domingo, 30 de agosto de 2015

Galán: o político que não se vendeu a Pablo Escobar (Por Thiago Muniz)

"Ni un paso atrás, siempre adelante.
(Luis Carlos Galán)

A noite de um sexta-feira 18 de agosto de 1989 o narcotráfico e os seus vínculos com o poder político conseguiram outra vitória na Colômbia. O candidato à Presidência Luis Carlos Galán, um liberal que tinha prometido lutar contra o crime organizado no país em tempos de Pablo Escobar, morria crivado a balas quando se dispunha a dar um dos seus famosos discursos.

O assassinato foi uma tragédia que marcaria para sempre a história de um país que vivia momentos terríveis de violência com o auge de Pablo Escobar e seus sequazes, o cartel de Medellín, quem tinham alcançado estabelecer fortes vínculos com as altas esferas políticas colombianas.



Galán, liberal e ex-ministro de Educação do Governo de Miguel Patrana, queria desafiar à dinâmica que governava a Colômbia e sob a frase: "Nem um passo atrás, sempre adiante, e o que for necessário, será", decidiu defender até o final a luta contra a corrupção, a violência e o narcotráfico.

"Apesar de que era um menino, lembro o que estava acontecendo. Os assassinatos de Rodrigo Lara (ministro de Justiça), Jaime Pardo Leal (da União Patriótica), Guillermo Cano (jornalista). Todos em casa sabíamos que papai era um homem ameaçado e que a Colômbia sofria com os violentos", rememora o seu filho Carlos, segundo o diário colombiano 'El Espectador'.

A sua família lembra Galán, como um "mamagallista (brincalhão) por natureza", mas cujo caráter teve que mudar à força, quando sofreu a primeira tentativa de assassinato, em 4 de julho de 1989. As autoridades lograram deter os culpados, mas desde então os seus dias estavam contados.

Aquele dia fatídico a mulher de Galán, Gloria, lhe tinha insistido para que não fosse à uma manifestação em Soacha, no sul de Bogotá. Tinha medo depois do atentado frustrado que haviam preparado contra eles e depois dos assassinatos uns dias antes do magistrado Carlos Valencia García e do coronel Valdemar Franklin, na Antioquia.

Ignorando os conselhos da sua família, Galán dirigiu-se a Soacha disposto a pronunciar um discurso. Cumprimentou a multidão que o esperava e subiu a uma improvisada tarimba, onde lhe esperavam os seus assassinos. De repente se escutou a primeira rajada de balas. As televisões colombianas captaram aquele momento histórico que tirou a fala dos seus espectadores e que afundou mais ainda na escuridão a uma Colômbia que, por aquele então, nunca se tirava o luto.

Ainda que uma boa parte do país critica a impunidade do assassinato do líder liberal, a Promotoria tem uma lista de condenados e uma hipóteses clara sobre os motivos deste crime, que estaria vinculado com outros quatro magnicídios.

Após anos de investigação, e após o assassinato de oito dos testemunhas do caso, entre eles os próprios sicários, os fiscais sustentam que Galán foi assassinado por uma aliança criminal entre inimigos, que sob a liderança de Pablo Escobar pretendiam acabar com aqueles líderes contra o crime organizado que tivessem possibilidades de alcançar o poder.

Entre os já condenados e acusados do caso encontram-se o narcotraficante John Jairo Velásquez, alcunhas 'Popeye'; o ex-ministro Alberto Santofimio Botero; os coronéis da Polícia Manuel Antonio González; o ex-comandante do primeiro distrito de Soacha Luis Felipe Montilla; além do general em retirada Miguel Maza Márquez, quem recentemente foi julgado, entretanto não tem a condena aplicada.

Segundo a Promotoria, entre as testemunhas e implicados no caso que foram assassinados ao longo dos anos estaria o responsável do homicídio.

Sobre os avanços e obstáculos que teve a investigação pelo assassinato de Galán, o seu filho Carlos falou também de supostos vínculos do clã dos Ochoa com o assassinato do seu pai, segundo informou Caracol Rádio.

Outro membro da família, o ex-vereador de Bogotá e irmão do liberal, Antonio Galán, destacou que desde o princípio das investigações forças escuras levaram para outros setores as investigações e fizeram que inocentes fossem à prisão por um delito que não cometeram.

Segundo os investigadores do caso, há uma carta que no próximo 22 de outubro, quando se adiante um julgamento contra os dois coronéis implicados, poderia dar novas pistas do crime.

A carta é o testemunho de um cabo da Polícia que fazia parte do grupo motorizado que encarregava-se da segurança na praça de Soacha para o evento de Galán.

Supostamente, esta testemunha teria informação de quem ordenaram alterar a segurança do candidato presidencial e tiveram o poder de manipular os relatórios da Polícia de Soacha.

Este testemunha, identificado como José Ariza Lancheros, teria permanecido escondido e com segurança durante vários anos e, aparentemente, teria provas para resolver um dos magnicídios a mãos de cartel mais importante e mais controversos do país.

