo? Você sabe o que são pedaladas fiscais? Você sabe que, se a lei fosse igual para todos, mais da metade dos governadores dos estados brasileiros teriam que sofrer impeachment, pelos mesmos motivos que Dilma? Ser contra isso e querer Temer fora, não significa ser a favor do PT. Significa entender que este processo já nasceu corrompido, que fere a nossa democracia profundamente. Não bastasse tudo isso, ainda estaremos entregando nosso país aos abutres. Temer, Jucá, Renan, Cunha, Caiado, Aécio e seus companheiros representam uma elite opressora que não quer o desenvolvimento do Brasil. Querem fazer a manutenção da desigualdade social extrema e assim poder continuar explorando as classes menos favorecidas. Querem garantir que a engrenagem da corrupção não pare, que nenhum deles seja punido por nada, que as empresas públicas sejam privatizadas e que a população continue desinformada, sem educação e sem cultura. Afinal, um povo que não conhece a sua história, que não sabe como suas instituições funcionam, nunca será capaz de exigir de seus políticos o que é realmente necessário. Pense nisso...
A História não fará justiça a Dilma; este não é o seu papel. Mas a História registrará a infâmia destes dias, a democracia dilacerada, a fraude escancarada para impor a vontade do dinheiro. Registrará o nascimento de um governo ilegítimo, a desmoralização internacional, o saque aos direitos do povo. E narrará o surgimento de uma nova consciência democrática a defender o nosso legado, corrigir os erros e reorganizar os nossos sonhos, forjada na resistência aos ataques já iniciados pelo golpe, fortalecida pelo espírito generoso e solidário do nosso povo. A luta só começou.


"Se a elite financeira e política do Brasil é o lixo moral do mundo, a classe-média é um gado analfabeto funcional. Respira que é de graça." - (Fagner Torres)


"Dilma vai cair, isso é um fato. Mas confesso que a ansiedade mesmo é pelo dia seguinte. Quando o Impronunciável colocar em prática seu pacote de maldades. O fim da CLT, a entrega do pré-sal, os cortes no SUS, a privatização total do Ensino Superior. E o que eu farei diante do cenário? Sentarei na primeira birosca que estiver no caminho, abrirei uma ampola do diurético e darei boas risadas quando os conhecidos que apoiaram esta farsa se perceberem sem seus direitos, sua paz, e, em seguida, sua vida. Será o meu momento William Waack." - (Fagner Torres)






















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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.



quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Você se enganou idiota! Não foi contra a corrupção (Por Thiago Muniz)

Os movimentos de rua pró-impeachment já mostraram sua cara no atual período eleitoral, se aliando e defendendo grupos já conhecidos por envolvimento em corrupção.

No final das contas, o brasileiro ainda não percebeu o significado de “massa de manobra”: sim, vocês foram feitos de idiotas.

Chegamos ao final do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Tudo leva a crer que ela será, de fato, afastada de seu cargo após ser eleita por mais de 54 milhões de pessoas.

Oras, milhões de pessoas foram convocadas pra ocupar as ruas aos domingos desde o ano passado, em uma tentativa de “eliminar a corrupção desenfreada do nosso país”. É uma causa legitima, bela, inocente e principalmente idiota.

Manifestações aos domingos de sol com cerveja na mão são tão perigosas quanto o Neymar bravinho com os torcedores.

Você realmente acreditou que com esse tour pela Paulista aos domingos os corruptos tremeriam na base, ficaram com medinho?

Pior do que isso são os próprios organizadores dessas manifestações. O tal Movimento Brasil Livre, que do liberalismo clássico só carrega a burrice, se dizia apartidário logo no começo. Presença de políticos no carro de som? Nem pensar! Diziam. Agora, é diferente. A Dilma já deve cair, então temos que aproveitar o momento, certo?

Nada melhor do que enfiar um monte de liderança do movimento em partidos políticos como o DEM e PMDB para disputar as eleições e fazer aquilo que o liberal mais gosta: viver com dinheiro do Estado para falar mal do Estado.

O Fernando Holiday, que mais parece um péssimo ator de uma péssima peça de teatro da Augusta, já quer se tornar vereador. Tira fotinhas ao lado do empresário e candidato tucano, João Doria. Antes disso, abraçou o deputado federal Pauderney Avelino (DEM), condenado pela Justiça a devolver R$4,6 milhões aos cofres públicos.

