quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Dez anos de CEFET (Por Elika Takimoto)

Há exatamente dez anos, assinei meu termo de posse. 

Na ocasião, o diretor fez um discurso do qual jamais esquecerei. Ele disse para os novos professores que não veríamos um colega sequer reclamar da instituição. 

Oras, quando ouvi aquilo, ri. Desacreditei. 

Professor sem reclamar? Como assim? 

Eu tinha duas matrículas no Estado e trabalhava em uma escola particular. A sala dos professores de ambas instituições era um verdadeiro martírio. Eu SÓ ouvia reclamação. Ou falavam mal dos alunos ou dos colegas ou do patrão. No Estado, falavam, óbvio, muito mal do salário também.

Como assim não vou ouvir professor reclamando do trabalho no CEFET?

Pois então, com o tempo vi que ninguém havia me enganado. Por ser dedicação exclusiva, pedi demissão de todos os lugares. Em dez anos, terminei o meu mestrado, fiz meu doutorado (com redução de carga e não de salário), participei de vários congressos (com tudo pago) e ainda vi meus colegas crescendo academicamente e tendo o cérebro bem oxigenado de tanto que somos incentivados a pesquisar.

Hoje, além de professora, sou coordenadora de Física do CEFET. A minha equipe é formada de professores que ou tem doutorado ou estão caminhando para ter o título. As exceções estão desenvolvendo algum tipo de atividade bacana. 

Jamais os professores só dão aula ali dentro. Temos liberdade para dar a aula do jeito que acharmos melhor. Não é á toa que CEFET é uma referência em Ensino. Os professores ousam e os alunos ganham muito com isso.

Na maioria das salas, temos projetores e aparelhos de ar condicionado. Os nossos laboratórios estão todos bem equipados. Nossos alunos são os melhores para se trabalhar. São alunos interessados, concursados e que em sua grande maioria respeitam o professor e sentem orgulho da instituição. É a receita perfeita para a felicidade e o sucesso. 

Ainda que tenhamos muito a melhorar, estamos, sem dúvida, no topo da cadeia alimentar.

Estou, pasmem, muito satisfeita com meu salário.

Enfim, foram dez anos muito felizes. Com o andar da carroagem e com os cortes que já estamos sentindo, temo que os próximos dez anos não serão com toda essa satisfação.

Ainda assim, seguirei trabalhando e aproveitando da liberdade e das instalações até onde o Deus de Janaína permitir.

Obrigada, CEFET, por tanta alegria que me deu nesses anos. Orgulho de pertencer a este lugar.















Elika Takimoto é vencedora do Prêmio Saraiva de Literatura, doutora em Filosofia, mestre em História, professora de Física.



O que eu espero? (Por Thiago Muniz)

"...A direção é a pior possível. Perceber que o Brasil voltou às mãos de quem sempre se valeu da miséria alheia para enriquecer e subjugar os mais frágeis é algo que entristece profundamente aqueles que têm algum caráter humanista e solidário..." (Flávio Gomes - jornalista)

Depois do tapa de mão aberta que o Senado fez com a ex-presidente Dilma Rousseff em cassá-la do mandato e minutos depois votarem para que ela não perdesse os direitos políticos, ou seja, nas eleições de 2018 ela pode se candidatar a cargo público.

O Senado cassou Dilma, mas manteve seus direitos políticos. Como foi possível mudar a regra da votação em cima da hora? A quem isso beneficia? E o que esse acontecimento revela sobre a forma como os brasileiros resolvem seus conflitos políticos.

Isso foi puramente estratégia do senador Renan Calheiros em manter proximidade com o PT, atual oposição ao governo de Michel Temer, e abre o precedente na votação para a cassação do mandato de Eduardo Cunha, o que fico desconfiado de não acontecer.

A papagaiada do Senador Renan Calheiros ao separar o impeachment da inabilitação política só terá consequências e revela seu inequívoco fisiologismo. Um sujeito rasteiro tentado agradar gregos e troianos. Patético.

Qualquer pessoa com um pouco de sensatez, seja de que partido for, não ficou satisfeito com o que aconteceu ontem no senado! Ora, todos sabem que a decisão de não retirar os direitos políticos de Dilma, não foi um benefício dado só a ela e sim a todos os outros que estão envolvidos em falcatruas, o Cunha, O Renan...todos esse meliantes serão beneficiados, isso me cheira a um acordão! E sendo sincero, nunca fui nem um pouco favorável às ações dos black blocks, mas, a partir do que vi acontecer no senado ontem, quero ver mais quebra-quebra! Esse país não deve ficar em pé pra atender apenas a interesses de políticos mal intencionados! Se for pra ser assim,

Que quebrem tudo antes que eles façam isso!

Sinto que depois dos acontecimentos de ontem, atritos de interesses em poderes do PMDB surgiram e o partido está um pouco dolorido. Michel Temer, como um bom lobo que é, articulará da melhor maneira possível e o partido não chegará a um racha como muitos pensam.

Para o PT que sirva de lição daqui pra frente que não se corrompa para se manter no poder. O PT decretou seu fim quando se vendeu e desviou sua finalidade, e muito dinheiro. Espero que as urnas os julguem de acordo e sejam escorraçados em todos os níveis.

O PT se meteu com o que não deveria: Outros partidos sujos. Ao invés de tentar ganhar o poder com sua força popular, se aliou ao ninho de cobras que é o PMDB e PP. Praticamente estagnou o avanço de direito das minorias, usando até como moeda de troca com a bancada evangélica para salvar a cabeça de um petista.

À esquerda tem que aprender a não forçar a barra! Agora temos uma nova guerra, que a antiga esquerda não soube brigar! A retirada da antiga oligarquia política. Pelo contrário os defensores dos pobres e oprimidos se juntou aos tiranos de sempre! Ou seja, como falar em golpe se eles mesmos deram poder aos executores da antiga política? À esquerda Brasileira precisa de auto-crítica.

Um período para não se esquecer. É assim que devemos fazer com o que aconteceu com a farsa do impeachment, esse golpe parlamentar ocorrido no Brasil e que feriu de morte da nossa Democracia. No entanto, a luta continua para resgatá-la e devolver aos brasileiros sua auto-estima. É preciso deixar de sermos o eterno gigante adormecido e assumirmos de vez a nossa condição de potência mundial, mas para isso acontecer temos que banir a corrupção do Brasil e isso se passa por reformas, no judiciário, na mídia e a mais importante, na política. Não é uma tarefa fácil, no entanto, para sairmos dessa eterna condição de País do futuro se faz o imprescindível que isso aconteça.