Em resposta, o governo ordena a prisão de numerosas propriedades pertencentes aos chefões do cartel de Medellin e o fechamento da fronteira para impedir a fuga dos traficantes. A máfia, por sua vez, dinamita as sedes dos partidos Liberal e Conservador e multiplica as ameaças de morte. Uma nova guerra entre o governo colombiano e a máfia da droga estava começando.

Em 1982, Pablo Escobar, um homem muito rico, nascido em Antióquia e de antecedentes desconhecidos, era inicialmente membro do Partido Novo Liberalismo de Galán. O senador conhecia detalhes sobre suas atividades ilegais e publicamente o rejeitava diante dos milhares de apoiadores de Antioquia e de toda a Colômbia.

Galán continuava com sua ascendente carreira, abstendo-se, porém, de concorrer às eleições de 1986 a fim de evitar as divisões dentro do seu partido, sendo, no entanto, reeleito uma vez mais como senador. Isso permitiu ao Partido Liberal reconquistar a presidência com a eleição de Virgílio Barco, mas com um terrível custo:o partido perdeu 50% dos votos conquistados na eleição anterior. 

Foi somente com a mediação do ex-presidente Julio César Turbay que Galán retornou ao partido em 1987 tentando ganhar a indicação para candidato presidencial.

Galán estava crescentemente incomodado com a violência e a corrupção que os cartéis da droga, chefiados por Escobar e Gonzalo Rodriguez, impunham à Colômbia.

Ele tentava respaldar o débil governo de seu correligionário buscando contrabalançar o poder de seus perigosos inimigos.

De acordo com relatos, as primeiras ameaças de assassinato foram chamadas telefônicas feitas diretamente para a residência de Galán. Folhetos foram deixados na caixa de correio ameaçando matar ou sequestrar seus filhos. Uma tentativa de matar Galán com uma lança-granadas fracassou quando visitava Medellin em 4 de agosto de 1989. A tentativa foi frustrada pelos homens de Waldemar Quintero que foram avisados. Quintero era o comandante da Polícia Nacional Colombiana em Antióquia e, como Galán, havia sido prefeito de Medellin.

Após esses acontecimentos, Galán e sua família restringiram seus deslocamentos especialmente durante a noite. Dias depois, o staff de Galán recebeu informação da inteligência colombiana alertando-o da presença em Bogotá de um grupo de sicários com a intenção de matá-lo. A equipe o aconselhou a não viajar à cidade de Soacha e que o deslocamento para Valledupar era mais recomendável, uma vez que também estava agendado para participar de um jogo de futebol do qual a seleção estava participando. No último momento, Galán mudou de ideia e ordenou que seus assessores preparassem a viagem para Soacha.

Galán foi morto enquanto caminhava em direção ao palanque, prestes a falar a uma multidão de 10 mil pessoas. O cartel da droga estava preocupado com a possível aprovação no Congresso de um tratado de extradição com os Estados Unidos e imaginava que com o atentado afastaria da votação os inimigos políticos de Galán temerosos de seu crescente poder.

Segundo John Jairo "Popeye" Velásquez e Luis Carlos "El Mugre" Aguillar, ex-sicários de Escobar, o assassinato foi planejado numa fazenda pelo narcotraficante Gonzalo "El Mexicano" Rodríguez, o líder do Partido Liberal, Alberto Santofimio e outros. Velásquez afirmava que Santofimio tinha certa influência sobre as decisões de Escobar e que o ouviu exclamar “mate-o Pablo, mate-o!”. Outros potenciais bandidos foram mencionados por um membro desmobilizado do grupo paramilitar “Ernesto Baez” das AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia) que testemunharam que o assassinato de Galán havia sido organizado pela máfia com a participação de elementos corruptos do exército e da DAS (Departamento Administrativo de Segurança), a polícia política.

Em 2004, numa carta escrita por um dos sicários que havia se infiltrado entre os guarda-costas de Galán sugeriu que o assassinato foi executado com a ajuda de um policial corrupto e alguns membros de seu corpo pessoal de segurança, que haviam sido comprados pelos chefões do cartel das drogas, inclusive Escobar. A maioria dos presumíveis sicários presos foram mortos na cadeia ou logo após sua libertação, supostamente para silenciá-los.

Em 13 de maio de 2005, o ex-ministro da Justiça e congressista pelo Partido Liberal, Alberto Santofimio, conhecido por suas estreitas ligações com Escobar durante os anos 1980, foi preso e acusado de ser o autor intelectual do assassinato de Galán.

De acordo com novos depoimentos do chefe do bando de Escobar, John Jario Velásquez, Santofimio teria abertamente sugerido a eliminação de Galán durante um encontro secreto, a fim de eliminar seu rival, para também, no caso de Galán ser eleito presidente, evitar a provável extradição de Escobar. Em 11 de outubro de 2007, Alberto Santofimio foi condenado a 24 anos de reclusão.





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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.

sábado, 29 de agosto de 2015

A exumação da CPMF (Por Thiago Muniz)

Sou contrário à proposta de o governo cobrir rombo no orçamento com a CPMF.

