Mostrando postagens com marcador igreja. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador igreja. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 12 de julho de 2016

Por partidos sem IGREJAS no Brasil (Por Thiago Muniz)

Entenda-se por ESTADO LAICO um país ou nação com uma posição neutra no campo religioso. Também conhecido como Estado secular, o Estado laico tem como princípio a imparcialidade em assuntos religiosos, não apoiando ou discriminando nenhuma religião.

Um Estado laico defende a liberdade religiosa a todos os seus cidadãos e não permite a interferência de correntes religiosas em matérias sociopolíticas e culturais.

Um país laico é aquele que segue o caminho do laicismo, uma doutrina que defende que a religião não deve ter influência nos assuntos do Estado. O laicismo foi responsável pela separação entre a Igreja e o Estado e ganhou força com a Revolução Francesa.

Cresceu o interesse dos partidos por candidatos membros e líderes de todas as Igrejas – cristãs ou não. Esse interesse não nasceu por acaso. O crescimento da Bancada Evangélica como força de decisão no Congresso Nacional é a razão para esse assédio dos partidos. A Frente Parlamentar de Liberdade Religiosa nasceu da união de senadores e deputados evangélicos formando uma bancada de interesse de todos.

Fundar igreja ou partido político são os dois melhores negócios do Brasil.
Os dois melhores negócios hoje no Brasil são abrir uma igreja ou fundar um partido político. Igreja é mais fácil. Você abre e logo de cara se livra de todo os impostos colocando seu carro e sua casa em nome da igreja. Não paga IPTU, IPVA, nada disso. Nem imposto de renda. Só isso já seria bastante.

Cada partido tem seu programa e sua doutrina de ação. Nos assuntos de interesse geral como o aborto, a homofobia, a discriminação de cultos, proibição de símbolos e imagens religiosas – deputados e senadores da Frente Parlamentar de Liberdade Religiosa, coordenada pelo o deputado mórmon Moroni Torgan DEM-CE –se articulam e trabalham como membros da Bancada Evangélica.

Na verdade a bancada não é formada só por evangélicos. Lá estão parlamentares evangélicos, católicos, espíritas, maçons, das religiões de matrizes africanas e parlamentares que defendem a liberdade religiosa. O crescimento desse conjunto tem atraído além dos partidos, também membros e líderes de Igrejas.

Uma tendência positiva. Torna-se nociva quando movida só pelo o orgulho e a vaidade de ser politico. Alguém popular em sua Igreja, associação de bairro, maçonaria, centro espírita – com a pretensão de disputar um cargo politico e ganhar. Puro engano. Além do conhecimento e vocação, precisará de muito dinheiro para bancar uma campanha política.

Os elementos que compõem a mídia politica são caros. Gráficas, sites, blogs, alimentação, transporte,combustível,montagem de escritório politico, equipe de assessores, redatores, profissionais de marketing e logísticas. Dinheiro. Muito dinheiro. Quem pensa que ganha politica postando fotos de reuniões de apoio nas redes sociais perde tempo e alguns trocados. Os poios políticos só funcionam com muito dinheiro.

Em política quase não existe amizade, fidelidade e lealdade. Há interesses vendidos a peso de ouro. Quem desejar receber apoio de Federações, associações, sindicatos, Igrejas, entidades públicas e privadas terá que investir muito dinheiro. Há guetos, comunidades,currais eleitorais e associações que se nutrem do dinheiro das campanhas.

Seus moradores são manipulados por interesses políticos. Os partidos plantam cabos eleitorais, fornece ambulância, cesta básica, remédios, e pagam médicos e dentistas para manter o povo no cabresto, escravos deles. 

Quem não tem dinheiro para manter essa esbórnia, perde a eleição, não cumpre o que prometeu e cai na desgraça da derrota. Para quem ganha abrem-se as portas da corrupção. Os derrotados perdem tudo. Perde a vergonha, fica devendo a Deus e ao diabo. Torna-se, como Caim, um forasteiro fugitivo dos credores.

