segunda-feira, 15 de maio de 2023

Sobre a manipulação de resultados (Por Thiago Muniz)

Primeiramente quero deixar bem claro que a prática de se apostar é antiga, vem desde a Idade Média (talvez mais antiga!) com as batalhas, corridas e jogos aparentemente inofensivos. Apostar não é uma prática ilícita, é uma forma de fazer dinheiro de maneira rápida, dependendo do jogo existe probabilidades maiores ou menores.


Quando falamos em apostas de jogos esportivos, dependemos exclusivamente do fator humano; seja na aposta de números de forehands no tênis, número de escanteios no futebol, quantidade de cestas de 3 pontos no basquete, entre outros. Os tipos de apostas são quase infinitos, pode-se apostar diversos fatores. Eu mesmo por exemplo da última vez que apostei num site online foi na final da Champions League 2022 entre Real Madrid contra Liverpool, partida disputada em Paris. Eu apostei 20 reais (e teria retorno de 18 reais, totalizando 38 reais) em que o meio campista Toni Kroos faria pelo menos 1 assistência durante a partida. Vi nas estatísticas que o Kroos teve um bom rendimento de assistências durante a temporada. Moral da história: Kroos não fez uma boa partida, o Real Madrid ganhou a partida por 1x0 com gol de Vini Jr e assistência de Valverde; perdi meus 20 reais. Ok! Faz parte, são regras do jogo. Se ganha ou se perde. Apostar não é ilegal. 


O que eu achei estranho foi o crescimento e surgimento de sites de apostas online dominando a praça Brasil. O mais estranho é ver essas empresas com vínculo aos clubes de futebol, desde publicidade à patrocínio master. Na minha visão eu enxergo um completo conflito de interesses mercadológicos, deveria haver um mecanismo jurídico para travar ou para se criar uma fronteira até onde poderia ter certos vínculos. O pior é ver uma grande parte dos clubes brasileiros já se tornando dependentes financeiros desses sites de apostas, o que chega a ser insano.


Quando eclodiu esse escândalo de manipulação de resultados isso não me surpreendeu. E essa prática não é de ontem, basta olharmos o começo dos escândalos de manipulação de resultados em divisões menores pelos estados há poucos anos atrás. E essa patifaria foi só subindo os degraus chegando a série B do campeonato brasileiro e se averiguar mais poderá chegar a série A. 


Não é proibido os jogadores receberem essas propostas, assim como não é proibido jogar; mas ao meu ver deveria também haver um mecanismo de proibir o jogador de apostar; ou ele é atleta ou ele é apostador. A partir do momento em que o jogador aposta em si mesmo levantando a tese de sua própria performance ao meu ver é prática criminosa. É o mesmo que o cavalo apostar na sua derrota e ao final não ganhar a corrida. Manipular resultado é crime. 


Toda e qualquer aposta você tem mais probabilidade do azar do que de sorte, romanticamente falando; e quando você está na prática da manipulação você retira aquele "percentual de sorte" que um outro apostador teria caso apostador num resultado diferente.


Reitero que os jogadores devam ser punidos; por mais que estivessem numa intenção inofensiva de fazer um capital rápido; eles tem que entender o significado de ética, principalmente no âmbito esportivo mas que leve isso para a vida já que a vida útil de um atleta é curto e há uma vida pela frente.


Devemos educar nossos atletas a não seguirem caminhos tortos, por mais que sejam atraentes a curto prazo.


E devemos também debater esse envolvimento cada vez mais profano dos sites de apostas com os clubes. Se isso não for investigado e resolvido logo, chegará nas mãos da FIFA e talvez os danos disso não serão confortáveis, não temos mais João Havelange para colocar a sujeira para debaixo do tapete.


Sigamos os próximos capítulos.




terça-feira, 8 de dezembro de 2020

A pergunta “Quem mandou matar Marielle?” irrita os bolsonaristas (por Elika Takimoto)

A pergunta “Quem mandou matar Marielle?” irrita os bolsonaristas. 

Por que será? 

Para muitas pessoas, o caso virou o símbolo do poder do crime organizado no Rio de Janeiro porque a execução de Marielle escancarou a ousadia dos milicianos.


Algumas coisas que já sabemos:


1- O policial reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz, acusados de envolvimento com milícia, estão presos. Lessa foi quem atirou, Élcio era quem dirigia. Nenhum dos dois ainda foi julgado. Por que a demora? Não sabemos.


