domingo, 2 de setembro de 2018

O último a sair apaga a luz: Museu Nacional (Por Thiago Muniz)

Como deixaram acabar com o Museu Nacional? 200 anos de pura história virando guimba.

O sentimento é de INÉRCIA. Profunda TRISTEZA. Muita REVOLTA com o descaso a nossa história. HORROR com o caos predominante. O DESCASO era notório.

Tristeza profunda com o incêndio do Museu Nacional. Passei minha infância tendo a Quinta da Boa Vista como o espaço mais agradável dos meus passeios. Tudo fica na memória. Lamentável o descaso dos governos. Incalculável a perda. A falta de investimento em cultura e no patrimônio público tem consequências dramáticas.

Um dos dias mais tristes da minha vida. Um acervo inteiro repleto de peças históricas, obras de arte, pesquisas, fontes e documentação viraram cinzas. O zelo pela memória é um ato político. Vocês estão vendo em forma de tragédia anunciada a importância de um voto. O governo ignorou centenas de vezes o apelo dos funcionários do museu por uma restauração, o governo reduziu drasticamente o orçamento destinado a cultura. Não podemos “deixar a história para lá”, aprendam. Não é difícil.

Há muitas décadas esse museu vinha agonizando, mas exceto os historiadores, arqueólogos, biólogos e outros profissionais que sabiam da importância deste espaço, quase ninguém se importou. Alguns até davam gargalhadas e do alto da respectiva estupidez reacionária, proferiram em alto e bom som que se dependesse deles, acabariam com este e todos os outros museus. "Cultura e história não dão camisa a ninguém!" Diziam eles.

Podem comemorar corruptos e reacionários. Os desejos de vocês estão sendo atendidos. Agora, estou aguardando e deduzindo o arsenal de hipocrisia e demagogia que será despejado por muitos candidatos diante do que ocorreu. Se valesse prêmio adivinhar o que vão dizer, garanto que ficaria rico.

Vão fingir lamentações, prometer recursos para a cultura e blá blá blá. O fato é que um dos mais importantes aparelhos de cultura do país se foi. O resto é questão de tempo. O incêndio que destrói o Museu Nacional neste momento, na Quinta da Boa Vista, simboliza os tempos obscuros que vivemos no Brasil e o fim da Ciência promovido pelos canalhas golpistas. Parabéns a quem apoiou a destruição do país.

Isso era uma tragédia anunciada. Não importa agora questionarmos se foi criminoso ou mera fatalidade. O que importa agora é termos a noção que um dos acervos históricos do nosso país se foi, da mesma maneira que estão definhando com a nação.

Aos que não sabem, o Museu Nacional em termos de acervo era o quinto maior museu do mundo...

Não sei o que virá de pior, tempos sombrios.

Sem palavras...

" O Museu Nacional arde em chamas agora. A mais antiga instituição cientifica do país e guarda em seu acervo mais de 20 milhões de itens. Idealizado por D. João VI, o museu que ocupa um prédio histórico, o palácio de São Cristóvão, completou 200 anos em junho deste ano. Logo que foi criado, serviu para atender aos interesses de promoção do progresso cultural e econômico do país. Ele guardava muitas preciosidades como o mais antigo fóssil humano já encontrado no país, batizada de "Luzia", que fazia parte da coleção de Antropologia Biológica. Para vocês terem uma noção da importância histórica, o Museu Nacional foi palco para a primeira Assembleia Constituinte da República no final do século dezenove que marcou o fim do império no Brasil. Esse incêndio não pode ser considerado um acidente. Recentemente visitei o Museu e fique assustada de como ele estava abandonado. Isso é fruto de mais um descaso de nossos governos com a cultura e a educação. Muitos não sabem, mas ele está há pelo menos três anos funcionando com orçamento reduzido. Chegaram a anunciar, pasmem, uma "vaquinha virtual" para arrecadar recursos junto ao público para reabrir a sala dos dinossauros. A meta era chegar a R$ 100 mil reais. Não é um prédio pegando fogo que estamos vendo. É a nossa história sendo apagada. Dor. Só dor aqui.
(Elika Takimoto)

