sexta-feira, 20 de novembro de 2015

O rio agora é uma calha estéril cheia de lama (Por Thiago Muniz)

Na mesma semana em que atentados deixavam Paris, cidade onde mora com a família, em estado de choque, o fotógrafo Sebastião Salgado viu um outro tipo de terror atentar contra o vale de sua infância e as águas que o banham: uma explosão de lama, que já vitimara moradores de Mariana, matava o Rio Doce.

Da China, onde estava, viajou 44 horas até o Espírito Santo para reencontrar o rio pouco antes de seu oxigênio extinguir-se de vez. Homem de ação, venceu o luto: encontrou-se com as empresas, os governadores dos dois estados atingidos, a ministra do Meio Ambiente e a presidente Dilma Rousseff e apresentou uma proposta para recuperar o rio, que envolve recursos da ordem de R$ 100 bilhões.

Parece muito diante das multas aplicadas (que vão para os cofres públicos) e da verba emergencial, mas é um plano realista quanto a padrões de desastres semelhantes no resto do mundo, e considerando os recursos de que a Vale e a Samarco dispõem. Segundo Sebastião, as gigantes do minério estão dispostas a arcar com o custo.

O problema estaria na destinação: como impedir que o dinheiro vá parar no remoinho do sistema ético-político que, como a lama, tudo digere e nada recicla? Nesta entrevista, pistas para a salvação e o testemunho da peregrinação do fotógrafo pelas áreas atingidas.

Relato de Sebastião Salgado:

"As notícias são péssimas. Hoje vim descendo até Colatina, Espírito Santo. Antes, passei por um distrito, Itapina, onde o rio estava morto. Continuei descendo, mais veloz que as águas, e quando cheguei a Colatina, ainda estava lindo, como sempre. Foi a última vez que eu vi o rio vivo. Fui embora e agora sei que morreu.

Olha, é um rio morto, mas morto de uma maneira que é morto mesmo. Tenho um amigo fotógrafo de natureza que estava em Governador Valadares e fotografou uns camarõezinhos fugindo do rio e entrando na terra, para morrer, porque morrer no rio não fazia sentido, não era mais o seu lugar. E umas ostras pequenas, que saíam da água, subiam na pedra (elas têm umas patinhas), mas a pedra estava muito quente. Então voltavam para a água e para a pedra de novo, onde acabavam morrendo. Uma agonia que a gente não consegue descrever. Nunca vi tanto peixe grande morto. Como é um rio nacional, de grandes dimensões, largo, tem peixes imensos. Muitos eu nem sabia que existiam. Ninguém sabia. Agora que o rio morreu, a gente passa a conhecê-los...

Eram peixes de profundidade, habitavam um departamento do rio que ninguém conhecia. Não se deixavam pescar, se protegiam, tinham outra função. Tudo morreu. Agora o rio é uma calha estéril cheia de lama. Uma hora vai decantar, começar a correr, mas sem vida. A vida futura em forma de ovos, plantinhas — está tudo sendo quase que asfaltado. E é a partir daí é que começa a acontecer a coisa mais terrível.

São 230 municipalidades no Rio Doce. Compostas, cada uma, de dezenas de aglomerações urbanas. Pouquíssimas dentre estas cidades têm estações de tratamento, mas o rio normalmente digeria os rejeitos. Agora, vai passar a ser um caudal infinito de bactérias, impossibilitando a ressurreição. Como você vai tratar essas bactérias para consumo humano? Como é que o gado vai beber só bactéria? E a agricultura de irrigação, típica das suas margens? É um desastre difícil de avaliar. São décadas, de 20 a 30 anos para recuperar.

Para o rio volar a viver é preciso construir sistemas de tratamento de esgoto em todas as cidades para evitar que rejeitos de toda natureza cheguem às águas. E construir também um sistema de matas ciliares para fazer o filtro na beirada de todos os córregos e dos pequenos rios. Falo também dos rejeitos químicos naturais: é um rio extremamente mineral, que não tem mais cobertura vegetal. O Vale é lavado pela chuva, com toda essa concentração de minas. Teremos que criar a mata.

As empresas. Através de um fundo, nos termos em que propus nos últimos dias. Estive com os governadores do Espírito Santo e de Minas, e com a presidente Dilma, que é extremamente favorável. As empresas são responsáveis. Não digo só no sentido de serem responsáveis pelo acidente, que em parte são, mas sabem de suas responsabilidades. Tenho certeza de que vão assumir a catástrofe.