Nas Igrejas cristãs, que estão envolvidas com política, não é diferente. Os líderes usam o púlpito para fazer politica. Os acordos com partidos e candidatos são feitos por seus líderes. Os membros ou votam nos candidatos indicados por eles ou são ameaçados com o fogo do inferno.

Nos acordos celebrados entre os partidos e os pastores entram carros, cargos, bolsas de estudo,construção de auditórios, escolas e prédios. Os encontros políticos, churrascos de apresentação de candidatos aos membros, panfletagem em cultos, reuniões públicas e discursos políticos fazem parte do processo interno das Igrejas cristãs. 

Nas relações entre partidos, candidatos e Igrejas, são feitos acordos que envolvem milhões. Quem oferecer mais leva. É negócio no atacado. Quem se aventurar a fazer varejo é massacrado pelo o sistema.

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos – cujos membros são conhecidos por mórmons – não apoia oficialmente partidos e candidatos, garantindo total liberdade de escolha a seus membros sem a imposição dos seus líderes. Capelas, prédios, bases e de dados da Igreja são proibidos para uso político.

É uma posição única. Permite ao membro votar e ser votado sem o apoio oficial da Igreja. Mesmo assim, tem sido comum entre membros da Igreja o lançamento de candidatos aventureiros, claro que em o apoio da Igreja. Sem estrutura financeira e sem a preparação desejada. Ora pagos por partidos e políticos de fora ou como candidatos. 

Vários de uma mesma estaca ou ala – em disputas isoladas sem capacidade de se unirem em torno de um projeto politico sustentável. Ninguém se elege. Não seria melhor a união em torno do candidato com mais chance de vitória com apoio de todos? Fora da união e do planejamento todos serão derrotados. Perde-se tempo e dinheiro e nenhum candidato membro da Igreja se elegerá.

O fundamentalismo evangélico – com seu moralismo hipócrita – conta com toda a simpatia do presidente interino Michel Temer. Corremos o risco de, com seu apoio, vermos ruir mesmo aquelas modestas paredes levantadas ao longo das três décadas da nossa débil democracia.




















BIO

Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blogs "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.



sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Lavar dinheiro em Igrejas é pecado? (Por Thiago Muniz)

Lavagem de dinheiro é uma expressão que se refere a práticas econômico-financeiras que têm por finalidade dissimular ou esconder a origem ilícita de determinados ativos financeiros ou bens patrimoniais, de forma a que tais ativos aparentem uma origem lícita ou a que, pelo menos, a origem ilícita seja difícil de demonstrar ou provar. É dar fachada de dignidade a dinheiro de origem ilegal.

A maneira mais comum é por meio de empresas de fachada, ou seja, negócios "de mentirinha" controlados pela própria organização criminosa que quer lavar a grana. Os criminosos pegam o dinheiro que ganharam de um jeito ilegal (tráfico de drogas, falsificação de dinheiro ou sonegação de impostos, por exemplo) e fazem parecer que ele foi ganho por essa empresa, que, no papel, tem uma atividade honesta.

O trambique também rola quando não é o uso, e não a origem do dinheiro, que é ilegal. É o caso de igrejas que não poderiam gastar o dinheiro doado por fiéis comprando bens para seus líderes, e sim em obras de caridade. A origem do termo "lavagem de dinheiro" tem duas explicações: a primeira é que nos Estados Unidos, na década de 20 uma rede de lavanderias funcionava como empresa de fachada. A outra teoria é que um grupo americano colocava notas de dólares falsificadas para lavar. Assim, elas ficavam com aparência de velhas e podiam ser usadas como se fossem limpinhas.

Cresce no Brasil o uso de “templos de fachada” ou “igrejas-fantasma” utilizados para lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e sonegação fiscal. O alerta é feito pelo desembargador federal Fausto Martin De Sanctis, especializado no combate a crimes financeiros e à lavagem de dinheiro. 

De acordo com ele, a imunidade tributária prevista aos templos religiosos é eficaz para abrigar recursos de procedência criminosa, sonegar impostos e dissimular o enriquecimento ilícito: "É impossível auditar as doações dos fiéis. E isso é ideal para quem precisa camuflar o aumento de sua renda, escapar da tributação e lavar dinheiro do crime organizado. É grave", conclui De Sanctis.