" Não precisamos de educação, cultura, história, não, não precisamos de absolutamente nada disso. Só precisamos de grandes líderes neoliberais, inflação de dois dígitos, mercado totalmente livre, nenhuma lei de proteção ao trabalho, ao trabalhador, não, não precisamos de nada disso, é tudo besteira, afinal pra quê história, aquela coisa mofada, múmias, roupas e estátuas envelhecidas, pra quê.Não precisamos de professores de história, então pra que alunos, não, nada disso importa, importa sim, reduzir toda a verba ou orçamento da cultura, todos os benefícios, importa sim libertarmos o mercado, afinal ele se ajusta naturalmente, pra quê levar nossos filhos ao museu? Pra ver índio pelado, negro açoitado, coisa de velho. Precisamos sim de queimar todos os livros, todos os projetos educacionais, precisamos de armas, muitas armas, muita munição, muito sangue, afinal é isso que o povo brasileiro está pedindo, é isso que estamos produzindo. Deixa o museu queimar né, deixa os falsos profetas tomarem o poder, deixa a privatização se preocupar com seus lucros. Aos 59 anos digo com tristeza, nós, todos nós merecemos tudo o que temos de ruim aqui nesse país pq batemos Palmas pra maluco dançar e apoiamos projetos de destruição, infelizmente. Não, não há espaço pra revolta, revolta sem termos feito absolutamente nada? Não, não temos esse direito, se fizermos uma pesquisa rápida aqui, quantos de nós fomos a um museu esse ano, quantos de nós lemos um livro, assistimos uma exposição de arte qualquer, fomos a um show de um artista da nova geração e desconhecido, sim, aquele fora da fama da TV, ficaríamos envergonhados com o resultado dos números. Nelson Rodrigues, sempre ele, dizia, "O mineiro só é solidário no câncer", confesso que nunca entendi muito bem, porém quando assisto comoção depois do caldo entornado, da vaca ir pro brejo e do leite derramado, posso entender um pouquinho. Não somos nada solidários, somos individualistas egoísticamente falando, somos duros com os pobres, os famintos nas ruas, mas arriamos às calças pro rico e bem nascido, não somos um povo "legalzinho" e muito menos "bonzinho", somos cruéis, queremos ver corpos e sangue derramados, mas não queremos que sejam os dos nossos filhos, queremos os dos filhos do outro, do desconhecido, jamais seremos uma nação, continuaremos sendo um bando de ajuntados por conta da colonização, e não me venham dizer que a culpa é de Portugal, reconheço toda a capacidade dos patrícios, afinal, não fossem eles não teríamos esse gigante chamado Brasil. Ahhh tá pegando fogo, foi destruído o acervo da história do nosso país e da humanidade ajuntado por Pedro, João? Ainda tem muito mais pra pegar fogo e ser destruído, lá na Dom Hélder Câmara tem um, a última sede de fazenda cafeeira do Rio de Janeiro, pertinho do Norte shopping, ah o shopping nós conhecemos né, sim, lá tem a remanescente da Fazenda Capão do Bispo, procure saber, temos ainda muito mais, aliás o Rio de Janeiro é repleto de museus, bibliotecas, patrimônios da nação que não são visitados e muito menos valorizados, ah que pena que nós não tivemos tempo de conhecer né, ah sim, tem o Louvre, podemos ir até lá e aproveitamos para fazer uma selfie na Torre Eiffel.
(Silvio Almeida)

" As chamas que destruíram o Museu Nacional já têm ardido em todo o país. São os trabalhadores tratados como lixo por seus patrões, humilhados e postos para correr. Os pobres humilhados diariamente na entrada e saída de favelas pelo poder público. Os doentes amontoados nos hospitais. As balas assassinas que matam inocentes e policiais, mortos por armas traficadas por outros policiais. O Brasil incendiado pelo ódio primitivo dos verdadeiros homens das cavernas, loucos para que morram 150 milhões de brasileiros, mas sem coragem para admitir publicamente - por isso odeiam as políticas sociais mas não possuem propostas para o caos brasileiro, simplesmente porque não têm hombridade para dizer o que pensam. Ratos passando por cima de crianças, gente dormindo em esgotos, gente morrendo de fome. Armas para todos, nas quatro patas. Cem milhões de mortos-vivos, enquanto os grandes salões corporativos comemoram vitórias às custas de ruínas. Diante deste cenário macabro, quem chora o Museu são os poucos, são os bons, são os que sabem o tamanho da tragédia. Vai ter gente dizendo que o Museu Nacional não faz falta, porque tem Jornal Nacional todo dia. "
(Paulo-Roberto Andel)






























BIO


Thiago Muniz é colunista do blog "O Contemporâneo", dos sites Panorama TricolorEliane de Lacerda Mundial News FM.



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