sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Que tiro no pé hein...Estácio de Sá (Por Thiago Muniz)

Antes de começar essa coluna, quero deixar bem claro a gratidão que eu devo a Universidade Estácio de Sá, tanto como profissional, pois eu trabalhei lá e deixei grandes colegas e alguns amigos que levo até hoje. E como aluno, pois sem ela eu não teria o meu diploma de ensino superior.

Pois bem...

Mas as épocas eram outras. Eu trabalhei no Recursos Humanos da Estácio durante 2 anos, entre 2005 a 2007. Nesse último ano, a empresa estava se preparando para abrir capital no mercado financeiro, se estruturando para se tornar uma S/A. Não sei detalhes técnicos pois não é minha especialidade, só sei que era isso que aconteceu de fato. Houve até uma auditoria para analisar e redesenhar todos os processos internos da empresa, procedimento que toda uma empresa de porte grande privada está sujeita a acontecer.

Pois é...

Ao final do ano de 2007, por um provável consenso entre dos conselheiros superiores da empresa, foi ordenado a demissão em massa na empresa. Eu fui um deles.

Recebi a carta de demissão, assinei, fiquei chateado obviamente, mas antes de ir embora em definitivo o meu gerente se despediu de mim e pediu para que eu comparecesse numa reunião em janeiro de 2008 em que o patrono da empresa (in memoriam) faria com os demitidos, quem quisesse comparecer pois era facultativo. Fiquei bastante curioso nesta reunião e resolvi ir; afinal nunca tinha visto ele, era para mim quase que uma lenda, tipo uma mula sem cabeça dono de uma empresa.

Pois bem...

Resolvi comparecer a reunião, encontrei com o meu (ex) gerente, ele agradeceu por eu ter comparecido e eu sentei para aguardar. Não sei exatamente o total de demitidos mas acredito que nem 1/3 dos demitidos compareceram. Depois de uns 20 minutos após a hora marcada, o patrono entra na sala, bem quieto e se juntou na frente de todos para falar. Explicou desde a fundação da Estácio até os momentos em que a empresa estava passando. E ao final garantiu que todos os desligados seriam readmitidos da empresa durante o ano de 2008. Sinceramente as palavras dele não me comoveram, teve pessoas que até o aplaudiram; mas um fato eu fiquei surpreso. Antes de ir embora o meu (ex) gerente me pediu para aguardar uma ligação em fevereiro.

Pois é...

Recebi uma ligação do RH em fevereiro, conforme o meu (ex) gerente prometeu, me perguntou se eu tinha interesse numa possível volta a empresa. Como eu ainda não tinha terminado a faculdade, optei que sim e fui para uma entrevista numa das unidades acadêmicas, na época era a unidade Nova América, localizada dentro do shopping de mesmo nome. Fui bem recebido pelo gerente administrativo, tivemos uma conversa ótima, ele não escondeu as realidades que a filial estava passando (inclusive o salário menor que eu tinha, óbvio!) e mesmo assim aceitei o desafio. Era um horário em que daria para me dedicar mais aos estudos, conciliou que eu pudesse fazer mais disciplinas e consegui terminar a faculdade antes da minha previsão. Lá também deixei grandes colegas e alguns amigos que levo até hoje.

Pois bem...

Contou, relatou, e daí?

Quero explicar que o capitalismo é agressivo e cruel, mas as tomadas de decisões não podem ser feitas através de resultados e metas em planilhas sem contar com o aspecto humano, pois são as pessoas que movem a engrenagem das empresas, a mecatrônica está substituindo cada vez mais funções em detrimento dos humanos, talvez daqui a umas décadas a inteligência artificial assuma tomadas de decisões, o que na minha opinião será o caos mundial.

Pois é...

A Estácio em âmbito nacional, demitiu de maneira inadvertida, aproximadamente 1.200 professores, cerca de 12% de todo seu corpo docente, em favor da nova Reforma Trabalhista é um desastre sem tamanho. Foram centenas de profissionais competentes, dedicados e muito qualificados, que foram dispensados da forma mais cruel possível. Essa Reforma Trabalhista é uma semi-escravidão institucionalizada, praticamente o Congresso Nacional rasgou a Consolidação das Leis Trabalhistas. Isso está sendo inadmissível, uma afronta contra os direitos trabalhistas; e o que a sociedade faz? Nada! A sociedade está anestesiada, me dá a impressão que está chancelando todas as reformas que estão prejudicando a nós mesmos.

Pois bem...

Não estou surpreso com a quantidade de amigos que estão sendo DEMITIDOS nesta reta final de ano. Parabéns aos paneleiros e depreciadores da democracia, a Reforma Trabalhista ainda poderá bater na sua porta.

Pois é... Universidade Estácio de Sá.

Pelo menos na minha época o patrono (in memoriam) deu a cara a tapa, como empresário ele não tinha a menor obrigação de fazer aquilo, correria o risco até de tomar uns tapas, mas saiu aplaudido. Desta vez com a variação de resultados, planilhas, metas, Kpi´s, atribuições; acredito que até o telegrama de desligamento foi suspenso por contenção de despesas. Na minha época eu recebi todas as verbas rescisórias e FGTS sem problemas. Desta vez não podemos garantir aos atuais desligados.

Pois bem... Universidade Estácio de Sá.

De acordo com nota da assessoria de imprensa da companhia, "todos os profissionais que vierem a integrar o quadro da Estácio serão contratados pelo regime CLT, conforme é padrão no grupo". A nova lei trabalhista formalizou o trabalho intermitente, permitindo que as empresas criem um banco de funcionários que podem ser acionados quando houver demanda.

Pois é... Universidade Estácio de Sá.

Que tiro no pé hein...





























BIO


Thiago Muniz é colunista do blog "O Contemporâneo", dos sites Panorama TricolorEliane de Lacerdablog do Drummond e Mundial News FM. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.