De acordo com reportagem do jornal Valor Econômico, a prática tem sido investigada pelos Ministérios Públicos estaduais e pelas procuradorias da República. Para o procurador Silvio Luís Martins de Oliveira — que investigou e denunciou criminalmente responsáveis pela Igreja Universal do Reino de Deus por lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de quadrilha e estelionato — é preciso refinar a fiscalização sobre atividades financeiras de entidades religiosas. 

Segundo ele, para lavar o dinheiro as igrejas se utilizam de doleiros: "Costuma ser um doleiro de confiança que busca ajuda de casas de câmbio, pois a quantidade de cédulas é enorme. É o que chamam de 'dinheiro sofrido', porque o fiel costuma pagar o dízimo com notas amassadas", esclarece.

O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) discorda que falte fiscalização. "Se o legislador, após longo debate na Assembleia Nacional Constituinte, isentou as instituições religiosas de impostos, nada mais fez do que atender aos anseios da maior parte da sociedade", diz. 

Sobre o uso das casas religiosas para práticas de moral e legalidade questionáveis, Feliciano faz uma alusão indireta a entidades católicas: "Se partirmos do pressuposto que uma entidade não deve ter tratamento especial pela possibilidade de malfeitores se aproveitarem, por analogia o mesmo princípio se aplicaria às Santas Casas e Universidades mantidas por Fundações sem fins lucrativos".

A prática tem preocupado também a Justiça Eleitoral. Doações de organizações religiosas a partidos políticos são proibidas pela legislação. Para detectar operações ilícitas, o Tribunal Superior Eleitoral firmou convênio com a Receita e a Polícia Federal. De acordo com o juiz assessor da presidência do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), Marco Antonio Martin Vargas, o convênio facilita o trabalho pois é feito o cruzamento de dados.

Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação, há 55,1 mil organizações religiosas em atividade em 2014. Um crescimento de 1,4% em comparação com 2013. O estudo "Religião e Território" (2013), dos pesquisadores Cesar Romero Jacob, Dora Rodrigues Hees e Philippe Waniez, indica expansão dos chamados "evangélicos não determinados". 

Eles passaram de 580 mil no ano 2000 para impressionantes 9,2 milhões em 2010. Os evangélicos de missão cresceram de 6,9 milhões para 7,6 milhões no mesmo período, enquanto os evangélicos pentecostais passaram de 17,6 milhões para 25,3 milhões em dez anos.

O desembargador federal Fausto Martin De Sanctis, alertou que tem crescido o uso da imunidade tributária das igrejas para lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e sonegação fiscal.

"É impossível auditar as doações dos fiéis”, afirmou. “E isso é ideal para quem precisa camuflar o aumento de sua renda, escapar da tributação e lavar dinheiro do crime organizado. É grave".

Informou que, para tirar proveito dessa situação, criminosos têm criado “templos de fachada” ou “igrejas-fantasma”.

De Sanctis é especializado no combate a crimes financeiros e à lavagem de dinheiro. Ele é do (TRF) Tribunal Regional Federal da 3ª Região.

De 1991 até 2010 ele foi titular da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, notabilizando-se por mandar prender, entre outros figurões, o banqueiro Daniel Dantas, um dos envolvidos na Operação Satiagraha, da Polícia Federal.

O jornal Valor Econômico informou que ministérios públicos têm investigado o uso da imunidade tributária para “esquentar” dinheiro de origens ilegais.

Silvio Luís Martins de Oliveira, do Ministério Público Federal de São Paulo, é um dos procuradores que se dedicam a colher provas desse tipo de lavagem. Ele fez parte da equipe de procuradores que denunciou criminalmente pastores da cúpula da Igreja Universal por evasão de divisas, formação de quadrilha e estelionato.

Oliveira disse falou que o dinheiro de igrejas é ‘lavado’ com mais frequência por esquema montado por doleiros e casas de câmbio, porque a quantidade de cédulas é enorme.

“É o que chamam de ‘dinheiro sofrido”, porque o fiel costuma pagar o dízimo com notas amassadas".


BIO

Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para:thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.