2- Lessa foi preso no mesmo condomínio carioca em que o Bolsonaro e seu filho Carlos possuem imóveis.


3- Lessa foi indiciado por tráfico internacional de armas.


4- O porteiro do condomínio de Bolsonaro e Lessa apontou que na noite da execução de Marielle, Bolsonaro autorizou a entrada Élcio de Queiroz, o motorista.


5-  A versão do porteiro foi considerada falsa, já que Bolsonaro estava em Brasília naquela noite. O porteiro voltou atrás. No entanto, esse quiprocó com o porteiro provocou a queda de uma das promotoras do caso após imagens das suas redes sociais mostrarem que ela fez campanha para Bolsonaro em 2018.


6- Desde o dia da morte de Marielle, o clã Bolsonaro despreza, debocha ou minimiza a importância do crime.


7 - Temos quatro presos, um deles, um cara que atirou as armas no mar.


8- Há  uma linha de investigação que aponta que o assassinato de Marielle foi para vingar Freixo que tinha se mobilizado contras as milícias do Rio.


9- Dois milicianos se filiaram ao PSOL em 2016, logo após Marielle Franco ser eleita vereadora no Rio de Janeiro, diz uma reportagem publicada hoje pela revista "Veja", que teve acesso a novos detalhes da investigação.


10 - Quem executou Marielle era vizinho de Bolsonaro. Isso não quer dizer nada mas o clã Bolsonaro tinha relações com outro suspeito: o ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega. 


11-  A família de Adriano participava do esquema de desvio de dinheiro público de Flávio Bolsonaro.


12 - Adriano da Nóbrega foi assassinado num cerco policial na Bahia em fevereiro, quando estava foragido. 


13- Um dos milicianos que se filiou ao PSOL em 2016 é Laerte Silva de Lima, homem de confiança do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, apontado pelo MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) e pela Polícia Federal como chefe do Escritório do Crime.


14 - O assassinato de Marielle e as rachadinhas de Flávio Bolsonaro são dois casos estão apresentando conexões nas investigações.


15 - A ex-mulher de Adriano era assessora de Flávio Bolsonaro.  A ex-mulher de Adriano e Queiroz trocaram muitas mensagens que parecem ter algo a ver com o assassinato de Marielle. As mensagens estão sendo investigadas.


16- A desembargadora que ofendeu Marielle, dias após ela ter sido assassinada, vai julgar Flávio Bolsonaro no TJ-RJ.


17- Pedro Abramovay, o diretor da Open Society para a América Latina,  destacou em uma videoconferência as ligações de grupos de milicanos suspeitos de matar Marielle - e de ameaçar agora Talíria Petrone -  com Bolsonaro e sua família. “O Palácio do Planalto está ocupado por pessoas com vínculos estreitos com grupos paramilitares.”


18 - Pouca coisa relevante emergiu oficialmente das investigações desde que foram presos os dois primeiros suspeitos.


19 - O MP descobriu que Eduardo Siqueira, morador da Muzema, favela dominada pela milícia, clonou um veículo do mesmo modelo daquele que foi usado no assasinato de Marielle.


20- E a rotatividade dos delegados? Já são três. Depois da prisão de Lessa e Élcio, o primeiro delegado, deixou o caso. Depois de mudanças no comando do governo do Rio, o segundo delegado foi substituído.


Isso é um pequeno resumo de tudo que já está publicado nos mais diversos jornais. Sabemos que as investigações foram marcadas por tentativas de obstrução. Bolsonaro, por exemplo, admitiu que retirou Ricardo Saadi da superintendência da PF do Rio de Janeiro e reclamou publicamente que a Polícia Federal teve mais preocupação em solucionar o caso de Marielle do que em investigar a sua facada.


Mil dias sem respostas e tendo que aturar toda essa patifaria. A demora nas investigações soa como um escárnio.



segunda-feira, 14 de setembro de 2020

89 mil da discórdia (por Francisco da Zanzibar Y Zanzibar Hernandez)

Energúmenos e Vassalos,


Enfim vou revelar o real motivo dos 89 mil reais na conta da excelentíçimá (sic) primeira dam-a.


O etérnô capitaum estava em seu milionézimu-segundo mandato de dePUTAdo phederau e tinha feito alguns acôrduns (sic) financeiros com seus açêssôures (sic) parlamentares; e ele precisava movimentar uma certa quantia em dinheiro, em espécie.