Hora de se reinventar. A sociedade precisa acordar para as diversidades, sair da sua zona de conforto (sinceramente não sei onde...) e olhar para o próximo, estender a mão. O brasileiro perdeu a sua essência e os mandatários em Brasília são o puro reflexo dessa conduta.

Crises são ótimas para aproveitar e fazer melhorias e retirar o que é ruim.

Uma boa hora de refletirmos que o mal do Brasil não é de exclusividade do PT. Vamos parar de rotularmos e analisarmos que mal do Brasil somos nós mesmos. Dias horríveis vêm pela frente. Os últimos dois anos serviram para revelar personalidades, trouxeram à tona uma clara divisão de pensamentos e visões de mundo.

ACORDEM: O Brasil se curvou ao conservadorismo extremo, e pior; não foi por ideais e sim por interesses de uma minoria dominante. As bancadas evangélica, ruralista e da bala que o digam. Quem manda atualmente no Brasil são essas minorias, com a chancela da oligarquia.

Em seu primeiro pronunciamento em cadeia nacional como presidente de fato, Michel Temer (PMDB) defendeu a reforma da Previdência e mudanças na legislação trabalhista. Ele afirmou que seu compromisso, no que lhe resta de tempo no poder, é "resgatar a força da economia e recolocar o Brasil nos trilhos".

Preparados para a pobreza dos anos 90?




































BIO

Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor, do blog Eliane de Lacerda e do site Jornal Correio Eletrônico. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.




quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Pode pruma coisa, não pode proutra coisa? (Por Thiago Muniz)

"...Nas óperas sempre há uma cantora gorda que só canta uma ária. Enquanto ela não cantar, a ópera não termina.

Não há nenhuma cantora gorda no nosso futuro, leitor. Enquanto ela não chegar, evite olhar-se no espelho e descobrir que, nesta ópera, o palhaço somos nós.
"

(Luiz Fernando Veríssimo)

Prefiro o luto da lucidez do que a bonança da ignorância.

O Brasil é um país fluído. Moralmente, politicamente, legalmente fluído.. Dilma foi deposta da presidência acusada de crime de responsabilidade. Perdeu a presidência, mas manteve direitos políticos, ‘’Criminosa’’, mas nem tanto. Meia condenada, pode se candidatar amanhã ao que bem quiser., ou se abrigar em algum cargo público pra se esquivar de Sérgio Moro.

A lei brasileira é movediça e se presta sempre a olhar para os interesses de quem a traduz ( e ainda falam em instituições sólidas...). A decisão de desmembrar a acusação e a condenação da ex- presidente abre precedente pra salvaguardar os mesmos direitos a Eduardo Cunha e toda a classe de corruptos do país. 

Com ajuda do PMDB e do PT, partido que acusava Cunha pelo impeachment de Dilma. O PT agora abre a possibilidade de meia salvação para seu algoz favorito Eduardo Cunha, bem como todos os acusados da lava-jato. 

Um acordo de purificação coletiva para crimes em comum entre políticos que ora se odeiam, ora se amam, ora se perdoam, para salvação de todos e condenação da população, sempre feita de idiota – conscientemente ,às vezes, inclusive pelo próprio voto.

Se a maioria da classe política é criminosa, o perdão entre os pares é absolvição divina pela qual o congresso se banha em redenção. Deuses congressistas que se absolvem de seus pecados humanos. O povo, sempre condenado a ficar à margem das decisões dos deuses que elegem para ludibriá-lo de forma mais convincente.

Inconsistente uma votação no Senado que afasta uma presidente da República eleita democraticamente, mas mantém seus direitos de ocupar cargos públicos.

Que crime de responsabilidade é tão grave para permitir uma ruptura tão aguda na representação política e, ao mesmo tempo, permite que a ré para outras funções, inclusive se candidatar em próximas eleições?

O sistema político brasileiro não está condenando a Dilma. Mas se absolvendo. É isso que transforma toda essa farsa em tragédia.

Como Dilma sofreu impeachment e manteve os direitos políticos e o vice tomou posse, sendo inelegível?

Quem diria, até o Fernando Gabeira saiu da toca e foi ao Senado posar ao lado daquele garoto idiota, o Kim Kataguiri. Sinceramente, me dá vergonha alheia.

Junto com a Dilma caíram a minha convicção de que vale a pena assistir aos debates, de que vale a pena sair de casa e ir votar, de que a voz da maioria será respeitada. Votei nela as duas vezes. A primeira por achar que ela era a melhor e a segunda por achar que era a menos pior.

Processo de impedimento honesto"? Com o Collor, Aécio, Caiado e outros mais julgando?

Infelizmente venceu a minoria e a democracia virou chacota. Perderam no campo e viraram a mesa como faziam nos campeonatos de futebol e como fazem em outras instituições.

Me sinto envergonhado e pela segunda vez na semana estão tentando me convencer que Baré e Coca-Cola são a mesma coisa.

Será que são?

Golpe confirmado.

Agora é escutar os foguetes e as buzinas celebrando o fim da corrupção e o ótimo futuro que temos pela frente, sem nenhum tipo de problema. 

A hipocrisia será gritante, ao contrário das panelas que, ironicamente, não serão mais ouvidas como já não estão sendo, mesmo com os incontáveis absurdos já feitos por Temer, que fará muito mais.

Critiquei e continuo e continuarei criticando os governos de Lula e Dilma, que assim como o de FHC e outros, tiveram seus méritos e problemas, mas o retrocesso é claro, assim como as más notícias e o péssimo cenário.

Em um governo que desdenha dos nossos direitos usando a crise como desculpa, congelar gastos públicos com saúde, educação e abono salarial por 20 anos é apenas a ponta do iceberg que me faz temer (irônico, não?) um retrocesso incalculável e incontáveis e enormes perdas que teremos.

Infelizmente, o povo foi usado como massa de manobra, como em tantas outras vezes, e muitos bobos caíram direitinho. Alguns poucos ainda acreditam, ingenuamente, que Temer e companhia também irão cair. Dilma não caiu porque vocês queriam, e sim porque eles queriam e usaram vocês para isso.