R$ 1 bilhão? Pelo menos cem vezes isso! Falamos de R$ 100 bilhões. As multas? Essas vão para os cofres públicos para pagar despesas. Veja, a British Petroleum, por aquele desastre em 2005 no Golfo do México — um dano muitíssimo menor —, pagou US$ 20 bilhões para uma limpeza que durou uns dois anos. No caso do rio Doce, são décadas. As empresas estão de acordo, a presidente está de acordo. Tudo tem que ser estudado pelos órgãos competentes e pelos especialistas. Será um fundo compensatório de recriação e regulação do Vale. Para recuperar uma bacia tão grande quanto Portugal. A Suíça é menor que o Vale do Rio Doce.

Elas têm condições de arcar e vão arcar. A anglo-australiana BHP é a maior do mundo. A Vale é a segunda. Vão arcar porque têm que proteger suas imagens, têm compromissos com sustentabilidade, se esforçam para serem limpas, apesar de serem mineradoras. O problema maior não é esse.

Saber se esse fundo vai ser aplicado em seu destino: o Rio Doce. O dinheiro não pode se transformar em pequena praça pública para campanha de prefeito, não pode se converter em camisetas de grupamentos políticos, e não em natureza refeita. Temos que saber como esse fundo vai ser gerido.

Uma vez criado o fundo, penso que é preciso que seja depositado no BNDES, uma entidade nacional. Como ocorre com o Fundo Amazônia, que é bem gerido através deste banco. Uma vez aprovado o fundo, minha preocupação maior, meu maior medo, é realmente o que o sistema ético-político pode fazer com esse dinheiro. A Dilma acha que tem que fazer (o fundo). É a fiel da balança. Como já disse, falei com governadores, a ministra do Meio Ambiente, empresas. Mas não sou um salvador da pátria. Eu sou um homem do Vale, que dirige a única organização da região com um projeto de replantio e recuperação das nascentes, uma das variáveis, não a única, que tem que ser reconstituída.

Se ele era importante, agora se torna vital. O rio já havia diminuído brutalmente antes do desastre. Agora, a água é essencial para lavar a calha (isto é, o rio). Só esse projeto precisa de R$ 3 bilhões, a custos de hoje, atualizados ano a ano, para recuperar 377 mil nascentes. Já recuperamos mil delas, ou seja, o piloto está pronto, o projeto entrou no BNDES aprovado, mas não tem, por causa do contingenciamento, o dinheiro a fundo perdido necessário. Infelizmente, foi eliminado.

É o vale mais detonado do Brasil. Só tem 0,5% de cobertura florestal. As nascentes já estavam todas morrendo. Mas é delas que virá a fonte da salvação.

Por que aconteceu este desastre? Eu não tenho como explicar, nem cabe a mim. Há mais de 765 barragens como esta em Minas Gerais. Um acidente pode acontecer. E outros podem vir. Você tem um carro? Tenho certeza quase absoluta de que ele saiu de uma dessas minas. A sociedade de consumo em que vivemos faz com que tenhamos minas, com que tenhamos exploração de petróleo. As pessoas gritam porque polui, mas têm seus carros. Mas quem polui mesmo somos nós, é o nosso modo de vida. É este modelo que temos que questionar.

Qualquer coisa que se diga agora é um tiro no escuro. Todas essas minas são feitas para garantir o conforto no qual optamos por viver. As empresas fazem parte de tudo isso. E somos coproprietários às vezes sem saber. Você tem um pouquinho mais de dinheiro, seu gerente vai dizer: “Eu te compro umas ações”. Se você examinar que ações são essas, a Vale e a Samarco estão lá.

Eu estava na China, participando de um encontro da Associação Nacional de Fotógrafos Chineses no interior do país, com 1.200 profissionais. Soube com 12 horas de atraso. Eu já viria ao Brasil, tinha compromissos aqui. Cheguei no dia 10, como planejado, depois de 44 horas de viagem, e no mesmo dia já encontrei o governador do Espírito Santo.

E, três dias depois, explodiam os atentados em Paris, minha residência principal. Em duas semanas, duas tragédias, na minha terra de origem e na minha terra de moradia.

E o atentado foi a 150 metros da nossa casa. Lélia, minha mulher, coitadinha, ficou em estado de choque total. Nossa rua foi bloqueada. Metralhadoras. Só entrava com identidade. A antiga redação do “Charlie Hebdo” também fica pertinho de lá. A gente passa duas vezes por dia pelos bares e restaurantes alvejados. E vamos sempre comer alguma coisa no Petit Cambodge. É a vida. Vamos em frente.

