Há muito mais do que isso em jogo. É a lógica dos políticos.
Faz-se uma planilha com coluna de débitos e créditos, listam-se os nomes na vertical e os cenários na horizontal e preenchem-se os espaços com o resultado esperado para cada uma das combinações. Não é isso o que está em debate.
A questão não é quem ganha com a saída de Dilma. É a responsabilidade objetiva que a presidente da República tem em cada uma das crises que a ameaçam no cargo:
- as pedaladas fiscais,
- os malfeitos do petrolão e,
- as doações de caixa 2 para sua campanha eleitoral em 2014.
A degradação de sua base política é influenciada por esses três fatores mas não é resultado deles -- e sim da inoperância do governo e da inabilidade da própria presidente. Evidentemente, as condições políticas adversas podem facilitar e acelerar o impedimento da presidente em cada um dos três caminhos propostos (o das contas no TCU, o da campanha no TSE e o do Petrolão no STF).
Desses três caminhos, um parece mais próximo do desfecho. Tudo indica que o TCU reprovará as contas do governo em 2014 e que a Câmara irá ratificar esta reprovação, abrindo-se o caminho para uma ação penal contra a presidente por descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Dilma deveria ser poupada para que Lula não volte em 2018. Assim, as instituições devem ser subjugadas em função dos cenários eleitorais.
Fatos são fatos, e não haverá como fugir da lei uma vez que se estabeleça a culpa da presidente, duela a quem duela, como já disse aquele famigerado personagem da nossa História -- o que, infelizmente, me parece que acontecerá cedo ou tarde.
Fatos são fatos, e não haverá como fugir da lei uma vez que se estabeleça a culpa da presidente, duela a quem duela, como já disse aquele famigerado personagem da nossa História -- o que, infelizmente, me parece que acontecerá cedo ou tarde.
Digo infelizmente porque, eu também sou contra o impeachment, por:
1. achar que essa fatura deve ficar com o PT (ainda que o prejuízo seja nosso);
2. acreditar na chantagem petista de que o país ficará ingovernável (eu sempre acredito em chantagens petistas, dado que com bandidos não se brinca -- você já pensou isso que está aí, acrescido de greves diárias, black blocs, militantes histéricos, funcionários públicos revoltosos e exército do Stédile nas ruas? ao mesmo tempo, exatamente enquanto escrevo isso, me dou conta, também, de que este é um argumento ao qual não devemos em hipótese alguma ceder) e;
3. last but not least, não ver uma figura decente no cenário político para substituir a Dilma (não que a Dilma seja decente; para mim, quem falsifica Currículo Lates é indecente ao extremo; mas me pergunto se vale a pena trocar seis por meia dúzia, ainda por cima com toda a convulsão social do quesito anterior.).
Claro que sei que esses motivos não se sustentam diante de evidências legais, estou apenas expondo um sentimento pessoal.
Apesar dos pesares, na minha humilde opinião, numa utópica resolução conjunta, executivo mais legislativo, manteríamos a Dilma com rigoroso escrutínio do congresso sobre as decisões dela. Isto daria pelo menos a sensação mínima de equilíbrio. Esta manobra evitaria problemas mais sérios, não imaginados por aqueles que defendem o impeachment e novas eleições, como p. Ex. A quebra constitucional, já que Temer deveria assumir .
A possibilidade das candidaturas de Cunha e Calheiros (ou de candidatos apoiados por eles - que, s meu ver, neste cenário, romperiam com o PMDB) e , pior, a possibilidade de uma nova candidatura Lula. Sei que os mais apressados dirão que ele não tem a menor chance. Errado. Moro na Zona Oeste do Rio e por aqui não houve panelaço nem passeatas. Não por acaso, o que muito me incomoda, esta região é chamada de curral eleitoral. Ou há ainda quem acredite que os eleitos garantem-se nas elites. Aqui como no norte e nordeste existe um enorme contingente indiferente ao que se discute nas mídias. Achar que o impeachment é a solução dos problemas é ter uma visão míope da realidade.
O pedestal das democracias são as leis. O melhor caminho é o mais simples: Cumpra-se a lei!
BIO
Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para:thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.
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