O mundo inteiro vê, menos alguns bobos que vivem por aqui. O impeachment não vai salvar o Brasil. Nem melhorar. Aliás, muito pelo contrário.

Nossa democracia e o voto foram jogados no lixo. Milhões vão sofrer - principalmente a camada mais necessitada da nossa população, sempre esquecida - e terão suas vidas muito afetadas negativamente. Mas tá tudo bem, é dia de celebrar, soltar foguetes e buzinar. É dia de ser alienado e tratar o futuro do nosso país como um jogo de futebol.

Michel Temer chega ao cargo já com alta taxa de reprovação (68%) e precisará aprovar ajustes econômicos impopulares. "Não vai ser como o governo de Itamar Franco (que assumiu após impeachment de Collor). Toda a sociedade estava contra o Collor. As circunstâncias agora são diferentes.

































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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor, do blog Eliane de Lacerda e do site Jornal Correio Eletrônico. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.

* Texto com colaboração do jornalista Felix Junior - Jornal Correio Eletrônico



Dilma Rousseff tolida pela própria história (Por Thiago Muniz)

O dia em que a solidão do poder será ainda mais sentida por Dilma Rousseff, abandonada de vez que será pelo seu partido, pelos seus eleitores e, por algum tempo, certamente, também pela história.

O apoio a seu impeachment é maior do que sua votação nas eleições. Fica claro que parte do seu eleitorado quer sua saída. O que não quer dizer que deseja o governo Temer. Olhando os dados, conclui-se que muitos, hoje, preferem novas eleições.

Talvez seria ingovernável se ela ficasse. Esse é um aspecto interessante do nossa lei de impeachment. Uma vez que há um governo interino que assume, a volta do presidente afastado gera ainda mais instabilidade. Nos EUA ocorre diferente. O presidente não é afastado durante o processo. Por isso, muita gente, no Brasil, já tem falado da necessidade em se reformar essa legislação.

É admirável sua resistência durante a longa sessão no Senado Federal na última segunda-feira. Muitos disseram que o discurso da presidente foi consistente, o que não mudará absolutamente nada na votação de hoje. Afinal, não foi com base em argumentos técnicos que parte majoritária dos que nesta quarta-feira votarão pela sua saída foram convencidos.

Se é verdade que o governo cometeu muitos erros, e que Dilma, como todo político faz sempre, buscou diminui-los ou mesmo ignora-los em seu discurso, o fato é que o domínio da presidente acerca dos detalhes das acusações que pesam sobre ela – mesmo que com sua oratória pobre, seu pensamento confuso e seu ar professoral – certamente colocam sérias dúvidas sobre sua culpa. Em geral, quando isso convém, “in dubio pro reo”.

Mas não é o que acontecerá hoje. Daremos início a um novo ciclo político-institucional marcado pela incerteza, pelo risco da formação de maiorias circunstanciais. Maiorias que, em contextos de crise econômica (seja ela culpa do governo ou não); escândalos morais (potencializados ou não pela mídia), manifestações sociais (populares ou não, ainda que numerosas) e falta de habilidade política do governante (seja pela sua história de vida ou por sua trajetória política) poderão se articular para tirar do poder representantes legítima e constitucionalmente eleitos.

Dilma Rousseff perderá o cargo pelo “conjunto da obra”, embora o impeachment não constitua um “recall”, que usamos quando concluímos que o governo vai mal. Como disse outro dia a líder do governo interino no Senado, Rose de Freitas, “não teve esse negócio de pedalada, nada disso; o que teve foi um país paralisado, sem direção e sem base nenhuma para administrar”.

Dilma está correta no que disse no Senado ao responder à Ana Amélia: o impeachment é legal, pois existe na Constituição, mas para que seja legítimo – do ponto de vista da democracia que temos, e não das maiorias formadas momentaneamente –, precisa ser também justo em seu conteúdo.

Por isso, muitos falam que estamos assistindo a um golpe. Mesmo para quem discorda, com certeza não é fácil ignorar o casuísmo que marca o momento, casuísmo que, revestido de legalidade (“O impeachment está previsto na Carta de 1988”), é a marca de todos os processos de tomada do poder pela via não-eleitoral. 

Por isso, olhar apenas a lei, como se ela fosse não a expressão provisória de uma correlação de forças existente na realidade social, mas a própria realidade social, é ignorar o fato de que nem sempre a lei está correta, porque nem sempre ela é justa – basta lembrar da escravidão, do nazismo, do Apartheid, da exclusão das mulheres da política, todos legais em sua época. A decisão passa ser, portanto, entre legalidade e justiça. O ideal – um ideal em que muitos acreditam, inocentemente ou não – é que esses dois termos sempre pudessem formar um par perfeito.

Na análise do conjunto da obra, vários senadores que subiram à tribuna do Senado na segunda-feira acusaram Dilma Rousseff de ter mentido durante a campanha. Tinham razão, certamente. Diziam que ela, prometendo não tirar os direitos sociais nem que a “vaca tossisse”, acabou fazendo exatamente isso. 

O ardil, aqui, está em passar a idéia de que, ao tirar a presidente do poder, essa base parlamentar ajuda a defender os direitos sociais, quando se sabe que o governo da vez, ainda na sua interinidade, já estuda medidas incomparavelmente mais duras que só farão aprofundar a desigualdade social no Brasil. Com o tempo, talvez fique claro que teria sido melhor perder um pouco de direitos com Dilma do que tanto mais com Temer.

A História se encarregará de provar todos os erros cometidos neste processo. Mas, o que mais me assusta é a falta de condições morais mínimas de muitos componentes do "tribunal" que defendem interesses que certamente não são da população. O "julgamento" é político e deve levar ao impedimento da presidente. Pode ser legal, mas não é legítimo. 

Enquanto isso, Eduardo Cunha permanece... (até quando?)

Um adendo para refletir: 58,5% dos nossos líderes foram eleitos por voto popular - mas 41,5% foram escolhidos indiretamente, pelos militares ou pelo Congresso.