Depois de chegar ao Brasil, meu primeiro reencontro com o rio foi dramático. No território dos índios krenak, um pouco acima da nossa cidade, Aimorés. Um choque brutal. A água que corria não era água. Era um gel. Um gel sem oxigênio. Morto. Por isto estamos clamando para que o fundo seja criado e gerido com responsabilidade. Que não sirva de base para politicagem. E que a população que perdeu o rio, a qualidade de vida, seu manancial, sua pesca, seja o destino de toda a energia. Chamo a atenção mas não tenho poder político. Somos uma pequena ONG que tenta ser referência em valores éticos. Mas tenho medo."

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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para:thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.



domingo, 15 de novembro de 2015

Uma tragédia não anula a outra (Por Thiago Muniz)

Fico imaginando a dor e o sofrimento das pessoas atingidas pelas catástrofes de Mariana e Paris.

Mesmo assim no máximo tento me colocar no lugar das pessoas, sentir o que eles sentem, a perda que eles têm.

Fico enojado em como as pessoas, principalmente por meio das redes sociais, o quanto perde tempo em discutir o grau de importância de uma ou de outra.

Pessoas: Uma tragédia não anula a outra!

Só faltava essa: as pessoas relacionarem o torcedor de futebol ao terrorismo. Tenho ouvido de tudo depois desse atentado na França. É um festival de achismos sensacionais. Há até uma certa graça, um encanto. Pensando bem," achar" é muito melhor, é mais salutar do que declarações avalizadas de especialistas. O mundo da opinião, cheio de preconceitos e por isso mesmo mais humano.

Primeiramente, sim, a opinião é sua, o facebook ou twitter é seu, e você pode postar o que quiser nele. Ninguém está te proibindo de sentir compaixão, medo, consternação. Nada te impede de valorizar tanto a vida das vítimas francesas quanto das vítimas de tantos outros crimes (e se você faz isso, então não tem motivo pra se preocupar com as críticas à solidariedade seletiva) e é claro que você pode e deve se preocupar com os atentados de ontem, porque as repercussões serão globais.

Acredite, ninguém quer que você ignore os ataques da França ou a tragédia ambiental de Mariana, até porque quem faz essas críticas geralmente conhece a sensação de ter suas próprias tragédias ignoradas.

Não se trata de promover alienação, e sim de pensar criticamente. Em outras palavras, o que as pessoas devem se perguntar é o porquê de algumas dores te parecerem maiores do que outras.

Portanto, ao invés de dizer "o facebook é meu e eu posto o que eu quiser", ou de sentir-se atacado por "fiscais de compaixão", simplesmente ouça a pergunta que está sendo feita: por que você se sente impelido a colocar a bandeira francesa no seu avatar e não sente a mesma vontade de mostra a sua solidariedade pelos negros mortos pela pm brasileira, ou não vestiu a bandeira do Líbano quando ocorreu um atentado do ISIS por lá essa semana?

A solidariedade no nosso tempo é seletiva?

"Por coincidência (ou não), a Vale doou mais de 20 milhões de reais na última campanha eleitoral. Também por coincidência (ou não), a Vale produz campanhas milionárias nos principais veículos de imprensa do país. Quem paga o DJ escolhe a música!" ( Chico Alencar )

Hoje é 15 de Novembro, dia da Proclamação da República, e ninguém comenta, ninguém comemora, embora seja, em tese, um feriado. Comemorar o quê, afinal? É uma República que não deu certo.

Um Executivo eleito através de um estelionato e do uso da máquina pública.

Um Congresso e um Senado presidido por picaretas e composto por representantes do poder financeiro: a grande maioria apenas preocupada com seu próprio bem estar, enriquecimento e perpetuação no poder.

Um Judiciário aparelhado e corporativista onde quem tem os melhores advogados distorce as leis para que o crime siga impune.

Quem dera o nosso problema fossem os terroristas islâmicos.

É tão difícil explicar as coisas, tão difícil se fazer entender.

Me incomoda o fato de pesos e medidas diferentes. Não vi esse tipo de manifestação, como por exemplo, colocar a bandeira de Minas na foto de perfil! Ou eu sou Minas,eu sou Mariana!! Mas todos são Paris. Tá!! Não existe peso diferente para tragédias, existe comportamento deferente, ou indiferente, com relação a elas."