O seu assessor-PêÊmê-miliciano Fabrícium Kêirós propôs usar uma pessoa para ser um Laranja-Terceirizado, aquele que vai receber a quantia em espécie, contar o valor total e fazer o depósito numa agência bancária específica, que não possua câmeras internas de segurança.


O filho “zero-alpha” do capitaum fez uma lista de possíveis Laranjas-Terceirizados; dentre eles: euzinho próprio, o médico-larápio Sérgiu Cortês, a estelionatária do IÊneÉssêÉssê Georgina Freitas e o ex-governador do RJ Môreyrá Francu.


Todos, a exceto de minha pessoa; negaram a proposta por acharem o valor exceçivámenti (sic) baixo para os padrões deles. Eu aceitei, mas com algumas ezigênssias (sic).


Em contra/partida, o capitaum deveria fazer uma palestra no lugar chamado “Buraco da Surucucu”, localizado na região mais boêmia do RJ. Tive que inventar uma minúscula mentira dizendo que a Luciana Giménez e o Agnaldo Timóteo estariam por lá, daí ele se animou e preparou a apresentação.


Mal sabia ele o que estaria por vir...

...abalou Piauí, Suruí e Barra do Piraí.


Arrumei uma arapuca com o meu subrinhu (sic) de Olaria, o Jonas. Assim que o presidente-capitaum entrasse no seu camarim, Jonas daria uma gravata juntamente com uma borrifada de éter em seus kórnus (sic). O presidente-capitaum desmaiou feito uma fraquejada, daí entrou em ação Astolfo, meu maquiador desde os tempos de Têvê Tupi; fez um bate e pronto na maquilagem.


O presidente-capitaum estava esplêndida, tão esplêndida quanto Damares na menopausa. Sua maquiagem estava digna de Cher tomando laxante depois de um acarajé.


Assim que o presidente-capitaum acordou, um pouco atordoado, pegou seus pertences e partiu para o seu discurso neo-fascista-pentecostal-du bêim.


Chegando ao palco, foste hostilizado civicamente pelo público local, composto em sua ampla maioria pela comunidade LGBTQIA+. O presidente-capitaum arregalou os olhos e foi tentando sair “a lá francesa”, em vão.


O DJ se apressou e colocou no ambiente “Rosas de Hiroshima” cantado por Ney Matogrosso, enquanto o público foi tacando ovos em cima do presidente-capitaum e seus soldados de escolta. Só depois de eternos 30 minutos ele conseguiu sair do local depois que o filho “zero-alpha” deu um tiro de pistola para o alto.


No dia seguinte foi feito uma transmissão ao vivo via Fêicebuk (sic) onde o presidente-capitaum desmentiu todas as ocorrências.


Beijos na bunda das viadas do Congréçius. No cú, pardal!

sábado, 29 de agosto de 2020

SÁporra Conservadora (por Francisco da Zanzibar Y Zanzibar Hernandez)

Energúmenos e Vassalos,


Estava in ká (sic) em casa com minha fiel, amada e cumpanheirá (sic) Esmeralda e meu nobre mordomo Onofre; quando tive uma ideia jêneal (sic): organizar uma festa surubística só com sidadaums du bêim (sic), pagadores de impostos e de tradissional phamilia (sic) conservadora brasileira.


Fiz uma pesquisa de campo e minha ispôusa (sic) e meu mordomo apontaram sugestões. Depois de boas doses de conhaque, concluímos a 3 nomes: 


1) a pastora neo-pentecostal Flor de Litío; esposa e ex-sogra do seu próprio filho ex-genro, dona de um inferninho em Rio Bonito e uma casa de swing em São Gonçalo, adotou metade das crianças de São João de Meriti e com sua popularidade conseguiu se eleger para a Câmara Phederau (sic).


2) o capitão da PêÊmê Adriano de Deus; comanda a milíssia na comunidade Leite de Pedra e de matadores de aluguel que atende todo o Brasil. Comanda uma cadeia de negócios que consiste em: venda de bujões de gás, agiotagem, tevê por assinatura e drogas. Amigo pessoal do presidênty-capitaum (sic), com essa popularidade conseguiu se eleger para a Câmara Phederau (sic).