E é bom lembrar: trata-se apenas de um exemplo. Esse grupelho tem vários candidatos, inclusive para a prefeitura de cidades no interior de São Paulo, fazendo alianças com PP, PRB e outros partidos conhecidos justamente por mamar na teta do Estado — seja roubando ou simplesmente dando uma de Bolsonaro, gastando quase meio milhão de reais em apenas um ano utilizando sua cota parlamentar (dinheiro de quem?).

E o brasileiro idiota? Será que percebeu essa cagada?

Você percebe o tamanho da bosta quando acaba lendo alguns comentários na internet do tipo: “Dur, o importante é tirar o PT”. Mas, desde quando o PT é o idealizador da corrupção moderna que passa por cima do nosso país desde a colonização?

Ai começa outro papo: não é sobre a corrupção, é por questões ideológicas.

Viu só? A conversa mudou. Você já foi feito de idiota, mas mesmo assim continua aceitando o discurso desses grupelhos.

O PT é comunista, ele tinha um projeto bolivariano para o país”.

Não tinha não, amiguinho. Pelo contrário. Podemos chamar de neo-social-democracia moderada a experiência petista desde o governo Lula, no máximo. Afinal, tivemos uma leve política de distribuição de renda, através de programas sociais insuficientes, que no final das contas, não chegava nem no joelho do “Bolsa Banqueiro” petista, que levou para os bancos lucros históricos.

O PT bolivariano não fez a reforma agrária. 
O PT bolivariano não regulamentou os meios de comunicação. 
O PT bolivariano não fez a Reforma Política democrática com participação popular. 
O PT bolivariano não aumentou os impostos para os mais ricos. 
O PT bolivariano não nacionalizou ou estatizou nem o jardim do Planalto. 
O PT bolivariano permitiu que a violência contra a comunidade periférica continuasse nas grandes cidades, aprimorando a máquina de repressão do Estado em favor dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo, um evento que representa o máximo da burguesia.

Então, brasileiro idiota, você foi enganado duas vezes.

Não se trata sobre a corrupção. Muito menos sobre uma guerra ideológica contra o malvado comunismo.

Preparado para a realidade?

Tudo isso aconteceu por interesses.

Sim, interesses políticos e financeiros.

Político porque um grupo que já não consegue mais vencer nas urnas necessitava voltar ao protagonismo. Qual a melhor maneira de conseguir isso? E claro, não podemos esquecer dos grupelhos de rua pró-impeachment, que já aproveitam o momento para se estabelecer na política institucional, dentro de partidos corruptos para ganhar cargos — e ah, você que vai pagar o salário deles!

Financeiros porque o mundo caminha para uma nova necessidade de experimentos sociais e econômicos. 

O mundo precisa de laboratórios, e onde melhor que o terceiro mundo para fazer isso? 

Vamos pegar um país subdesenvolvido, aplicar medidas econômicas de austeridade, eliminar o que resta de direitos trabalhistas para favorecer os empresários (com empresários você deve pensar no padeiro da esquina, mas na verdade é gente como Paulo Skaf) e passar por cima de restrições e regulações em questões ambientais e direitos humanos.
































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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.



segunda-feira, 22 de agosto de 2016

E teve os Jogos Olímpicos. E agora? (Por Thiago Muniz)

Passados 17 dias de Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, constatou-se uma boa organização por parte do Comitê Organizador, de um certo ponto uma boa logística no que se refere a locomoção e trajeto entre os locais das competições e ótimas (e excelentes) instalações olímpicas.

Mas a pergunta fica: E agora? O que vamos fazer com tudo que foi construído?

Há excelentes equipamentos esportivos prontos para o uso contínuo, temos 2 vertentes pra isso; mantém-se a estrutura para o legado de novos atletas e manutenção do alto rendimento dos atuais e; lobby para a demanda de competições nacionais e internacionais, o que chama público e renda.

Se a prefeitura não tiver braço (o que é mais provável) para manter essa estrutura, porque não abrir licitações para Parcerias Público Privadas para essas novas arenas? Usar a máquina privada em favor da cidade. Gerar novos eventos atrai mais público e mais empregos, e o turismo para a cidade agradecerá.

Sediar uma Olimpíada oferece duas enormes oportunidades a um país. A primeira é o efeito-holofote. Eventos globais colocam um país em evidência, podendo incrementar seu fluxo de comércio e de turismo de forma permanente, ao exporem potenciais negócios com os estrangeiros que talvez não fossem descobertos sem estes holofotes. Com as dificuldades econômicas e as incertezas políticas dos últimos anos, pouco aconteceu com a Copa do Mundo e menos ainda deve ocorrer com a Olimpíada.