Uma das tragédias foi, apesar dos pesares, apesar da negligência, da canalhice e da irresponsabilidade geral, um acidente. Criminoso, mas acidente: ninguém explodiu a barragem de propósito, por mais que o seu rompimento pudesse ter sido evitado. A outra foi um ato de guerra. Eu não mudo o meu avatar para a cara do Santos Dumont quando cai um avião, por mais que lamente a tragédia, porque tragédias acontecem diariamente perto e longe de nós, e todos os dias eu deveria mudar o avatar. Eu mudo o meu avatar quando a civilização que eu prezo e o meu modo de vida são atacados por fanáticos religiosos, para mostrar de que lado estou.

A serenidade do presidente francês, François Hollande, no pronunciamento duas horas depois dos atentados terroristas em Paris me impressionou. Como um líder pode estar sereno ao falar à população, após o segundo ataque ao país num mesmo ano?

Fala-se em seis tiroteios na cidade e três explosões no entorno do Stade de France, o Maracanã deles. O presidente estava no estádio no momento das explosões, assistindo a um amistoso entre Alemanha e França. Era o escrete campeão do mundo enfrentando a seleção nacional. Havia 80 mil pessoas no estádio.

Já são mais de 100 mortos e uma centena de reféns numa casa noturna. E o presidente faz um pronunciamento sereno?! Os franceses, ainda perplexos, devem estar se perguntando sobre o fracasso retumbante da política antiterror.

Três bombas nos arredores de um estádio com 80 mil pessoas dentro e a polícia não evitou nada, não viu nada, não soube de nada. Seis tiroteios coordenados e nenhuma interceptação. 

É isso mesmo?

Impressionante. Apavorante. Desesperador.

Em tempo: Agora, perto da meia-noite (horário de Brasília), os comentaristas começam a chamar atenção para o fracasso das forças de segurança francesas. A 15 dias da Cop-21, elas foram incapazes de detectar a ameaça de ataque. Não impediram nenhum dos múltiplos atentados: invasão de casa noturna, disparos na rua, homens bomba no entorno de um estádio de futebol lotado. Isso num país que sofreu atentados com 17 mortos há dez meses. Hollande terá muito a explicar.

Há lamento e dor que baste para tudo, infelizmente. E há muitos idiotas sobrando no mundo.

A humanidade está doente e esta matando o planeta.






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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.

sábado, 14 de novembro de 2015

O RIO DOCE, um dos MAIORES DO BRASIL, está MORTO! (Por Thiago Muniz)

Infelizmente, o BRASIL ainda não sabe o que está acontecendo em Minas Gerais e no Espírito Santo.

Mas, infelizmente, uma das empresas que operam a Samarco no Brasil é a gigante Vale, a maior mineradora do Brasil, grande financiadora de campanhas publicitárias e políticas, é grande demais para se esconder.

Os veículos de "des-informação", também grandes beneficiadores de verbas publicitárias da empresa e do Governo continuam omitindo fatos e números importantes para amenizar a tragédia. Sugiro que aqueles que tem amigos virtuais em outras cidades, estados e países, informem melhor e alertem o Brasil de que são centenas de milhares de pessoas afetadas pelo fato.

Toda a economia dos municípios está comprometida. As escolas suspenderam as aulas, a agricultura está comprometida, porque não tem chuva, o comércio já quase parou, pois não tem água, nem para os banheiros; bares e restaurantes estão adotando material descartável para servirem, mas não existem panelas descartáveis e essas precisam ser lavadas.

A construção civil também foi afetada; não há água para o banho das pessoas. Hospitais e asilos, presídios e serviços essenciais estão sendo abastecidos por caminhões pipa, que precisam ir a outros municípios para se abastecerem de água, o que está onerando os cofres públicos com o alto consumo de combustível - isso quando conseguem passar pelas estradas bloqueadas pela manifestação de caminhoneiros.

O RIO DOCE, um dos MAIORES DO BRASIL, está MORTO! 

As populações, desde Mariana-MG até Linhares-ES (e depois no Oceano Atlântico) estão sofrendo as consequências do que talvez seja a maior tragédia ambiental, ecológica, econômica, hídrica, já ocorrida no país. E as consequências serão sentidas por muitas décadas. 

Somente em Governador Valadares são 260 mil pessoas afetadas. Alguém já imaginou uma cidade de 260mil pessoas totalmente sem água? E o pior: a água está correndo no Rio Doce, mas completamente envenenada por arsênico, mercúrio e outros metais.

Todos - eu disse todos - os peixes morreram envenendos e já se pode sentir o "cheiro" a kms de distância. Esse é o quadro que o BRASIL precisa saber. Divulguem para que outras tragédias possam ser evitadas. 

