terça-feira, 8 de dezembro de 2020

A pergunta “Quem mandou matar Marielle?” irrita os bolsonaristas (por Elika Takimoto)

A pergunta “Quem mandou matar Marielle?” irrita os bolsonaristas. 

Por que será? 

Para muitas pessoas, o caso virou o símbolo do poder do crime organizado no Rio de Janeiro porque a execução de Marielle escancarou a ousadia dos milicianos.


Algumas coisas que já sabemos:


1- O policial reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz, acusados de envolvimento com milícia, estão presos. Lessa foi quem atirou, Élcio era quem dirigia. Nenhum dos dois ainda foi julgado. Por que a demora? Não sabemos.


2- Lessa foi preso no mesmo condomínio carioca em que o Bolsonaro e seu filho Carlos possuem imóveis.


3- Lessa foi indiciado por tráfico internacional de armas.


4- O porteiro do condomínio de Bolsonaro e Lessa apontou que na noite da execução de Marielle, Bolsonaro autorizou a entrada Élcio de Queiroz, o motorista.


5-  A versão do porteiro foi considerada falsa, já que Bolsonaro estava em Brasília naquela noite. O porteiro voltou atrás. No entanto, esse quiprocó com o porteiro provocou a queda de uma das promotoras do caso após imagens das suas redes sociais mostrarem que ela fez campanha para Bolsonaro em 2018.


6- Desde o dia da morte de Marielle, o clã Bolsonaro despreza, debocha ou minimiza a importância do crime.


7 - Temos quatro presos, um deles, um cara que atirou as armas no mar.


8- Há  uma linha de investigação que aponta que o assassinato de Marielle foi para vingar Freixo que tinha se mobilizado contras as milícias do Rio.


9- Dois milicianos se filiaram ao PSOL em 2016, logo após Marielle Franco ser eleita vereadora no Rio de Janeiro, diz uma reportagem publicada hoje pela revista "Veja", que teve acesso a novos detalhes da investigação.


10 - Quem executou Marielle era vizinho de Bolsonaro. Isso não quer dizer nada mas o clã Bolsonaro tinha relações com outro suspeito: o ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega. 


11-  A família de Adriano participava do esquema de desvio de dinheiro público de Flávio Bolsonaro.


12 - Adriano da Nóbrega foi assassinado num cerco policial na Bahia em fevereiro, quando estava foragido. 


13- Um dos milicianos que se filiou ao PSOL em 2016 é Laerte Silva de Lima, homem de confiança do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, apontado pelo MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) e pela Polícia Federal como chefe do Escritório do Crime.


14 - O assassinato de Marielle e as rachadinhas de Flávio Bolsonaro são dois casos estão apresentando conexões nas investigações.


15 - A ex-mulher de Adriano era assessora de Flávio Bolsonaro.  A ex-mulher de Adriano e Queiroz trocaram muitas mensagens que parecem ter algo a ver com o assassinato de Marielle. As mensagens estão sendo investigadas.


16- A desembargadora que ofendeu Marielle, dias após ela ter sido assassinada, vai julgar Flávio Bolsonaro no TJ-RJ.


17- Pedro Abramovay, o diretor da Open Society para a América Latina,  destacou em uma videoconferência as ligações de grupos de milicanos suspeitos de matar Marielle - e de ameaçar agora Talíria Petrone -  com Bolsonaro e sua família. “O Palácio do Planalto está ocupado por pessoas com vínculos estreitos com grupos paramilitares.”


18 - Pouca coisa relevante emergiu oficialmente das investigações desde que foram presos os dois primeiros suspeitos.


19 - O MP descobriu que Eduardo Siqueira, morador da Muzema, favela dominada pela milícia, clonou um veículo do mesmo modelo daquele que foi usado no assasinato de Marielle.


20- E a rotatividade dos delegados? Já são três. Depois da prisão de Lessa e Élcio, o primeiro delegado, deixou o caso. Depois de mudanças no comando do governo do Rio, o segundo delegado foi substituído.


Isso é um pequeno resumo de tudo que já está publicado nos mais diversos jornais. Sabemos que as investigações foram marcadas por tentativas de obstrução. Bolsonaro, por exemplo, admitiu que retirou Ricardo Saadi da superintendência da PF do Rio de Janeiro e reclamou publicamente que a Polícia Federal teve mais preocupação em solucionar o caso de Marielle do que em investigar a sua facada.


Mil dias sem respostas e tendo que aturar toda essa patifaria. A demora nas investigações soa como um escárnio.



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