Penso que o caminho mais adequado seria outro:
  • aumentar o imposto pago pelos bancos,
  • acabar com a isenção para na exportação do agronegócio, 
  • aumentar a alíquota na exportação de minérios (a Vale paga apenas 4%), 
  • cobrar imposto sobre grandes fortunas e sobre grandes heranças, 
  • acabar com a isenção de impostos sobre lucros e dividendos (que é a forma como os executivos de empresas recebem seus vencimentos), 
  • mexer na tabela do Imposto de Renda, 
  • criando alíquotas maiores para quem ganha muito "y otras cositas más".
Seria positiva uma CPMF com uma alíquota baixíssima (algo como 0,001%, por exemplo), não para arrecadar, mas como mais um instrumento para a Receita combater a sonegação fiscal e a lavagem de dinheiro.

De qualquer forma, salta aos olhos o amadorismo de Dilma e sua equipe. É evidente que haveria reação à proposta de recriar o imposto.

Como a proposta é lançada sem uma sondagem prévia? Nem Michel Temer, a essa altura o fiador do apoio do PMDB, foi consultado.

Ao se declarar contrário à medida, tornou muito difícil sua aprovação.

Os companheiros agradecem as boas maneiras, e partem desinibidos para novos saques. E bota desinibição nisso: no momento em que o país entra oficialmente em recessão, com um rombo recorde de R$ 10 bilhões nas contas públicas em julho — joias de uma década de pilhagem —, os oprimidos profissionais tiram da cartola a ressurreição da CPMF.

Já que você não quer falar em impeachment, querido contribuinte, vai passar a pagar pixuleco também. Mas não se preocupe: é pixuleco oficial, contabilizado, tudo certinho. Você nem vai precisar apertar a mão do companheiro Vaccari.

Para um governo tão preocupado com o povo, que chega a destruir o setor elétrico para fingir que a conta de luz é barata, recriar a famigerada CPMF é o sinal definitivo do desespero. Estão raspando o tacho. Até Delfim Netto, o oráculo do Lula, resolveu fazer o boletim de ocorrência do desastre financeiro. 

E note-se que Delfim foi aquele amigo das horas difíceis, sempre com um malabarismo teórico na ponta da língua para dizer que a administração petista ia muito bem, obrigado. Para Delfim Netto, desembarcar do seu doce teatro progressista, o brejo realmente deve ter alcançado a vaca.

Mas, para um povo cordial e pacato, até o brejo é relativo. Daqui a pouco aparece um intelectual antenado para dizer que, se é para tombar no chão, melhor afundar... Ou então que o brejo já vinha se chegando há muito tempo, e a vaca só estava no lugar errado, na hora errada. Os respeitáveis economistas Mansueto Almeida, Marcos Lisboa e Samuel Pessoa, por exemplo — que não são malabaristas — escreveram que o tombo fiscal brasileiro tem pouco a ver com a era petista.

Sugeriram inclusive que este signatário é maniqueísta e só pensa no PT. Seja como for, após 12 anos de déficits escondidos com maquiagem contábil, reaquecimento da inflação, derrubada dos investimentos graças ao sequestro do Estado pelo partido e, finalmente, uma recessão genuinamente petista, as ponderações do trio de notáveis são pura poesia para João Santana.

Melhor mesmo parar de pensar no PT. Vamos concentrar só no brejo. Mas se você acha, ainda assim, que pagar CPMF para financiar pixuleco é um pouco demais, faça como o chefe do cerimonial do Palácio: tome posição e diga àquela senhora que daqui ela não passa.


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O Boneco Inflável chamado Lula (Por Thiago Muniz)

Institucionalizaram o boneco inflável do Lula.

Essa história do Boneco do Lula é muito pitoresca.

Confesso que achei engraçado desde o começo, quando o próprio Lula apareceu - se a foto for verdadeira - segurando uma pequena réplica dele e sorrindo.

Que estão tentando demolir a imagem do ex-presidente por medo de que ele venha em 2018 e não encontre adversário a altura, isso é óbvio. Com as opções que se colocam a disposição hoje, Lula é ainda e com tudo que o PT vem sangrando, uma liderança que imprime muito medo a quem quer chegar ao poder.

Ontem o Lula inflável chamava atenção em São Paulo e um grupo de jovens da UJS liderados por uma menina linda foi lá e deu um furo no boneco.

A confusão começou e resumindo, o que todo mundo queria aconteceu, o Lula (inflável) foi parar na delegacia.

Os donos do Boneco queriam processar a menina por dano ao patrimônio privado, porém quando foi pedida a nota fiscal do personagem gigante…. ninguém até o momento apresentou…

O que isso significa?
Que gastaram uma grana para fazer o Boneco mas não emitiram a nota fiscal, o que teoricamente é ilegal.

Esse é o nosso Brasil, o país da contradição.

Eu ando impressionada com a ignorância desse povo que diz contrário a atual política brasileira! 

Qualquer crítica é recebida com violência, ignorância, maldade e absurdos proferidos! 

Quando coloquei meu comentário na página da folha sobre a corrupção de Aécio Neves me chamaram de puta, vagabunda e tantas outras ofensas que me deram ânsia!!!! 

Não é possível que essas pessoas não tenham a mínima dignidade de responder às críticas sem ofensa e com argumentos válidos politicamente e historicamente! Me envergonho dessas pessoas!