Talvez a próxima seja a dos lixões, ou das enormes pastagens que avançam derrubando as florestas, ou quem sabe, as imensas lavouras de soja??? Informem, manifestem a indignação pacífica, sem revolta ou violência. 

Chega de violência contra povo Brasileiro, menos ganância, é o que precisamos. Obrigado por me ler! É apenas o desabafo de um brasileiro e ... ser humano.

PS: Espero que o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) não continue omisso e conivente com a conduta ambiental da Samarco (que pertence à VALE & BPH BILITON) e os danos ambientais e a poluição causada.

Coraçao derretido em lama. Lama que brota das prefeituras, governos dos estados, presidência, congresso, senado, e onde mais esses ratos se enfiam. Meu repudio ao sistema politico brasileiro onde todos os partidos sao cumplices do descaso das mineradoras com meio ambiente. Galera do fora Dilma, fora Aécio e fora a ponte que pariu é hora de uniao e mobilização contra toda essa impunidade perversa. A morte de um rio é a morte de uma terra , é a morte de um povo , é a morte de um país.

Instagram: @belezascapixabas


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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para:thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.



sexta-feira, 13 de novembro de 2015

França em lágrimas (Por Thiago Muniz)

O dia em que a torre Eiffel teve as luzes apagadas em sinal de luto.

Antes que comecem os comentários maldosos... Os refugiados que chegam à Europa estão fugindo justamente dos autores deste terror em Paris.

Impossível não pensar em como tudo vai ficar ainda mais complicado para os pobres refugiados sírios -- independentemente de quem esteja por trás dos atentados.

E não dá para descartar a possibilidade de muitos terroristas terem entrado disfarçados de refugiados.

Não duvido que este resultado tenha sido premeditado e o povo sírio usado - sem saber - como um grande escuto para este fim.

São extremistas de origem muçulmana mas provavelmente com nacionalidade francesa, ouvi de uma rede francesa! Tragédia, mas também pensando nos pobres refugiados sírios.

Muito triste, mesmo fugindo, sendo usados e maltratados. Como vai ficar agora?

"Vivant. Juste des coupures... Un carnage... Des cadavres partout". (Benjamin Cazenoves)

O Estado Islâmico comemora, pela internet, atentados na França. São fundamentalistas hipócritas que usam o nome sagrado de Deus como justificativa pra fazer obras do Diabo. São perversos, cruéis e calculistas. No inferno não tem 7 virgens e felicidade eterna. Vão descobrir que sua jihad irão lhes mandar para o lugar que jamais pensam em estar. O mármore quente da casa do anti-cristo.

O que muitos não sabem ou fingem que não sabem, é que o governo da França envia suas aeronaves com bombas para a Síria diariamente e mata crianças e idosos, o estado islâmico por sua vez revida de forma covarde aos cidadãos Franceses. #Guerra

Na minha opinião essa história de refugiados não passa de plano bem sucedido do estado islâmico estilo Tróia , o plano deles com a Sharia todo mundo sabe!

Já são 112 mortos na França e subindo... Quando começaram a enfiar imigrantes de forma indiscriminada, eu falei que ia dar merda, falei que iria ocorrer vários atentados, que morreria gente inocente... Em troca, fui chamada de xenofóbica, por essa gentinha que nunca pisou os pés na Europa, que não sabe qual a realidade desse povo, que nunca conviveu com esse tipo de imigrante. Querem ser os bons samaritanos de internet, apontar e exigir dos outros, o que nem eles fazem

Obama é um dos grandes estadistas do nosso tempo. Mesmo. Ainda não se sabe nada a respeito dos atentados em Paris, mas ele já disse "presente" e mostrou que está atento ao mundo ao seu redor.

Os taxistas de Paris desligaram os taxímetros para levar o máximo de pessoas possível para casa.

"A evolução não está na aceitação passiva dos dogmas, sejam eles religiosos, políticos ou filosóficos. A evolução fundamenta-se na crítica, até no cinismo, mas nunca na "contemplação" dos deuses fabricados na oficina do medo e da esperança num paraíso ultramundano. Só existe uma vida, um mundo, um trágico destino que pode ser - em parte - amenizado com as armas da crítica." (Guido Mattina)

Na verdade eu vejo humanos e muita humanidade, já pararam para pensar na historia da humanidade? 

Tudo se resume a guerra, conquistas individuais, destruição, poluição e morte, pouquíssima coisa envolve altruísmo, ajudar o próximo, amor a natureza...imaginem uma Terra sem humanos.