O recado para os nossos governantes, banqueiros e empresários está dado: invistam no esporte.






















































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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blogs "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.





sábado, 20 de agosto de 2016

O covarde nadador mentiroso (Por Thiago Muniz)

Muito covarde a atitude do nadador Ryan Lochte. Ryan Lochte, o nadador americano que mentiu, depredou patrimônio alheio e ainda tentou corromper terceiros, disse que não cometeu crime e que está sendo vítima de um golpe.

Ao dizer que fora assaltado no Rio, o nadador Ryan Lochte mentiu para uma cidade que o recebia e admirava. Isso provocou uma comoção – imagine, um atleta americano assaltado em plena Olimpíada! — e mobilizou um enorme efetivo da polícia. Os jornais e TVs dos EUA somaram a palavra do seu atleta à habitual má vontade para com o Brasil, não viram o que discutir, e tome manchetes.

A reviravolta da história levou a imprensa americana a rever a maneira de tratá-la, pena que sem o estardalhaço da primeira versão. Ao Rio, satanizado em suas reportagens, deveria ter correspondido uma descrição completa de Lochte como arrogante, vândalo, fujão, covarde e mentiroso.

Tendo contra si todos os vídeos, testemunhos e até a confissão de seus colegas de esbórnia, Lochte ofereceu desculpas pífias à cidade e ao país. Reduziu o episódio a uma farra que fugiu do controle, omitiu o principal — sua mentira sobre o assalto — e mentiu de novo ao dizer que foi extorquido e ameaçado.

Os americanos gostam de acreditar que é feio mentir. Richard Nixon, por exemplo, renunciou à presidência em 1974 porque mentiu no caso Watergate. A história ensina, no entanto, que, nos EUA, o crime não é mentir, mas ser apanhado mentindo. E, mesmo assim, nem sempre – John Kennedy, Lyndon Johnson, Ronald Reagan, Bill Clinton e George W. Bush também foram apanhados e continuaram na Casa Branca.

Essa e a ideologia disseminada pela cultura norte americana que tantos aplaudem, apoiam e admiram. Adoram bagunçar em território alheio. Isso se repete também na sua política imperialista de dominação: invadem, se apropriam, fazem a zona que querem e dizem que estao ali pra resolver conflitos e problemas que nao existiam antes deles chegarem. Bando de hipócritas.

Eles NUNCA iriam se desculpar apropriadamente...

Lochte fez uma conveniente auto-Promover-se um veículo da cidade torturado por crime e pobreza.

E um recado para a imprensa e a sociedade brasileira: VAMOS PARAR COM O COMPORTAMENTO DO COMPLEXO DE VIRA LATA! JÁ ESTÁ FICANDO FEIO E RIDÍCULO.

















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segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Por onde anda Angelo Assumpção? (Por Thiago Muniz)

Qual é a diferença entre brincadeira e racismo?

Até que ponto a intenção de brincar ultrapassa o ato de ofender?

Um dos melhores atletas da seleção brasileira de ginástica – o único negro da equipe – viajou junto com a delegação para o Rio de Janeiro, para a disputa da Olimpíada Rio-2016, mas teve que se contentar em torcer pelos companheiros das arquibancadas.

Arthur Nory Mariano gravou um Snapchat, com outros dois ginastas brancos, fazendo duas piadas racistas contra Angelo, que estava no mesmo ambiente. Ele disse, gargalhando, que o saco do supermercado é branco, e o de lixo, preto; e que a tela do celular quando quebra fica da cor preta. Angelo ficou abalado. Como qualquer negro ficaria. Como qualquer branco também deveria ficar. Ou, no mínimo, constrangido.

Por coincidências que sempre se repetem em casos de racismo no Brasil, quando racistas são apanhados em flagrante, a vítima do racismo, Ângelo Assumpção, foi quem acabou não participando das olimpíadas de 2016, devido às mudanças das regras para escolha dos participantes, dizem as autoridades esportivas.

Desde então, a Confederação Brasileira de Ginástica decidiu punir. Decidiu punir a vítima, como sempre. Armou um vídeo com pedido de desculpas, com os quatro ginastas no quadro. Decidiu apaziguar. Angelo foi quase coagido a não registrar Boletim de Ocorrência contra Arthur, que praticou o crime inafiançável de racismo.