O problema com o Lula não é a com a corrupção, é o ódio por ver um nordestino de origem pobre no poder. E pior ainda, esse nordestino através de programas do seu governo, teve a "petulância" de permitir que muitos pobres tivessem acesso bens de consumo que antes era só de alguns pouquíssimos. Essa é a razão do ódio contra o Lula. A corrupção vem em último lugar.

Pitoresco é ver aqueles que chamam todos que forem contrários às suas ideias de fascistas, sem ao menos saber o que é o fascismo.
Pitoresco é um grupo que se diz contra violência e a favor da democracia furar um boneco caricaturado numa manifestação pacífica e dentro dos seus direitos de liberdade de expressão.

Pitoresco é ver um governo que tirou muitos da miséria mas não sabia que custava tanto doar sem receber de volta. Hoje somos nós quem pagamos a conta dessa péssima gestão.

Pitoresco é ver a apelação da presidente em querer retornar com a CPMF.

Pitoresco mesmo é ver esses absurdos acontecendo e pessoas como você defendendo com unhas e dentes um partido podre e corrupto e um sistema falido, que já não consegue esconder que perdeu completamente o controle e se encontra sem saída para uma solução da crise.

-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=

Lula até 10/2001

  • Lula a favor de manifestação
  • Lula diz q politicos são bandidos
  • Lula é a favor de CPI e impeachment
  • Lula é contra a CPMF
  • Lula é a favor dos direitos trabalhistas

Lula em 08/2015

  • Lula é contra as manifestações
  • Lula é contra CPIs
  • Lula é contra impeachment
  • Lula é a favor da retirada dos direitos trabalhistas
  • Lula é a favor da volta da CPMF

14 anos e muitas mudanças de pensamentos....

Pensava de uma forma quando era pedra... mudou após virar vidraça.


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sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Pepe Mujica, o mito (Por Thiago Muniz)

Pepe Mujica é, sem dúvida, uma grande figura.

Mujica apaixona o Brasil porque fala o óbvio: é preciso decência na política.

Mas seus dias de pop star no Rio de Janeiro se explicam também por outra razão: é um político que tem uma vida pessoal coerente com o que defende na vida pública.

Não está preocupado em enriquecer, em prestar "consultorias", em ter relações promíscuas (e lucrativas) com empreiteiras ou em outras picaretagens do gênero.

Como o modelo é coisa rara no nosso mercado, faz um merecido sucesso.

Assim, o frisson que ele tem causado é consequência de duas coisas, combinadas: de suas indiscutíveis qualidades e da indigência política e moral de boa parte dos nossos "homens públicos".

O contraste com o que estamos acostumados aqui no Brasil é muito grande, por isso choca tanto as pessoas, ele é simples e coerente,qualidades praticamente extintas na classe política brasileira.

O seu título de "Doutor Honoris Causa" lhe foi conferido pelo povo, que tem nele um exemplo de dignidade e de real compromisso com a causa pública.

Eu estava na UERJ e em dado momento quiseram saber que são os exemplos históricos e os livros que mudaram a percepção de vida de Pepe.Qual foi a resposta :

"Queridos,a vida é um livro aberto". A falta a leitura desse livro para alguns políticos de esquerda no Brasil.

Mujica é, de fato, um grande político. Mas tornou-se maior com o passar do tempo justamente porque soube aprender com os erros do passado e buscar alianças amplas para governar. Alguns procuram caracterizá-lo como um homem de esquerda que não faz concessões. Seria um exemplo da "verdadeira esquerda", em contraposição à Lula. É bom saber que ele, Mujica, tem grande admiração por Lula e já declarou isto diversas vezes.

Vai visitá-lo nesta viagem no Instituto Lula. Em segundo lugar, Mujica fez várias concessões, a começar pelo sistema financeiro uruguaio, que permaneceu intocado, apesar de ser notória a lavagem de dinheiro no país. Ele fez muito bem o que estava a seu alcance e por isto se consagrou.

"Quem gosta muito de dinheiro não deve entrar para política" (Mujica)

"Esta democracia não é perfeita, porque não somos perfeitos. A luta é para melhorá-la, não para sepultá-la" (Mujica)

As pessoas xingam o cara pelo simples fato de ser comunista. Ai lembro que o Paulo Freire também era e, no entanto, seus pensamentos são a base de muitos sistemas educacionais de sucesso no mundo, inclusive, pasmem, dos EUA. Ah, por sinal, foi convidado para lecionar em Harvard sem ter nenhum título. Ia me esquecendo, em Stanford tem uma biblioteca inteira dedicada a sua obra. E os brasileiros, o que fizeram? Desprezaram tudo isso. Por que? Somente pela ideologia política do cara. Isso explica porque estamos onde estamos.

"Os políticos têm que viver como a maioria da população, não como a minoria privilegiada"(Mujica).

Esse fez dos belos discursos a sua prática. Não é como esses socialistas de araque do Brasil que vivem na ostentação, no luxo. Que do alto dos seus apartamentos, iates e carros de luxo, no conforto do Ar-condicionado, tomam vinhos e champanhe de 10 mil a garrafa, ficando a se deliciar com a miséria completa de um povo que vegeta por falta de educação de qualidade, nos açougues denominados de hospitais, enfim, mergulhados na miséria e ignorância!.