A serenidade do presidente francês, François Hollande, no pronunciamento duas horas depois dos atentados terroristas em Paris me impressionou. Como um líder pode estar sereno ao falar à população, após o segundo ataque ao país num mesmo ano?

Fala-se em seis tiroteios na cidade e três explosões no entorno do Stade de France, o Maracanã deles. O presidente estava no estádio no momento das explosões, assistindo a um amistoso entre Alemanha e França. Era o escrete campeão do mundo enfrentando a seleção nacional. Havia 80 mil pessoas no estádio.

Já são 60 mortos e uma centena de reféns numa casa noturna. E o presidente faz um pronunciamento sereno?! Os franceses, ainda perplexos, devem estar se perguntando sobre o fracasso retumbante da política antiterror.

Três bombas nos arredores de um estádio com 80 mil pessoas dentro e a polícia não evitou nada, não viu nada, não soube de nada. Seis tiroteios coordenados e nenhuma interceptação. É isso mesmo?

Impressionante. Apavorante. Desesperador.

Em tempo: Agora, perto da meia-noite (horário de Brasília), os comentaristas começam a chamar atenção para o fracasso das forças de segurança francesas. A 15 dias da Cop-21, elas foram incapazes de detectar a ameaça de ataque. Não impediram nenhum dos múltiplos atentados: invasão de casa noturna, disparos na rua, homens bomba no entorno de um estádio de futebol lotado. Isso num país que sofreu atentados com 17 mortos há dez meses. Hollande terá muito a explicar.

Nada parece deter terroristas. Depois do 11 de setembro, tudo é possível!

Pior é que isso tende a incendiar a xenofobia.

Daqui a pouco vão ter que contratar israelenses e americanos pra treinar e colaborar com as autoridades locais. Lamentável demais, o estômago chega a virar.

Às vezes, me permito dominar pela desesperança. Ao pensar nos ataques ocorridos em Paris esta noite, visualizo o desespero das vítimas, o pânico enquanto terroristas executavam friamente reféns indefesos na casa de shows e, claro, o sofrimento das famílias que perderam seus amores.


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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para:thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.












quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Sobre o desastre ambiental em Minas Gerais (Por Thiago Muniz)

Esta sopa de lama tóxica que desce no rio Doce e descerá por alguns anos toda vez que houver chuvas fortes e irá para a região litorânea do ES, espalhando-se por uns 3.000 km2 no litoral norte e uns 7000 km2 no litoral ao sul, atingindo três UCs marinhas – Comboios, APA Costa das Algas e RVS de Santa Cruz, que juntos somam uns 200.000 ha no mar.

Os minerais mais tóxicos e que estão em pequenas quantidades na massa total da lama, aparecerão concentrados na cadeia alimentar por muitos anos, talvez uns 100 anos.

RVS de Santa Cruz é um dos mais importantes criadouros marinhos do Oceano Atlântico.

1 hectare de criadouro marinho equivale a 100 ha de floresta tropical primária.

Isto significa que o impacto no mar equivale a uma descarga tóxica que contaminaria uma área terrestre de de 20.000.000 de hectares ou 200.000 km2 de floresta tropical primária.
E a mata ciliar também tem valor em dobro.

Considerando as duas margens são 1.500 km lineares x 2 = 3.000 km2 ou 300.000 ha de floresta tropical primária.

Vocês não fazem ideia.

O fluxo de nutrientes de toda a cadeia alimentar de 1/3 da região sudeste e o eixo de ½ do Oceano Atlântico Sul está comprometido e pouco funcional por no mínimo 100 anos!

Conclusão: esta empresa tem que fechar.

Além de pagar pelo assassinato da 5ª maior bacia hidrográfica brasileira.

Eles debocharam da prevenção e são reincidentes em diversos casos.

Demonstram incapacidade de operação crassa e com consequências trágicas e incomensuráveis.
Como não fechar?

Representam perigo para a segurança da nação!

O que restava de biodiversidade castigada pela seca agora terminou de ir.

Quem sobreviverá?

Quais espécies de peixes, anfíbios, moluscos, anelídeos, insetos aquáticos jamais serão vistas novamente?

A lista de espécies desaparecidas foram quantas?

Se alguém tiver informações, ajudariam a pensar.

Barragens e lagoas de contenção de dejetos necessitam ter barragens de emergência e plano de contingência.

Como licenciar o projeto sem estes quesitos cumpridos?

Qual a legalidade da licença para operação sem a garantia de segurança para a sociedade e o meio ambiente?