Houve todo um trabalho de mídia para mudar a imagem do atleta racista. Primeiro, Arthur não é mais Nory, é Mariano. Saiu em todas os jornais, portais e emissoras de televisão como o galã brasileiro. E, mais patético ainda, foi o suposto affair dele com uma atleta americana negra. Com entrevistas dizendo que são “crush”. Um trabalho global digno de Oscar, daqueles que se faz com ator galã da emissora carioca, praticamente uma força-tarefa de valorização (falsa) da imagem.

Apesar de tudo isso. Depois de sofrer crime de racismo, ser pressionado para calar a boca e ser cortado da Olimpíada realizada no seu próprio país, Angelo nos dá uma lição. Em uma foto postada em seu Instagram, ele diz: “Foi um ano muito difícil pra mim , um ano que tive que superar várias dificuldades e aceitá-las. Tudo passa… Ontem fui assistir [sic] a ginástica que continua crescendo e sempre dando orgulho para todos os brasileiros. Parabéns pra todos os atletas e continue com o trabalho duro.”

Sangue frio e classe contra o racismo. Mas, ao mesmo tempo, é possível ver em seu olhar a vontade de, um dia, quem sabe, talvez, ainda representar bem – como sempre representou – o Brasil na Ginástica artística.

O que Arthur (Nory) Mariano já fez pelo Brasil? O que ele fez pra merecer disputar as olimpíadas, além de ser branco?

Em tempo, Nory (Mariano) ganhou a medalha de bronze no solo individual na Rio 2016. Esportivamente falando foi merecido, mas tenho certeza que o Ângelo brigaria pelo ouro, uma pena, uma lástima.




















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terça-feira, 9 de agosto de 2016

A porrada na cara do Brasil (Por Thiago Muniz)

Mulher, negra, favelada, pobre e homossexual. Rafaela Silva é a maior porrada na cara do neo-Brasil.

A sociedade brasileira é HIPÓCRITA!

Viva Rafaela Silva, medalha de ouro no judô na Rio 2016.


quarta-feira, 3 de agosto de 2016

A Escola sem partido num país em retrocesso (Por Thiago Muniz)

Para interpretar o programa Escola sem Partido, não basta ler o Projeto de Lei. É necessário conhecer o que está por trás dele. Para isso, basta entrar no site do programa e em sua página do Facebook. Na rede social, eles indicam a leitura de uma “bibliografia politicamente incorreta”. Um dos livros sugeridos chama-se Professor não é educador, que faz uma dissociação entre o ato de educar, que seria responsabilidade da família, e o ato de instruir, que caberia ao professor. Ou seja, a escola deveria se limitar a transmitir conhecimento, sem discutir valores ou a realidade dos alunos. Isso é um absurdo. 

Dialogar com a realidade do aluno é uma das principais estratégias para tornar o ensino das disciplinas significativo para ele. A meta do programa é proibir a doutrinação em sala de aula. A definição do que chamam de doutrinação pode ser encontrada no site do programa, no setor “Flagrando o doutrinador”. Lá, existe uma lista de atividades em que os alunos devem ficar atentos para identificar o professor que adota essa conduta. “Você pode estar sendo vítima de doutrinação ideológica quando seu professor se desvia frequentemente da matéria objeto da disciplina para assuntos relacionados ao noticiário político ou internacional”, diz um dos itens. É como se o objeto da disciplina pudesse ser dissociado de tudo o que acontece na comunidade, no mundo. Isso não tem fundamento algum. É fácil perceber que, por trás desse projeto, há uma concepção de escola muito deturpada. 

Em 2015, o Escola sem Partido entrou com uma ação legal contra o Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira], órgão do Ministério da Educação responsável pela elaboração da prova do Enem. A prova daquele ano, cujo tema de redação foi violência contra a mulher, foi acusada de promover doutrinação ideológica. Na opinião deles, a temática seria inconstitucional porque o aluno não teria um contraditório possível. Seria obrigado a criticar a violência contra as mulheres. 

O argumento central foi, conforme escrevem no site do movimento, a “inconstitucionalidade da exigência do respeito aos ‘direitos humanos’”. Esse é um exemplo do que eles querem fazer com a educação. Consideram inconstitucional uma prova que defende os direitos humanos. Isso é um escândalo.

O projeto quer estabelecer princípios para a educação nacional. A questão é que a Constituição Federal e a lei de diretrizes e bases já determinam esses princípios. Temos, então, um primeiro problema: como uma lei ordinária quer estabelecer algo que já está na Constituição? E o pior: o projeto amputa dispositivos constitucionais. Ele defende o “pluralismo de ideias no ambiente acadêmico”. 