Suas palavras são pronunciadas, sílaba por sílaba, com a potência similar de um cisco no olho. Foram elas, acompanhadas de uma conduta pessoal que condiz com o que prega, que fizeram que esse ex-guerrilheiro, tão normal e tão humano, alcançasse a presidência do Uruguai em 2009 e o status de guru e filósofo internacional de toda uma geração. Sua simplicidade fascina, sua sabedoria assombra. Especialmente uma juventude com novos valores, menos materiais, e que exige mudanças. E tudo isso aos 80 anos de idade.

Quando presidente, Mujica doava parte de seu salário, continuava a viver em sua chácara na periferia de Montevidéu, ia de Fusca para o trabalho, não usava gravata —às vezes nem sapato!— e ainda abria as portas do palácio presidencial no inverno para os moradores de rua. De quebra, apoiou a regularização da maconha, a liberalização do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo —já não é normal no Uruguai que as mulheres estejam proibidas a fazer o que querem e que as pessoas não possam se amar livremente, mas isso é papo para outro dia.




























Mujica na UERJ



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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Lavar dinheiro em Igrejas é pecado? (Por Thiago Muniz)

Lavagem de dinheiro é uma expressão que se refere a práticas econômico-financeiras que têm por finalidade dissimular ou esconder a origem ilícita de determinados ativos financeiros ou bens patrimoniais, de forma a que tais ativos aparentem uma origem lícita ou a que, pelo menos, a origem ilícita seja difícil de demonstrar ou provar. É dar fachada de dignidade a dinheiro de origem ilegal.

A maneira mais comum é por meio de empresas de fachada, ou seja, negócios "de mentirinha" controlados pela própria organização criminosa que quer lavar a grana. Os criminosos pegam o dinheiro que ganharam de um jeito ilegal (tráfico de drogas, falsificação de dinheiro ou sonegação de impostos, por exemplo) e fazem parecer que ele foi ganho por essa empresa, que, no papel, tem uma atividade honesta.

O trambique também rola quando não é o uso, e não a origem do dinheiro, que é ilegal. É o caso de igrejas que não poderiam gastar o dinheiro doado por fiéis comprando bens para seus líderes, e sim em obras de caridade. A origem do termo "lavagem de dinheiro" tem duas explicações: a primeira é que nos Estados Unidos, na década de 20 uma rede de lavanderias funcionava como empresa de fachada. A outra teoria é que um grupo americano colocava notas de dólares falsificadas para lavar. Assim, elas ficavam com aparência de velhas e podiam ser usadas como se fossem limpinhas.

Cresce no Brasil o uso de “templos de fachada” ou “igrejas-fantasma” utilizados para lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e sonegação fiscal. O alerta é feito pelo desembargador federal Fausto Martin De Sanctis, especializado no combate a crimes financeiros e à lavagem de dinheiro. 

De acordo com ele, a imunidade tributária prevista aos templos religiosos é eficaz para abrigar recursos de procedência criminosa, sonegar impostos e dissimular o enriquecimento ilícito: "É impossível auditar as doações dos fiéis. E isso é ideal para quem precisa camuflar o aumento de sua renda, escapar da tributação e lavar dinheiro do crime organizado. É grave", conclui De Sanctis.

De acordo com reportagem do jornal Valor Econômico, a prática tem sido investigada pelos Ministérios Públicos estaduais e pelas procuradorias da República. Para o procurador Silvio Luís Martins de Oliveira — que investigou e denunciou criminalmente responsáveis pela Igreja Universal do Reino de Deus por lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de quadrilha e estelionato — é preciso refinar a fiscalização sobre atividades financeiras de entidades religiosas. 

Segundo ele, para lavar o dinheiro as igrejas se utilizam de doleiros: "Costuma ser um doleiro de confiança que busca ajuda de casas de câmbio, pois a quantidade de cédulas é enorme. É o que chamam de 'dinheiro sofrido', porque o fiel costuma pagar o dízimo com notas amassadas", esclarece.

O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) discorda que falte fiscalização. "Se o legislador, após longo debate na Assembleia Nacional Constituinte, isentou as instituições religiosas de impostos, nada mais fez do que atender aos anseios da maior parte da sociedade", diz. 

Sobre o uso das casas religiosas para práticas de moral e legalidade questionáveis, Feliciano faz uma alusão indireta a entidades católicas: "Se partirmos do pressuposto que uma entidade não deve ter tratamento especial pela possibilidade de malfeitores se aproveitarem, por analogia o mesmo princípio se aplicaria às Santas Casas e Universidades mantidas por Fundações sem fins lucrativos".

A prática tem preocupado também a Justiça Eleitoral. Doações de organizações religiosas a partidos políticos são proibidas pela legislação. Para detectar operações ilícitas, o Tribunal Superior Eleitoral firmou convênio com a Receita e a Polícia Federal. De acordo com o juiz assessor da presidência do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), Marco Antonio Martin Vargas, o convênio facilita o trabalho pois é feito o cruzamento de dados.

Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação, há 55,1 mil organizações religiosas em atividade em 2014. Um crescimento de 1,4% em comparação com 2013. O estudo "Religião e Território" (2013), dos pesquisadores Cesar Romero Jacob, Dora Rodrigues Hees e Philippe Waniez, indica expansão dos chamados "evangélicos não determinados". 

Eles passaram de 580 mil no ano 2000 para impressionantes 9,2 milhões em 2010. Os evangélicos de missão cresceram de 6,9 milhões para 7,6 milhões no mesmo período, enquanto os evangélicos pentecostais passaram de 17,6 milhões para 25,3 milhões em dez anos.

O desembargador federal Fausto Martin De Sanctis, alertou que tem crescido o uso da imunidade tributária das igrejas para lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e sonegação fiscal.

"É impossível auditar as doações dos fiéis”, afirmou. “E isso é ideal para quem precisa camuflar o aumento de sua renda, escapar da tributação e lavar dinheiro do crime organizado. É grave".

Informou que, para tirar proveito dessa situação, criminosos têm criado “templos de fachada” ou “igrejas-fantasma”.

De Sanctis é especializado no combate a crimes financeiros e à lavagem de dinheiro. Ele é do (TRF) Tribunal Regional Federal da 3ª Região.

De 1991 até 2010 ele foi titular da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, notabilizando-se por mandar prender, entre outros figurões, o banqueiro Daniel Dantas, um dos envolvidos na Operação Satiagraha, da Polícia Federal.

O jornal Valor Econômico informou que ministérios públicos têm investigado o uso da imunidade tributária para “esquentar” dinheiro de origens ilegais.

Silvio Luís Martins de Oliveira, do Ministério Público Federal de São Paulo, é um dos procuradores que se dedicam a colher provas desse tipo de lavagem. Ele fez parte da equipe de procuradores que denunciou criminalmente pastores da cúpula da Igreja Universal por evasão de divisas, formação de quadrilha e estelionato.

Oliveira disse falou que o dinheiro de igrejas é ‘lavado’ com mais frequência por esquema montado por doleiros e casas de câmbio, porque a quantidade de cédulas é enorme.

“É o que chamam de ‘dinheiro sofrido”, porque o fiel costuma pagar o dízimo com notas amassadas".


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domingo, 9 de agosto de 2015

Quem ganha e quem perde? (Por Thiago Muniz)

Quem perde e quem ganha com a saída ou a permanência da presidente no poder.

Há muito mais do que isso em jogo. É a lógica dos políticos. 

Faz-se uma planilha com coluna de débitos e créditos, listam-se os nomes na vertical e os cenários na horizontal e preenchem-se os espaços com o resultado esperado para cada uma das combinações. Não é isso o que está em debate. 

A questão não é quem ganha com a saída de Dilma. É a responsabilidade objetiva que a presidente da República tem em cada uma das crises que a ameaçam no cargo: 

- as pedaladas fiscais, 
- os malfeitos do petrolão e, 
- as doações de caixa 2 para sua campanha eleitoral em 2014. 

A degradação de sua base política é influenciada por esses três fatores mas não é resultado deles -- e sim da inoperância do governo e da inabilidade da própria presidente. Evidentemente, as condições políticas adversas podem facilitar e acelerar o impedimento da presidente em cada um dos três caminhos propostos (o das contas no TCU, o da campanha no TSE e o do Petrolão no STF). 

Desses três caminhos, um parece mais próximo do desfecho. Tudo indica que o TCU reprovará as contas do governo em 2014 e que a Câmara irá ratificar esta reprovação, abrindo-se o caminho para uma ação penal contra a presidente por descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. 

Dilma deveria ser poupada para que Lula não volte em 2018. Assim, as instituições devem ser subjugadas em função dos cenários eleitorais.

Fatos são fatos, e não haverá como fugir da lei uma vez que se estabeleça a culpa da presidente, duela a quem duela, como já disse aquele famigerado personagem da nossa História -- o que, infelizmente, me parece que acontecerá cedo ou tarde. 

Digo infelizmente porque, eu também sou contra o impeachment, por: 

1. achar que essa fatura deve ficar com o PT (ainda que o prejuízo seja nosso); 

2. acreditar na chantagem petista de que o país ficará ingovernável (eu sempre acredito em chantagens petistas, dado que com bandidos não se brinca -- você já pensou isso que está aí, acrescido de greves diárias, black blocs, militantes histéricos, funcionários públicos revoltosos e exército do Stédile nas ruas? ao mesmo tempo, exatamente enquanto escrevo isso, me dou conta, também, de que este é um argumento ao qual não devemos em hipótese alguma ceder) e;

3. last but not least, não ver uma figura decente no cenário político para substituir a Dilma (não que a Dilma seja decente; para mim, quem falsifica Currículo Lates é indecente ao extremo; mas me pergunto se vale a pena trocar seis por meia dúzia, ainda por cima com toda a convulsão social do quesito anterior.).

Claro que sei que esses motivos não se sustentam diante de evidências legais, estou apenas expondo um sentimento pessoal.