Dilma fechou sua declaração à imprensa com uma citação de Maiakovski:

"Não estamos alegres, é certo,
Mas também por que razão haveríamos de ficar tristes?
O mar da história é agitado
As ameaças e as guerras, haveremos de atravessá-las,
Rompê-las ao meio,
Cortando-as como uma quilha corta.
"


O impeachment da fé (Por Tom Valença)

Deus está morto. Morreu de overdose da fé falsa dos fariseus que erguem templos de areia banhados em ouro. Morreu bombardeado pela fé cega dos iconoclastas que só veneram o que enxergam no espelho. Morreu intoxicado por alimentos fast food feitos com os pães com grãos transgênicos, pelos peixes contaminados pela lama da Samarco e pelo vinho feito com o sangue dos que atiraram a primeira pedra e esconderam a mão. Deus morreu de vergonha quando seus símbolos foram evocados em vão por quem lavou as mãos e deixou a torneira aberta até a fonte secar. Deus está morto e sua maior prova de sabedoria é não querer ressuscitar para viver tudo de novo nos sonhos de seus criadores que se dizem seus filhos multiplicados entre centésimos de dízimos.








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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.




terça-feira, 30 de agosto de 2016

O fracasso e retrocesso da democracia (Por Thiago Muniz)

Hoje é um dia de fracasso. 

O impeachment de um presidente da República é um fracasso nacional.

Mas é importante entendermos o que aconteceu. Como chegamos a este fracasso.

Dilma Rousseff está sofrendo o impeachment por parte de um Congresso fisiológico. 

O que motiva boa parte dos parlamentares pró-impeachment tem mais a ver com sua própria sobrevivência e a de suas práticas do que o futuro do Brasil. Entregam Dilma à turba de brasileiros que marcham pelas ruas contra a corrupção na esperança de que sacie sua fome. Vão-se os anéis, ficam os dedos.

Com alguma sorte, a turma volta para casa e o Congresso segue a vida como ela era.

As pedaladas fiscais são uma desculpa. Elas aconteceram. Aconteceram, entre 2014 e 2015, em níveis muito superiores à prática de todos os presidentes anteriores. Principalmente no caso de 2014, ocorreram por populismo eleitoral. Interessava a Dilma disfarçar as reais condições da economia brasileira para se reeleger. As pedaladas de 2014 e 15 não são equivalentes às outras em volume ou no tempo. É bastante razoável considera-las operações de crédito. Mas também é fato que o Tribunal de Contas jamais as censurara antes.

As pedaladas são uma desculpa. Dilma sofre o impeachment por causa da Operação Lava Jato que expôs os brutais níveis de corrupção dentro de seu governo e no de seu antecessor e padrinho, Lula. Sofre o impeachment por sua inépcia na gestão econômica do país. As causas da crise podem estar lá fora, mas nenhum país emburacou como aquele governado por Dilma. Sofre o impeachment, também, porque a nova classe média, gestada durante o governo Lula, virou-lhe as costas. Virou porque está ameaçada de perder tudo o que ganhou pela crise.

O Presidente da Câmara na época, Eduardo Cunha chantageou Dilma ameaçando abrir o processo de impeachment caso o Planalto não o auxiliasse na luta por manter seu mandato. O Planalto quis ajuda-lo. Tentou. Se esforçou. Os deputados federais do PT é que se recusaram a ouvir os apelos do Planalto. Dilma estava plenamente disposta a ser chantageada. Parlamentares petistas é que decidiram, ali, impor um limite. Um raro gesto de dignidade que lhes custou caro, talvez. E a abertura do processo veio. E mais de dois terços do plenário da Câmara achou por bem apresentar a denúncia de impeachment ao Senado.

Não se trata de uma luta de fisiológicos contra honrados.

O PT, ao chegar no Planalto, acreditou que poderia jogar o mesmo jogo. Tornou-se tão fisiológico quanto os velhos coronéis, tão corrupto quanto os antigos barnabés, tão capaz de distribuir cargos, verbas e propinas quanto quaisquer outros políticos que já estiveram no mando brasileiro.

Lula e seu governo são investigados por práticas de corrupção em níveis nunca documentados. O prejuízo oficial da Petrobras, aquele cravado em planilha, provocado pela corrupção de diretores que se tornaram réus confessos, causado por negócios terríveis nos quais há inúmeros sinais de ampla distribuição de propinas como a compra improvável de Pasadena, equivale a 1% do PIB brasileiro.

Os efeitos da brusca queda da Petrobras sentem-se com violência em toda economia brasileira, em particular no estado do Rio de Janeiro. Dilma Rousseff, a administradora capaz que se gabava de microgerenciar cada casa decimal de cada planilha, presidia o Conselho da Petrobras.

Ela é responsável pelo que ocorreu na empresa. Ela é responsável pelo que aconteceu no Brasil nos últimos cinco anos e meio.

Assim como Lula é responsável. Um político extraordinário, brilhante, de um carisma ímpar. Não há hoje, no Brasil, um político mais hábil do que Lula. Ele poderia ter comandado uma ong internacional de combate à fome, poderia ter presidido a ONU, poderia ter sido Nelson Mandela. Preferiu ser lobista de empreiteiras. É incrível como um homem tão grande pode ser tão pequeno. Com suas palestras e seu nome, poderia ter pago quantas reformas quisesse em quanto sítios de Atibaia desejasse, teria os tríplex com os quais sonhasse. E ainda, pela pura força de seu carisma e de seu nome, pela habilidade nata de costurar acordos, teria chegado ao Nobel da Paz e melhorado a vida de um bom bilhão de homens, mulheres e crianças.

Lula preferiu ser lobista de empreiteiras brasileiras na África e América Latina. Preferiu exportar o fisiologismo pátrio.

O fracasso dele é o nosso fracasso. É o fracasso cultural do Brasil. Porque Lula é o reflexo do que o Brasil é.

Os antipetistas mais rábicos podem acreditar que tiveram uma grande vitória e que afastaram do poder alguma espécie de mal fundamental.

Os petistas mais irracionais acreditarão que as possibilidades de um governo justo e social foram derrubadas pelas camadas mais reacionárias da sociedade.

O que aconteceu foi muito menor.

Só substituímos um governo fisiológico por outro. O governo Michel Temer não tem uma política econômica particularmente distinta daquela que Dilma tentou implementar a partir de 2015. A diferença é que Temer é um político hábil e Dilma não o foi. A diferença é que Michel Temer completa as frases que inicia. Com alguma sorte, estabilidade econômica virá.