Na Constituição, o pluralismo de ideias também é defendido, mas ao lado do pluralismo de concepções pedagógicas, que foi intencionalmente excluído do projeto. Eles excluem justamente o elemento atribuído ao professor. Além disso, um projeto de lei tem de ser objetivo e claro para que possa ser aplicado de maneira justa. Não é o caso desse projeto. Ele proíbe a “doutrinação”, mas não define que prática é essa. 

A subjetividade é um elemento de inconstitucionalidade. No projeto, as proibições são formuladas de forma tendenciosa, misturando práticas obviamente condenáveis com as salutares. Por exemplo, no terceiro dever do professor: “O professor não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas”. É obvio que o professor não deve usar a sala de aula para fazer propaganda partidária, mas isso não quer dizer que ele não deva discutir política ou incentivar seus alunos a participar da vida pública. 

Ele não pode estimular o estudante a ir à manifestação x ou y, mas deve incentivá-lo a se manifestar democraticamente em espaços públicos. Isso é importante para a formação da cidadania, além de ser um objetivo garantido no artigo 205 da Constituição Federal.

O Escola sem Partido afirma se basear na Constituição Federal e na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, cujo artigo 12 estabelece que os pais têm direito a que seus filhos recebam educação religiosa e moral de acordo com suas próprias convicções. Essa é uma interpretação absolutamente equivocada da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. 

Ela defende o espaço privado da intervenção do Estado, mas não se refere à prestação de serviços. É claro que, dentro do espaço privado, as famílias têm o direito de educar seus filhos de acordo com suas crenças. O que não pode acontecer é que essas normas invadam o espaço público da escola. O interesse da educação é justamente formar pessoas capazes de conviver com as diferenças, com outros valores e outras culturas. 

O professor não tem como evitar atividades que possam estar em conflito com as convicções dos pais de turmas heterogêneas, com cerca de 30 alunos. Isso amarraria o professor, que ficaria incapaz de discutir qualquer assunto. 

A maneira como o projeto está redigido pode abrir espaço para a proibição de diversas discussões. Se a intenção é proibir atividades que possam ir contra a crença de uma família, é necessário que se defina que crenças são essas. Se não, tudo poderá ser reprimido. Afinal, qualquer afirmação pode ferir alguma crença.

O programa diz que, em sala de aula, o professor tem liberdade de ensinar, mas não tem liberdade de se expressar. Seus representantes afirmam que, se houvesse liberdade de expressão em sala de aula, o docente não precisaria cumprir um programa de conteúdos obrigatórios. É um dos argumentos mais estúpidos que já ouvi. Em qualquer circunstância, qualquer cidadão tem sua liberdade de expressão, que é limitada por apenas leis. 

A obrigatoriedade de conteúdos não tira do professor sua liberdade de expressão. O projeto afirma que “não existe liberdade de expressão no exercício estrito da atividade docente, sob pena de ser anulada a liberdade de consciência e de crença dos estudantes, que formam, em sala de aula, uma audiência cativa”. Ele desqualifica o professor, tirando todos os elementos da sua prática.

O site do projeto cita uma pesquisa do Instituto Sensus que diz que 80% dos professores afirmam proferir discursos “politicamente engajados” em sala de aula. Essa é uma pesquisa com perguntas tendenciosas, cujos resultados não querem dizer nada. A interpretação das respostas também é extremamente tendenciosa e equivocada. 

Assim como o programa Escola sem Partido, essa pesquisa confunde partidarismo e política. Política é ação coletiva no espaço público, ou seja, falar de política não é fazer propaganda partidária. Professores devem falar com os alunos sobre o que está acontecendo no mundo, sobre a atuação deles no espaço comum. 

Ter um discurso politicamente engajado em sala de aula significa que esses professores estão formando para a cidadania. Estão formando alunos que se sintam capazes de mudar o mundo. Essa é a concepção de política com a qual a maioria dos professores trabalha.

O projeto está coberto de incoerências. Como diz o professor Fernando Penna: "é mal formulado, tendencioso e inconstitucional". Não serve para nada. Se tem algo de positivo no projeto é que, depois de arquivado, ele poderá mobilizar professores para uma discussão sobre os limites éticos da sua prática. Essa discussão deve envolver a sociedade como um todo, mas principalmente professores, o que não foi feito até agora. Nem ao longo da elaboração do projeto, nem ao longo de sua tramitação.

Como elaborar um projeto que discute a ética do professor, sem convidar essa categoria para discutir quais os critérios de sua própria atividade profissional?


































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