3) o médium-astrólogo-ninfomaníaco João Luz; fundador do Lar Luz localizado no bairro de Jákárépágüá (sic). Possui um programa de rádio onde faz conselhos através do horóscopo. Promove grandes festas com muita orgia, suruba, ritual de magia negra e estupros. Guru das celebridades, principalmente do meio sertanejo. Amigo pessoal do filho “zero-mama/piroca”, com essa popularidade conseguiu se eleger para a Câmara Phederau (sic).


Com os nomes escolhidos, resolvemos fazer um jantar para prêstigiá-lôs (sic). Contratei o chéfy (sic) Eriquê Jácãin e preparou o seguinte menu: 


> Entrádá (sic): Caldo de Piranha com Nabo assado na manteiga.


> Pratu Principau (sic): Filé de Linguado com risoto de palmito e Aliche ao molho agridoce.


> Sôbrimêzá (sic): Charuto de Morango com Chantilly.


Recêpiciônei-ôs (sic) aos sons dos Éli-Pês (sic) de Amado Batista, Sérgio Reis e Bruno & Marrone, artistas venerados por eles. Ofereci cigarro Vila Rica pra ganhar vantagem e suco de óleo de fígado de bacalhau espumado.


Muitos brindes, risadas, cantorias, beijos de língua e dedadas no cool (sic), pedi 1 minuto de atenção a todos. Agradessi (sic) a presença e pedi humildemente o apoio a minha candidatura ao Çenadu Phederau (sic). 


Estou esperandu (sic) a resposta até hoje.


Beijos na bunda, viadinhus...



sexta-feira, 24 de julho de 2020

É porco na cama mané! (Por Francisco da Zanzibar Y Zanzibar Hernandez)

Energúmenos e Vassalos,

Venho aqui confidenciar algo inusitado que aconteceu em minha vida. Estava a cá eu, minha nobre companheira Esmeralda, meu mordomo Onofre e minha amiga Narcisa, a Tamborindeguy; bebendo garrafas e garrafas de Moët até o sol raiar; quando toca a merda do interfone....

...era um motoboy.

Onofre desceu até a portaria e recebeu uma carta juntamente com um filhote de porco. Sim, o animal porco. Onofre chegou ao apartamento atônito, sem entender a mensagem, cujo todos nós intendiamos de imediato.

A carta era um convite para inauguração de um mini bairro na zona western do Ridijanê, e que minha presença era primordial, um carro blindado me buscaria juntamente com minha companheira e mais alguém que eu quisesse. Pensei de imediato em Narcisa, por ser midiática.

A carta foi assinada pelo bicheiro-milícia-PêÊmê-Cidadão Paulinho, o Caralhada; a quem o conheci no camarote do governador há 2 anos atrás.

Nem me lembrava desse fato, mas esses tipos de convites não podemos negar, até porque não somos loucos.

Na carta dizia que eu deveria levar o pequeno porco pois essa seria a senha para entrar no evento. Sem o animal não conseguiria entrar.

Enfim o dia chegou. Um calor da porra, 40 graus de sol na toba, sem uma nuvem no céu pra contar a história, e partiria para o inferno da zona western. Era tão longe que mais fácil chegaria no Pará do que na zona western.

Abalou Bangú, Turiaçu e cobra Surucucú.

Chegamos no tal mini bairro, 2 seguranças me levaram para dentro da mansão Caralhada. Me colocaram um capô na minha cabeça, me despiram deixando-me nu, e me prenderam numa cama. Nessa hora pensei: vou morrê!

Roguei meus santos, orixás e até as bruxas. Não adiantaram. Passou um tempo sinto um algo escroto no meu rosto e alguém por cima de mim deitado ao contrário de mim.

Logo entendi que era a posição 69 com um homem por cima de mim. Era Paulinho, o Caralhada. Senti fezes no meu rosto e um tapão em meu ventre.

Ouvi uma gargalhada, de alguém que eu conhecia, mas estava bem atônito com a situação; por mais que gostasse, estava meio que anestesiado, não me prepararei para tal ocasião.

A gargalhada era do atual presidente-capitaum, junto com seu filho “zero-alfa” e o marechal Consuelo; todos degustando risole de cloroquina com tubaína.

Fui jogado num chuveiro de água fria e me mandaram pegar o sabão. Duas horas depois me colocaram na mala de um Chevette velho ano 83 e me deixaram num terreno baldio próximo da Avenida Brasil, altura do viaduto dos Cabritos.