Mas Michel Temer é também o Brasil velho. Como, aliás, o PT.

O impeachment é legal. Se é legal, não é Golpe. Não é consolo.

Mas há a Lava Jato.

O fisiologismo brasileiro se ancora na propina de grandes empresários que detém os mais vultuosos contratos públicos. É esta propina que, lentamente, vai financiando as campanhas eleitorais que ampliam a base fisiológica nas Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas e Congresso Nacional.

O fisiologismo abraçado por tucanos e petistas, assim como por peemedebistas e todos os outros.

Se alguém quer entender por que o Congresso Nacional piora a cada ciclo eleitoral é por causa disso. Porque, desde a redemocratização, a máquina do fisiologismo trabalhou para produzir dinheiro de campanha e se procriar. Este tipo de vereador, deputado e senador encontrou o caldo de cultura perfeito. A fonte da eterna caixa 2.

Mas há a Lava Jato.

E empresários, hoje, têm medo de pagar propinas. Para eles, corromper ficou caro. O dinheiro de campanha que alavancava a candidatura de parlamentares fisiológicos está desaparecendo. Será um soluço inédito na história do Brasil para tudo voltar a ser como antes? A política brasileira pode ter piorado, mas o Estado melhorou por dentro. Talvez o Estado democrático tenha criado a vacina para este fisiologismo patrimonialista que nos condena ao passado.

O nosso lado é o da inclusão. O nosso princípio precisa ser o de "amar o próximo como a ti mesmo". Se o nosso lado não coincidir com o dos "vencedores", não tem importância. Estamos onde estamos por causa deles.

O apelo central aqui é... não abandone a arte da política. Mas escolha um lado. O mais fácil é o dos vencedores. É isto que você quer para nós e para o país?
Essa é a esperança que nos resta.


"viva eduardo cunha, viva mendoncinha ministro da educação do brasil, viva perrela do helicóptero, viva aécio do leblon, viva magno e sua malta piadinha, viva cristovam q esqueceu a fantasia organizada de celso furtado, viva a nova indústria da seca nas mãos do pmdb, viva o crime de lesa-pátria, viva marta suplicy, viva os vendidos todos, mas viva principalmente o stf q "legitimou" em 64 e agora faz o bis pra vocês, viva a falta de legalidade, dane-se, viva a imprensa q acata e dá sinais de tudo bem, meu bem, viva os isentões e os seus senões, viva a culpa eterna no pt de quem sequer tem mãe pra mandar se lascar no cemitério dos édipos gerais, viva o psdb, o mais íntegro e inimputável partido da mídia brasieira, viva zé serra, o maior ministro do governo golpista q nao foi votado para tal posto, viva nós os otários q comemos na mão da ignorância." (Xico Sá)




































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segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A democracia dilacerada (Por Thiago Muniz)

"O que cada senador sente por mim e o que nós sentimos uns pelos outros importa menos, neste momento, do que aquilo que todos sentimos pelo país e pelo povo brasileiro. Peço: votem contra o impeachment. Votem pela democracia." - (Dilma Rousseff)


"As mulheres brasileiras têm sido, neste período, um esteio fundamental para minha resistência. Me cobriram de flores e me protegeram com sua solidariedade. Parceiras incansáveis de uma batalha em que a misoginia e o preconceito mostraram suas garras." - (Dilma Rousseff)


"Não esperem de mim o silêncio dos covardes. No passado, com as armas, e hoje com a retórica jurídica, pretendem acabar com o estado de direito (...). Não luto pelo meu mandato por vaidade ou por apego ao poder, luto pela democracia, pela verdade e a justiça." - (Dilma Rousseff)


Começou o ato final da farsa do impeachment de Dilma. A ópera-bufa, iniciada com a ruptura entre burguesia ilustrada do tucanato paulista e o iluminismo, chutando pra vala o compromisso com a Constituição de 88, renovando sua representação à direita e abraçando fervorosamente o obscurantismo, encaminha-se para o grand finale sob a forma de um golpe de Estado a frio, sem tanques nem fuzis, substituídos pela eclética coalizão de rentistas, ladrões, fascistas, traidores e imbecis, bem armados de uma raivosa tropa de choque parlamentar, pelo controle de segmentos amplos do judiciário e legitimados pela narrativa massificada pelo monopólio midiático de Pindorama.

O espetáculo durou 1 ano e 10 meses: iniciou-se com a deslegitimação do resultado das urnas de outubro de 2014, a vigarice do pedido de auditoria das urnas, a desqualificação do eleitorado (a massa de ignorantes e dependentes de bolsa-família decidiu o pleito, segundo os tucanos), seguido do vale-tudo para inviabilizar o governo.

A mudança de retórica do PSDB - que Wanderley Guilherme Dos Santos chamou de "linguagem dos jagunços" e Juarez Guimarães tratou com brilhantismo no artigo http://cartamaior.com.br/… refletiu a organização de um centro político disposto a coordenar a estratégia golpista.

Nestes 22 meses, rolou de tudo: uma denúncia forjada por um auditor do TCU em conluio com um procurador do órgão e assinada por um velho jurista tucano, um velho ex-petista a transbordar ressentimento e uma tucana new generation do quadro docente da USP e devidamente contratada por 45 mil mangos, cuja atuação performática nos dá o direito de especular que sonha, em breve, ocupar como mandatária uma das cadeiras que hoje utiliza como convidada; a abertura das torneiras das entidades patronais, pato amarelo a frente, a irrigar generosamente os "novos movimentos sociais" de gente diferenciada, sob a cobertura cinematográfica da imprensa a destacar o ativismo heróico da nova cidadania, ao mesmo tempo em que aumentava o tom da criminalização da esquerda, transformando partidos e movimentos de trabalhadores em tentáculos de uma máfia vermelha; a chantagem pública e sabotagem comandada por um presidente da Câmara lobista e corrupto, cujos bons préstimos aos interesses da plutocracia o garantem até hoje o gozo da liberdade e a conivência criminosa de seus pares. Dilma, sem ter cometido um único crime, será cassada e perderá seus direitos políticos ANTES de Cunha.