A questão primordial aí é a da credibilidade do Estado Brasileiro, tanto no cenário interno quanto no externo. Como viver mais três anos e meio nos equilibrando em corda bamba? Não há Economia no mundo que aguente. A saída dela vai acalmar o Mercado e trazer de volta os investidores. Sou pela solução menos traumática que seria a renuncia ainda que forçada e a posse de Temer. Quanto ao Lula, de animal político ele passou a animal acuado. Se Deus realmente é brasileiro, dentro em breve ele será um animal enjaulado.

A fatura deve ficar com o PT; e o prejuízo, fazer o quê. é nosso, sempre. Precisamos, sim, analisar situando débitos e créditos já que, pedaladas fiscais, para todos que assistimos a grotesca e mentirosa campanha eleitoral, eram quase previsíveis. Se engolimos a campanha por que não as pedaladas? Acredito que deixamos passar o momento. A Dilma, no poder, ainda representa alguma estabilidade que garante o andamento das investigações da Lava a jato. Será que o PMDB, com seus políticos sob investigação, representariam uma alternativa segura? Talvez ela não deva permanecer até o final do mandato mas ainda não é o momento de sair, tem que apodrecer mais, agora que as investigações chegam á cúpula, troca de comando vai complicar.

Parte do PT já abandonou Dilma, fazem teatro,mas desejam colocar tudo na conta dela. Porém, a presidenta tem dificuldades na formação das ideias, comprometimento no raciocínio. Além de dislexia. Só fala que foi torturada pela ditadura, achando que isso comove o povo. Na realidade encontra-se amarrada na junta governativa, Temer, Renan, Cunha. A grande camarilha do Planalto.

Apesar dos pesares, na minha humilde opinião, numa utópica resolução conjunta, executivo mais legislativo, manteríamos a Dilma com rigoroso escrutínio do congresso sobre as decisões dela. Isto daria pelo menos a sensação mínima de equilíbrio. Esta manobra evitaria problemas mais sérios, não imaginados por aqueles que defendem o impeachment e novas eleições, como p. Ex. A quebra constitucional, já que Temer deveria assumir .

A possibilidade das candidaturas de Cunha e Calheiros (ou de candidatos apoiados por eles - que, s meu ver, neste cenário, romperiam com o PMDB) e , pior, a possibilidade de uma nova candidatura Lula. Sei que os mais apressados dirão que ele não tem a menor chance. Errado. Moro na Zona Oeste do Rio e por aqui não houve panelaço nem passeatas. Não por acaso, o que muito me incomoda, esta região é chamada de curral eleitoral. Ou há ainda quem acredite que os eleitos garantem-se nas elites. Aqui como no norte e nordeste existe um enorme contingente indiferente ao que se discute nas mídias. Achar que o impeachment é a solução dos problemas é ter uma visão míope da realidade.

A que ponto chegamos, graças ao PT! Termos que avaliar o que é mais importante ou desejável:um cenário eleitoral ou um princípio ético/legal/político. Isso tudo deveria estar junto, mas a degradação da atividade política (em geral), junto com a esbórnia feita pelo PT com todos os aspectos do Brasil como nação nos levou até a considerar a dissociação destes valores que deveriam andar juntos, mas que quase todos (me incluo) temem que gere como único resultado (apesar de ocorrer por várias vias) a piora da situação como um todo. Tristes tempos. Deveria haver um meio legal e institucional para tirar os políticos todos e renovar o país de ponta a ponta. Mas isso é trabalho para ser contado em anos ou décadas. Ainda assim temos que começar já.

Quando Cunha rompeu com o governo, logo pensei: "Manobra do PMDB!" Em menos de um mês, partidos políticos rompendo com o governo, Temer fazendo jogo pedindo ajuda a oposição e aos empresários. Não sei o que a Dilma irá fazer, mas sem o congresso o país vai descer ladeira abaixo. E tudo indica que trocaremos 6 por meia dúzia.

A grande diferença entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos é o funcionamento da justiça! Nos desenvolvidos a Lei é respeitada, nos subdesenvolvidos a lei é sub-respeitada!

O pedestal das democracias são as leis. O melhor caminho é o mais simples: Cumpra-se a lei!

Acho que deixar a caneta presidencial na mão do PT, o considerando morto, é um risco que nos deu a Dilma de presente no mensalão, que foi troco perto do Petrolão. E esta visão de falta de opção é fortemente impregnada pela desconstrução promovida por anos pelo PT. Engolir um rombo de 70 bi numa única estatal e um festival de obras paradas ou abortadas, porque vai haver convulsão social, não faz sentido. Como disse George Washington na explosão da guerra civil americana, é o preço que vamos ter de pagar para que o certo seja feito. Só teremos um país sério se suas instituições forem respeitadas, neste caso, principalmente pelos seus ocupantes. O panelaço ocorre unicamente porque a presidente usa os meios de comunicação para divulgar mentiras. Ninguém em sã consciência confia nos ocupantes do governo. Nem eles mesmos. Logo após o pedido de união do Temer, amplamente apoiado pelos empresários, o PT sutilmente correu para ofuscá-lo. Se tivesse noção, a presidente deveria ter feito isso no primeiro dia de governo.