Mar de lama... mas não seria melhor evitar que a lama chegasse ao mar?

Quem teve a brilhante ideia de abrir as comportas das barragens rio abaixo em vez de fechá-las para conter a lama e depois retirar a lama da calha do rio?

Quem ainda pensa que o mar tem o poder de diluição da poluição?

Isto é um retrocesso da ciência de mais de 1 século!

Sendo Rio Federal a juridição é do governo federal portanto os encaminhamentos devem serem feitos ao MPF.

Palavras de André Ruschi (filho de Augusto Ruschi)
Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi
Aracruz, Santa Cruz, ES

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A dimensão dessa tragédia é assustadora. Danos ambientais são irreversíveis.

Na minha ignorância eu pensei exatamente isso.

Uma barragem de proteção para casos de rompimentos. Muito lógico!! 

Por que não se prevê nada neste país? 

Por que se colocam pessoas desqualificadas em funções de tanta responsabilidade? 

Existem instruções de segurança a serem seguidas já adotadas em outros países com sucesso, e por que não se aplicam aqui? 

Temos inúmeras mineradoras, teremos medo daqui pra frente. E isso basta? Ter medo? 

Onde está esse governo, onde estão os ministros? Queremos vê-los e ouvi-los! 

Mas, estão ocupados, entregando uma dúzia de casas a mando do ex que só pensa em engambelar o povinho humilde e analfabeto desta terra infeliz.

O Ministério Publico Estadual já está tomando medidas, tem promotores de justiça no local, acompanhando, gente que mora e conhece a região, já tem ação civil publica cautelar, com medida deferida, para que a empresa adote medidas, a fim de que o poder publico não tenha que arcar com custos das operações.

Como a justiça no Brasil é falha, não haverá punição para os causadores desta tragédia. Serão punidos somente os que perderam tudo. Jamais receberão de volta seus lares, suas pequenas hortas, plantações, animais que criavam com amor e em muitos casos serviam como sustento. A vida pacata dos pequenos distritos onde tudo era familiar. Isto sem contar filhos, maridos, parentes queridos que jamais voltarão.

Muito provavelmente técnicos ambientais, devidamente "pagos" pelo governo irão fazer testes periódicos e afirmar categoricamente que nenhum desses locais ficou contaminado, que não há nada errado com a fauna e flora marinha, que tudo continua como se nada tivesse acontecido. Vergonha!!

Rejeito de mineração funciona como ‘cimento’, e vai acabar com a pesca em grande parte da calha do rio, segundo Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão.

Os danos ambientais em consequência do rompimento da barragens de rejeitos na localidade de Bento Rodrigues, em Mariana, serão permanentes e vão acabar com a pesca em parte dos rios Guaxalo do Norte e Rio do Carmo, que desaguam no Rio Doce.

O próprio Rio Doce, por sua vez, também pode ser afetado pelo grande volume de lama de rejeito da mineração, e terá a vida aquática comprometida.

Esse material é inerte, e nele não nasce praticamente nada. Ele recobre o leito e as reentrâncias e pedras do fundo do rio, mudando radicalmente todo o ecossistema”, destaca.

O resultado da camada de ‘cimento’ sobre o rio é que, além de matar peixes, algas, invertebrados, répteis e tudo o que recobriu, a lama acaba com os locais onde estas espécies se abrigavam e reproduziam. Buracos em pedras, altos e baixos do rio são aplainados e recobertos com o material viscoso.

O leito do rio se torna praticamente estéril.

E agora, onde está o governador de Minas Gerais, os senadores de Minas Gerais ???? Não estão nem um pouco preocupados com esse impacto.

A mineradora Samarco, joint venture da Vale com a australiana BHP Billiton, teve um lucro líquido de R$ 2,8 bilhões em 2014. Ou seja, limpinhos!

Como se sabe, o Brasil é uma “mãe” para as mineradoras. A Agência Pública fez uma reportagem interessante a respeito, quando Marina Amaral perguntou: Quem lucra com a Vale?

O “pai” das mineradoras é Fernando Henrique Cardoso. Em 1996, com a Lei Kandir, isentou de ICMS as exportações de minérios!

O que aconteceu com a Vale, privatizada a preço de banana, é o mesmo que se pretende fazer com a Petrobras: colocar a empresa completamente a serviço dos acionistas, não do Brasil.

O que isso significa?

Auferir lucros a curto prazo, custe o que custar.

A questão-chave está no ritmo da exploração das reservas minerais.