Afirmo que perderá seus direitos e o mandato conferido pelo voto popular porque não deposito uma migalha de expectativa na dignidade dos representantes da burguesia que infestam o parlamento brasileiro, nem esperanças em milagres. 

Afinal, trata-se MESMO de um golpe de Estado. Considerar a possibilidade de mudança de votos baseada no convencimento de parlamentares das teses da defesa de Dilma é, ao mesmo tempo, acreditar que o processo é democrático e ignorar que não só todos os argumentos da defesa foram solenemente desprezados pela maioria do Congresso durante todas as fases do julgamento, como o governo interino funciona desde maio com ares de definitivo, destruindo em três meses pilares que levamos mais de uma década para edificar nos governos democráticos comandados pelo PT.

Fosse eu um senador comprometido com a democracia, me recusaria a votar. Encerraria minha participação forçada nesta farsa saindo de braços dados com Dilma, Lula, Boulos, Sabatella, Chico Buarque, João Paulo, Luciana, Rossetto e outros representantes da sociedade democrática que hoje estarão no Senado acompanhando a presidenta. 

Que comandem o grand finale os golpistas tão afoitos pelo retorno ao comando do Estado que dispensaram uma etapa até então fundamental para isto, chamada voto popular; mas que o façam sozinhos, sem as digitais de gente digna e valente como Vanessa, Gleisi, Fátima, Lidice, Lindbergh, a dar ares de legalidade a este escárnio na condição de minoria derrotada.

O que está em jogo é a auto-estima dos brasileiros e brasileiras, que resistiram aos ataques dos pessimistas de plantão à capacidade do País de realizar, com sucesso, a Copa do Mundo e as Olimpíadas e Paraolimpíadas.

O que está em jogo é a conquista da estabilidade, que busca o equilíbrio fiscal mas não abre mão de programas sociais para a nossa população.

O que está em jogo é o futuro do País, a oportunidade e a esperança de avançar sempre mais.

O PMDB chegará ao poder pela terceira vez sem ser eleito. O PSDB se coloca como artífice de uma manobra "legal",

A maioria dos julgadores da presidenta Dilma no senado tem processo na Justiça e nove deles nem foram eleitos pelo voto! O presidente da casa, Renan Calheiros está envolvido em uma série de processos de corrupção. E estão tirando uma presidenta eleita pelo voto popular, numa tese frágil de "pedaladas fiscais". 

Não é a utilização e devolução de recurso para os bancos públicos que coloca a economia em crise e sim os desvios bilionários de tantos corruptos políticos no país! O sistema político brasileiro e esse Impeachment são uma farsa!

Em 2013, nós ocupamos as ruas acreditando que poderíamos fazer parte do processo político, forçando os engravatados de Brasília a nos ouvir. Três anos depois, são 81 senadores que decidirão o futuro de 200 milhões de brasileiros.

Dilma Rousseff desmascara os golpistas e revela que os paneleiros apoiadores desse golpe ao voto de 54,5 milhões de brasileiros foram massa de manobra, inocentes úteis que usaram uniforme da corrupção, camisas da CBF, para exigir o "fim" da corrupção no Brasil...mais icônico do que está ocorrendo é impossível, a mídia e políticos corruptos fizeram uso da falta de noção dos incautos indignados seletivos.

Sem esconder seus rostos, os defensores das elites colocam mais uma vez a democracia no banco dos réus. Prepare-se para entrar em um período de 10 anos de instabilidade contratual, que irá colocar o povo na miséria, afetará aposentadorias, cortes em programas sociais e deixará escancarada a face anti-democrática e avarenta das elites brasileiras.

Sim, o governo Dilma foi desastroso em muitos pontos. Sim, grande parte do PT se envolveu em casos de corrupção. Sim, passamos por uma grave crise econômica. Agora, NADA disso legitima o impeachment. Dilma não tem contas na Suíça. Dilma não teve enriquecimento ilícito. E, antes de falar "Dilma na cadeia!" responda apenas uma pergunta: do que é que a Dilma está sendo acusada mesmo? Você sabe o que são pedaladas fiscais? Você sabe que, se a lei fosse igual para todos, mais da metade dos governadores dos estados brasileiros teriam que sofrer impeachment, pelos mesmos motivos que Dilma? Ser contra isso e querer Temer fora, não significa ser a favor do PT. Significa entender que este processo já nasceu corrompido, que fere a nossa democracia profundamente. Não bastasse tudo isso, ainda estaremos entregando nosso país aos abutres. Temer, Jucá, Renan, Cunha, Caiado, Aécio e seus companheiros representam uma elite opressora que não quer o desenvolvimento do Brasil. Querem fazer a manutenção da desigualdade social extrema e assim poder continuar explorando as classes menos favorecidas. Querem garantir que a engrenagem da corrupção não pare, que nenhum deles seja punido por nada, que as empresas públicas sejam privatizadas e que a população continue desinformada, sem educação e sem cultura. Afinal, um povo que não conhece a sua história, que não sabe como suas instituições funcionam, nunca será capaz de exigir de seus políticos o que é realmente necessário. Pense nisso...
A História não fará justiça a Dilma; este não é o seu papel. Mas a História registrará a infâmia destes dias, a democracia dilacerada, a fraude escancarada para impor a vontade do dinheiro. Registrará o nascimento de um governo ilegítimo, a desmoralização internacional, o saque aos direitos do povo. E narrará o surgimento de uma nova consciência democrática a defender o nosso legado, corrigir os erros e reorganizar os nossos sonhos, forjada na resistência aos ataques já iniciados pelo golpe, fortalecida pelo espírito generoso e solidário do nosso povo. A luta só começou.


"Se a elite financeira e política do Brasil é o lixo moral do mundo, a classe-média é um gado analfabeto funcional. Respira que é de graça." - (Fagner Torres)


"Dilma vai cair, isso é um fato. Mas confesso que a ansiedade mesmo é pelo dia seguinte. Quando o Impronunciável colocar em prática seu pacote de maldades. O fim da CLT, a entrega do pré-sal, os cortes no SUS, a privatização total do Ensino Superior. E o que eu farei diante do cenário? Sentarei na primeira birosca que estiver no caminho, abrirei uma ampola do diurético e darei boas risadas quando os conhecidos que apoiaram esta farsa se perceberem sem seus direitos, sua paz, e, em seguida, sua vida. Será o meu momento William Waack." - (Fagner Torres)






















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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.



quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Você se enganou idiota! Não foi contra a corrupção (Por Thiago Muniz)

Os movimentos de rua pró-impeachment já mostraram sua cara no atual período eleitoral, se aliando e defendendo grupos já conhecidos por envolvimento em corrupção.