Realmente as consequências de uma possível saída de Dilma são desastrosas e podem (e serão) usadas a favor de Lula em 2018. Dirão q tudo piorou com a saída da "presidenta", e o povão vai engolir este argumento, sem nem perceber q o próprio PT foi e será o responsável pela situação imposta. Confesso que temo mais o PT pelos seus planos para p/ Brasil do que pelo seus planos de poder e enriquecimento, mas creio que Ruth e Cora têm razão: esta fatura precisa ser paga pelo PT. Afinal, por mais ruim que esteja sendo, pode ficar pior. É como matar o chefe do tráfico e ter que lidar com a represália dos comparsas, sem ter uma polícia competente para enfrentar a bandidagem.


BIO

Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para:thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.



sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Mudar para não mudar? Ou mudar de vez? (Por Thiago Muniz)

O carro, que já não era muito potente, andava pendendo pra direita: pneu furado. Ao buscar o estepe para a troca, veio a triste constatação de que também ele estava furado. O jeito foi ir se arrastando, mesmo empenando a roda, até o borracheiro mais próximo, na BR-2018.

Essa metáfora me ocorre quando leio sobre a possibilidade da troca da presidente do PT pelo vice do PMDB.

O PSDB não admite derrota , mas o que os deputados estão fazendo é falta de ética, chego a conclusão que eles querem cargo.

Essa briga é pelo poder! Nenhum político dos maiores partidos desse país, seja ele da oposição ou situação está interessado no que é melhor para o Brasil, estão interessados no poder. O PSDB tem a capacidade de usar o slogan: Oposição à favor do Brasil, queria saber o que eles estão fazendo para evitar essa crise política???!!.

O que estou vendo daqui é gente jogando gasolina no meio de um grande incêndio...Para a oposição: quando pior a coisa ficar melhor!

Eu também não gostaria de ver o PMDB no Poder. Agora, não custa nada lembrar que quem está cavando o próprio abismo é o PT. Não dá pra fechar os olhos pra tantos desmandos. O partido dos trabalhadores se tornou uma legenda que não controla os atos dos seus. É muito aloprado de segundo escalão roubando o país. Sinceramente, não sei mais como seguiremos com esse futuro tão incerto e tanta roubalheira de todos os lados. Momento tenso!!

Cansada dessa ignorância política, de gente que não entende que isso é um golpe da elite, de pseudo-políticos dessas oligarquias que ha tanto mandam no nosso país e principalmente de analfabetos políticos que não tem memória.

Manobra dos velhos coronéis, que, ao não estarem satisfeitos com o candidato que apoiaram, tentam emplacar o vice, via cassação, quando não deixavam esse serviço por conta dos seus jagunços.

Só vejo que esses rumores do PMDB vai abandonar o barco e lançar candidatura própria. Que lástima, se de base de apoio eles fazem a farra do fisiologismo, quem dirá de mandatário do poder. Continuamos a caminhar, sem horizontes.

O pior é constatar que não ha mais diferença entre o PT, PMDB e PSDB. Tanto em termos políticos quanto éticos. É o fim do mundo mesmo. Mas esta escolha do PT foi feita ainda no primeiro governo Lula, quando colocou Meirelles, neo-liberal ligado ao PSDB no comando da economia... Depois governou para o grande capital.... E expulsou os membros que não concordaram com tamanha traição.

Sou contrário à Dilma e ao PT apesar dos avanços que a gestão Lula trouxe ao país. Há um porém, os deméritos são muito maiores do que os méritos, os malefícios, cada vez mais, mostram-se maiores do que os benefícios. É como sustentar a esposa e bater nela todo dia. É uma relação impossível de manter. Os eleitores do PT e da Dilma são como a esposa apaixonada que não deixam o maldito agressor por nada. É uma obsessão por crápulas, que é difícil de compreender.

O impeachment é uma boa solução para amenizar a crise política, acalmando os ânimos da população traída, apesar das cicatrizes que deixaria, mas só traria mais desconfiança para investidores externos e internos agravando ainda mais a crise econômica. O PMDB no comando do congresso e do planalto dificultaria o avanço da Operação Lava-Jato o que possivelmente geraria uma crise institucional. A Dilma é péssima gestora e de fato cometeu um grave estelionato eleitoral.

O povo é que escolhe, no alto de sua ignorância e acaba tendo o governo que merece, tanto no congresso, quanto no executivo. Um saco de batatas governaria melhor o país. Porem é Dilma que temos, um fruto podre de nossa nova porém forte democracia. O modelo parlamentarista é a moral da história. Tiririca estava errado; Pior do que está fica, ainda mais se um eventual afastamento da Presidente da República vier a prosperar.

Esse cenário é tão louco mas tão louco que não duvido que o Michel Temer viraria como vice do Aécio e o José Serra de Ministro da Economia.

Na década de 50, um deputado Federal, Carlos Lacerda, conspirou contra três governos e levar o país à uma ditadura militar. Hoje conspiram o Aécio, o Caiado, a Câmara Federal, na sua maioria, demonstrando serem maus brasileiros pois eles bem sabem que uma conspiração pode levar o país à uma ditadura como em 64. Em um minuto a presidente pode dissolver o Congresso e acabar com toda essa palhaçada. É isso que eles querem?


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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para:thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.