segunda-feira, 15 de maio de 2023

Sobre a manipulação de resultados (Por Thiago Muniz)

Primeiramente quero deixar bem claro que a prática de se apostar é antiga, vem desde a Idade Média (talvez mais antiga!) com as batalhas, corridas e jogos aparentemente inofensivos. Apostar não é uma prática ilícita, é uma forma de fazer dinheiro de maneira rápida, dependendo do jogo existe probabilidades maiores ou menores.


Quando falamos em apostas de jogos esportivos, dependemos exclusivamente do fator humano; seja na aposta de números de forehands no tênis, número de escanteios no futebol, quantidade de cestas de 3 pontos no basquete, entre outros. Os tipos de apostas são quase infinitos, pode-se apostar diversos fatores. Eu mesmo por exemplo da última vez que apostei num site online foi na final da Champions League 2022 entre Real Madrid contra Liverpool, partida disputada em Paris. Eu apostei 20 reais (e teria retorno de 18 reais, totalizando 38 reais) em que o meio campista Toni Kroos faria pelo menos 1 assistência durante a partida. Vi nas estatísticas que o Kroos teve um bom rendimento de assistências durante a temporada. Moral da história: Kroos não fez uma boa partida, o Real Madrid ganhou a partida por 1x0 com gol de Vini Jr e assistência de Valverde; perdi meus 20 reais. Ok! Faz parte, são regras do jogo. Se ganha ou se perde. Apostar não é ilegal. 


O que eu achei estranho foi o crescimento e surgimento de sites de apostas online dominando a praça Brasil. O mais estranho é ver essas empresas com vínculo aos clubes de futebol, desde publicidade à patrocínio master. Na minha visão eu enxergo um completo conflito de interesses mercadológicos, deveria haver um mecanismo jurídico para travar ou para se criar uma fronteira até onde poderia ter certos vínculos. O pior é ver uma grande parte dos clubes brasileiros já se tornando dependentes financeiros desses sites de apostas, o que chega a ser insano.


Quando eclodiu esse escândalo de manipulação de resultados isso não me surpreendeu. E essa prática não é de ontem, basta olharmos o começo dos escândalos de manipulação de resultados em divisões menores pelos estados há poucos anos atrás. E essa patifaria foi só subindo os degraus chegando a série B do campeonato brasileiro e se averiguar mais poderá chegar a série A. 


Não é proibido os jogadores receberem essas propostas, assim como não é proibido jogar; mas ao meu ver deveria também haver um mecanismo de proibir o jogador de apostar; ou ele é atleta ou ele é apostador. A partir do momento em que o jogador aposta em si mesmo levantando a tese de sua própria performance ao meu ver é prática criminosa. É o mesmo que o cavalo apostar na sua derrota e ao final não ganhar a corrida. Manipular resultado é crime. 


Toda e qualquer aposta você tem mais probabilidade do azar do que de sorte, romanticamente falando; e quando você está na prática da manipulação você retira aquele "percentual de sorte" que um outro apostador teria caso apostador num resultado diferente.


Reitero que os jogadores devam ser punidos; por mais que estivessem numa intenção inofensiva de fazer um capital rápido; eles tem que entender o significado de ética, principalmente no âmbito esportivo mas que leve isso para a vida já que a vida útil de um atleta é curto e há uma vida pela frente.


Devemos educar nossos atletas a não seguirem caminhos tortos, por mais que sejam atraentes a curto prazo.


E devemos também debater esse envolvimento cada vez mais profano dos sites de apostas com os clubes. Se isso não for investigado e resolvido logo, chegará nas mãos da FIFA e talvez os danos disso não serão confortáveis, não temos mais João Havelange para colocar a sujeira para debaixo do tapete.


Sigamos os próximos capítulos.




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