No final das contas, o brasileiro ainda não percebeu o significado de “massa de manobra”: sim, vocês foram feitos de idiotas.

Chegamos ao final do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Tudo leva a crer que ela será, de fato, afastada de seu cargo após ser eleita por mais de 54 milhões de pessoas.

Oras, milhões de pessoas foram convocadas pra ocupar as ruas aos domingos desde o ano passado, em uma tentativa de “eliminar a corrupção desenfreada do nosso país”. É uma causa legitima, bela, inocente e principalmente idiota.

Manifestações aos domingos de sol com cerveja na mão são tão perigosas quanto o Neymar bravinho com os torcedores.

Você realmente acreditou que com esse tour pela Paulista aos domingos os corruptos tremeriam na base, ficaram com medinho?

Pior do que isso são os próprios organizadores dessas manifestações. O tal Movimento Brasil Livre, que do liberalismo clássico só carrega a burrice, se dizia apartidário logo no começo. Presença de políticos no carro de som? Nem pensar! Diziam. Agora, é diferente. A Dilma já deve cair, então temos que aproveitar o momento, certo?

Nada melhor do que enfiar um monte de liderança do movimento em partidos políticos como o DEM e PMDB para disputar as eleições e fazer aquilo que o liberal mais gosta: viver com dinheiro do Estado para falar mal do Estado.

O Fernando Holiday, que mais parece um péssimo ator de uma péssima peça de teatro da Augusta, já quer se tornar vereador. Tira fotinhas ao lado do empresário e candidato tucano, João Doria. Antes disso, abraçou o deputado federal Pauderney Avelino (DEM), condenado pela Justiça a devolver R$4,6 milhões aos cofres públicos.

E é bom lembrar: trata-se apenas de um exemplo. Esse grupelho tem vários candidatos, inclusive para a prefeitura de cidades no interior de São Paulo, fazendo alianças com PP, PRB e outros partidos conhecidos justamente por mamar na teta do Estado — seja roubando ou simplesmente dando uma de Bolsonaro, gastando quase meio milhão de reais em apenas um ano utilizando sua cota parlamentar (dinheiro de quem?).

E o brasileiro idiota? Será que percebeu essa cagada?

Você percebe o tamanho da bosta quando acaba lendo alguns comentários na internet do tipo: “Dur, o importante é tirar o PT”. Mas, desde quando o PT é o idealizador da corrupção moderna que passa por cima do nosso país desde a colonização?

Ai começa outro papo: não é sobre a corrupção, é por questões ideológicas.

Viu só? A conversa mudou. Você já foi feito de idiota, mas mesmo assim continua aceitando o discurso desses grupelhos.

O PT é comunista, ele tinha um projeto bolivariano para o país”.

Não tinha não, amiguinho. Pelo contrário. Podemos chamar de neo-social-democracia moderada a experiência petista desde o governo Lula, no máximo. Afinal, tivemos uma leve política de distribuição de renda, através de programas sociais insuficientes, que no final das contas, não chegava nem no joelho do “Bolsa Banqueiro” petista, que levou para os bancos lucros históricos.

O PT bolivariano não fez a reforma agrária. 
O PT bolivariano não regulamentou os meios de comunicação. 
O PT bolivariano não fez a Reforma Política democrática com participação popular. 
O PT bolivariano não aumentou os impostos para os mais ricos. 
O PT bolivariano não nacionalizou ou estatizou nem o jardim do Planalto. 
O PT bolivariano permitiu que a violência contra a comunidade periférica continuasse nas grandes cidades, aprimorando a máquina de repressão do Estado em favor dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo, um evento que representa o máximo da burguesia.

Então, brasileiro idiota, você foi enganado duas vezes.

Não se trata sobre a corrupção. Muito menos sobre uma guerra ideológica contra o malvado comunismo.

Preparado para a realidade?

Tudo isso aconteceu por interesses.

Sim, interesses políticos e financeiros.

Político porque um grupo que já não consegue mais vencer nas urnas necessitava voltar ao protagonismo. Qual a melhor maneira de conseguir isso? E claro, não podemos esquecer dos grupelhos de rua pró-impeachment, que já aproveitam o momento para se estabelecer na política institucional, dentro de partidos corruptos para ganhar cargos — e ah, você que vai pagar o salário deles!

Financeiros porque o mundo caminha para uma nova necessidade de experimentos sociais e econômicos. 

O mundo precisa de laboratórios, e onde melhor que o terceiro mundo para fazer isso? 

Vamos pegar um país subdesenvolvido, aplicar medidas econômicas de austeridade, eliminar o que resta de direitos trabalhistas para favorecer os empresários (com empresários você deve pensar no padeiro da esquina, mas na verdade é gente como Paulo Skaf) e passar por cima de restrições e regulações em questões ambientais e direitos humanos.
































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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.



segunda-feira, 22 de agosto de 2016

E teve os Jogos Olímpicos. E agora? (Por Thiago Muniz)

Passados 17 dias de Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, constatou-se uma boa organização por parte do Comitê Organizador, de um certo ponto uma boa logística no que se refere a locomoção e trajeto entre os locais das competições e ótimas (e excelentes) instalações olímpicas.

Mas a pergunta fica: E agora? O que vamos fazer com tudo que foi construído?

Há excelentes equipamentos esportivos prontos para o uso contínuo, temos 2 vertentes pra isso; mantém-se a estrutura para o legado de novos atletas e manutenção do alto rendimento dos atuais e; lobby para a demanda de competições nacionais e internacionais, o que chama público e renda.

Se a prefeitura não tiver braço (o que é mais provável) para manter essa estrutura, porque não abrir licitações para Parcerias Público Privadas para essas novas arenas? Usar a máquina privada em favor da cidade. Gerar novos eventos atrai mais público e mais empregos, e o turismo para a cidade agradecerá.