Num país soberano, o ritmo é ditado pelo interesse público. É de interesse da população brasileira, por exemplo, inundar o mercado com o petróleo do pré-sal, derrubando os preços? Claro que não.

Quem lucra, neste caso, são os países consumidores. Os Estados Unidos, por exemplo. Portanto, quando FHC privatizou parcialmente a Petrobras, vendendo ações na bolsa de Nova York, ele transferiu parte da soberania brasileira para investidores estrangeiros. Eles, sim, querem retorno rápido. Querem cavar o oceano às pressas, até esgotar o pré-sal.

É a dinâmica do capitalismo!


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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para:thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.














quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O Brasil está à venda para as multinacionais (Por Thiago Muniz)

Não paramos de vender nossas empresas.

Hoje anunciaram a venda, ainda parcial, da Hypermarcas. 

Para que vendemos? 

Para cobrir nossos déficits em conta corrente, e, em seguida, passarmos a transferir bilhões e bilhões de dólares para suas matrizes. Mas as empresas multinacionais não são boas para o país? Não trazem elas o capital de que tanto necessitamos, de forma que com o aumento da produção e das exportações, podemos pagar seus lucros e ficarmos nós com os empregos? É isto que seus economistas e os economistas liberais brasileiros nos dizem. E acreditamos.

Eles começam nos dizendo que devemos ter déficits em conta corrente, porque eles são "poupança externa" que se soma à poupança interna e aumenta o investimento total do país. Não é verdade. Em primeiro lugar, NÃO devemos ter déficits em conta corrente, porque eles implicam uma taxa de câmbio mais apreciada, que desestimula o investimento, e, portanto, implica uma alta taxa de substituição da poupança interna pela externa; o que o financiamento do déficit afinal faz é financiar consumo, não investimento. 

Segundo, quando um país tem doença holandesa (uma apreciação de longo prazo da taxa de câmbio causada pela exportação de commodities), como é o caso da maioria dos países em desenvolvimento (exceto os países do Leste Asiático, que já se tornaram ou estão se tornando desenvolvidos), é fácil demonstrar que, para neutralizá-la, colocando a taxa de câmbio no lugar certo, ele deve ter um superávit, não um déficit, em conta corrente.

Logo, embora tenhamos falta de capitais, nós não precisamos de capitais externos porque eles afinal financiam o consumo, não o investimento, e representam um alto custo para o país.

Mas por que acreditamos? Porque o Império tem um grande "soft power", uma forte hegemonia ideológica - uma grande capacidade de persuasão - graças a várias coisas. Primeiro, porque os países que o constituem, comandados pelos Estados Unidos, são os países ricos que gostaríamos de ser. E nos sugerem que, para isso, devemos fazer o que eles nos recomendam, adotando o liberalismo econômico, embora, quando eles estavam no mesmo nível de desenvolvimento do Brasil, há muito tempo atrás, eles adotassem uma estratégia desenvolvimentista que eles hoje condenam. 

Segundo, porque, nossos economistas mais importantes são quase todos formados em suas universidades. Terceiro, porque nossas elites são dependentes, preferindo se aliar às elites dos países ricos, ao invés de se aliar o nosso povo. Quarto, porque nossos políticos são populistas, pensam no curto prazo, e percebem que podem se reeleger mais facilmente com uma taxa de câmbio apreciada. Quinto, porque mesmo nos intelectuais e políticos nacionalistas não conhecem o que estou afirmando, e, portanto, não são capazes de fazer a crítica ao crescimento com déficits em conta corrente e financiamento externos. Sexto, porque nosso povo é ingênuo e aceita o benefício no curto prazo - o aumento de sua capacidade de consumo - não sabendo quão caro lhe custa essa ingenuidade e essa preferência pelo consumo imediato.

Mas isto não significa que eu seja contra as multinacionais.

O que eu sou profundamente contra é aos déficits em conta corrente que nos fazem "precisar" das multinacionais. 

A China, que tem sempre superávits em conta corrente, recebe multinacionais. 

Mas não para financiar déficits e apreciar o câmbio, e, sim, para aumentar suas reservas ou então para completar o financiamento dos seus próprios investimentos diretos, que hoje são quase tão grandes quanto aqueles que a China recebe.

No Brasil dose compra se for parcelado, cada vez mais estamos endividados.

O consumismo só vale em países de primeiro mundo, aqui não se tem tudo que precisa e se tem não tem qualidade se troca rápido e não se ganha pra tanto. Quando termina de pagar um divida tem mais duas esperando.

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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.