Sediar uma Olimpíada oferece duas enormes oportunidades a um país. A primeira é o efeito-holofote. Eventos globais colocam um país em evidência, podendo incrementar seu fluxo de comércio e de turismo de forma permanente, ao exporem potenciais negócios com os estrangeiros que talvez não fossem descobertos sem estes holofotes. Com as dificuldades econômicas e as incertezas políticas dos últimos anos, pouco aconteceu com a Copa do Mundo e menos ainda deve ocorrer com a Olimpíada.

O recado para os nossos governantes, banqueiros e empresários está dado: invistam no esporte.






















































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sábado, 20 de agosto de 2016

O covarde nadador mentiroso (Por Thiago Muniz)

Muito covarde a atitude do nadador Ryan Lochte. Ryan Lochte, o nadador americano que mentiu, depredou patrimônio alheio e ainda tentou corromper terceiros, disse que não cometeu crime e que está sendo vítima de um golpe.

Ao dizer que fora assaltado no Rio, o nadador Ryan Lochte mentiu para uma cidade que o recebia e admirava. Isso provocou uma comoção – imagine, um atleta americano assaltado em plena Olimpíada! — e mobilizou um enorme efetivo da polícia. Os jornais e TVs dos EUA somaram a palavra do seu atleta à habitual má vontade para com o Brasil, não viram o que discutir, e tome manchetes.

A reviravolta da história levou a imprensa americana a rever a maneira de tratá-la, pena que sem o estardalhaço da primeira versão. Ao Rio, satanizado em suas reportagens, deveria ter correspondido uma descrição completa de Lochte como arrogante, vândalo, fujão, covarde e mentiroso.

Tendo contra si todos os vídeos, testemunhos e até a confissão de seus colegas de esbórnia, Lochte ofereceu desculpas pífias à cidade e ao país. Reduziu o episódio a uma farra que fugiu do controle, omitiu o principal — sua mentira sobre o assalto — e mentiu de novo ao dizer que foi extorquido e ameaçado.

Os americanos gostam de acreditar que é feio mentir. Richard Nixon, por exemplo, renunciou à presidência em 1974 porque mentiu no caso Watergate. A história ensina, no entanto, que, nos EUA, o crime não é mentir, mas ser apanhado mentindo. E, mesmo assim, nem sempre – John Kennedy, Lyndon Johnson, Ronald Reagan, Bill Clinton e George W. Bush também foram apanhados e continuaram na Casa Branca.

Essa e a ideologia disseminada pela cultura norte americana que tantos aplaudem, apoiam e admiram. Adoram bagunçar em território alheio. Isso se repete também na sua política imperialista de dominação: invadem, se apropriam, fazem a zona que querem e dizem que estao ali pra resolver conflitos e problemas que nao existiam antes deles chegarem. Bando de hipócritas.

Eles NUNCA iriam se desculpar apropriadamente...

Lochte fez uma conveniente auto-Promover-se um veículo da cidade torturado por crime e pobreza.

E um recado para a imprensa e a sociedade brasileira: VAMOS PARAR COM O COMPORTAMENTO DO COMPLEXO DE VIRA LATA! JÁ ESTÁ FICANDO FEIO E RIDÍCULO.

















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segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Por onde anda Angelo Assumpção? (Por Thiago Muniz)

Qual é a diferença entre brincadeira e racismo?

Até que ponto a intenção de brincar ultrapassa o ato de ofender?

Um dos melhores atletas da seleção brasileira de ginástica – o único negro da equipe – viajou junto com a delegação para o Rio de Janeiro, para a disputa da Olimpíada Rio-2016, mas teve que se contentar em torcer pelos companheiros das arquibancadas.

Arthur Nory Mariano gravou um Snapchat, com outros dois ginastas brancos, fazendo duas piadas racistas contra Angelo, que estava no mesmo ambiente. Ele disse, gargalhando, que o saco do supermercado é branco, e o de lixo, preto; e que a tela do celular quando quebra fica da cor preta. Angelo ficou abalado. Como qualquer negro ficaria. Como qualquer branco também deveria ficar. Ou, no mínimo, constrangido.

Por coincidências que sempre se repetem em casos de racismo no Brasil, quando racistas são apanhados em flagrante, a vítima do racismo, Ângelo Assumpção, foi quem acabou não participando das olimpíadas de 2016, devido às mudanças das regras para escolha dos participantes, dizem as autoridades esportivas.

Desde então, a Confederação Brasileira de Ginástica decidiu punir. Decidiu punir a vítima, como sempre. Armou um vídeo com pedido de desculpas, com os quatro ginastas no quadro. Decidiu apaziguar. Angelo foi quase coagido a não registrar Boletim de Ocorrência contra Arthur, que praticou o crime inafiançável de racismo.

Houve todo um trabalho de mídia para mudar a imagem do atleta racista. Primeiro, Arthur não é mais Nory, é Mariano. Saiu em todas os jornais, portais e emissoras de televisão como o galã brasileiro. E, mais patético ainda, foi o suposto affair dele com uma atleta americana negra. Com entrevistas dizendo que são “crush”. Um trabalho global digno de Oscar, daqueles que se faz com ator galã da emissora carioca, praticamente uma força-tarefa de valorização (falsa) da imagem.

Apesar de tudo isso. Depois de sofrer crime de racismo, ser pressionado para calar a boca e ser cortado da Olimpíada realizada no seu próprio país, Angelo nos dá uma lição. Em uma foto postada em seu Instagram, ele diz: “Foi um ano muito difícil pra mim , um ano que tive que superar várias dificuldades e aceitá-las. Tudo passa… Ontem fui assistir [sic] a ginástica que continua crescendo e sempre dando orgulho para todos os brasileiros. Parabéns pra todos os atletas e continue com o trabalho duro.”

Sangue frio e classe contra o racismo. Mas, ao mesmo tempo, é possível ver em seu olhar a vontade de, um dia, quem sabe, talvez, ainda representar bem – como sempre representou – o Brasil na Ginástica artística.

O que Arthur (Nory) Mariano já fez pelo Brasil? O que ele fez pra merecer disputar as olimpíadas, além de ser branco?

Em tempo, Nory (Mariano) ganhou a medalha de bronze no solo individual na Rio 2016. Esportivamente falando foi merecido, mas tenho certeza que o Ângelo brigaria pelo ouro, uma pena, uma lástima.




















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