Sem lenço, sem documento. Só um papel escrito 69 com a foto do pequeno porco.

69 é porco na cabeça. Daí entendi o fetiche do bicheiro. E percebi que estava em área de milícia, com a benção do presidente-capitaum e chancela das Forças Armadas.

Zona Western não é para amadores.

Beijo na bunda, mané!




domingo, 2 de setembro de 2018

O último a sair apaga a luz: Museu Nacional (Por Thiago Muniz)

Como deixaram acabar com o Museu Nacional? 200 anos de pura história virando guimba.

O sentimento é de INÉRCIA. Profunda TRISTEZA. Muita REVOLTA com o descaso a nossa história. HORROR com o caos predominante. O DESCASO era notório.

Tristeza profunda com o incêndio do Museu Nacional. Passei minha infância tendo a Quinta da Boa Vista como o espaço mais agradável dos meus passeios. Tudo fica na memória. Lamentável o descaso dos governos. Incalculável a perda. A falta de investimento em cultura e no patrimônio público tem consequências dramáticas.

Um dos dias mais tristes da minha vida. Um acervo inteiro repleto de peças históricas, obras de arte, pesquisas, fontes e documentação viraram cinzas. O zelo pela memória é um ato político. Vocês estão vendo em forma de tragédia anunciada a importância de um voto. O governo ignorou centenas de vezes o apelo dos funcionários do museu por uma restauração, o governo reduziu drasticamente o orçamento destinado a cultura. Não podemos “deixar a história para lá”, aprendam. Não é difícil.

Há muitas décadas esse museu vinha agonizando, mas exceto os historiadores, arqueólogos, biólogos e outros profissionais que sabiam da importância deste espaço, quase ninguém se importou. Alguns até davam gargalhadas e do alto da respectiva estupidez reacionária, proferiram em alto e bom som que se dependesse deles, acabariam com este e todos os outros museus. "Cultura e história não dão camisa a ninguém!" Diziam eles.

Podem comemorar corruptos e reacionários. Os desejos de vocês estão sendo atendidos. Agora, estou aguardando e deduzindo o arsenal de hipocrisia e demagogia que será despejado por muitos candidatos diante do que ocorreu. Se valesse prêmio adivinhar o que vão dizer, garanto que ficaria rico.

Vão fingir lamentações, prometer recursos para a cultura e blá blá blá. O fato é que um dos mais importantes aparelhos de cultura do país se foi. O resto é questão de tempo. O incêndio que destrói o Museu Nacional neste momento, na Quinta da Boa Vista, simboliza os tempos obscuros que vivemos no Brasil e o fim da Ciência promovido pelos canalhas golpistas. Parabéns a quem apoiou a destruição do país.

Isso era uma tragédia anunciada. Não importa agora questionarmos se foi criminoso ou mera fatalidade. O que importa agora é termos a noção que um dos acervos históricos do nosso país se foi, da mesma maneira que estão definhando com a nação.

Aos que não sabem, o Museu Nacional em termos de acervo era o quinto maior museu do mundo...

Não sei o que virá de pior, tempos sombrios.

Sem palavras...

" O Museu Nacional arde em chamas agora. A mais antiga instituição cientifica do país e guarda em seu acervo mais de 20 milhões de itens. Idealizado por D. João VI, o museu que ocupa um prédio histórico, o palácio de São Cristóvão, completou 200 anos em junho deste ano. Logo que foi criado, serviu para atender aos interesses de promoção do progresso cultural e econômico do país. Ele guardava muitas preciosidades como o mais antigo fóssil humano já encontrado no país, batizada de "Luzia", que fazia parte da coleção de Antropologia Biológica. Para vocês terem uma noção da importância histórica, o Museu Nacional foi palco para a primeira Assembleia Constituinte da República no final do século dezenove que marcou o fim do império no Brasil. Esse incêndio não pode ser considerado um acidente. Recentemente visitei o Museu e fique assustada de como ele estava abandonado. Isso é fruto de mais um descaso de nossos governos com a cultura e a educação. Muitos não sabem, mas ele está há pelo menos três anos funcionando com orçamento reduzido. Chegaram a anunciar, pasmem, uma "vaquinha virtual" para arrecadar recursos junto ao público para reabrir a sala dos dinossauros. A meta era chegar a R$ 100 mil reais. Não é um prédio pegando fogo que estamos vendo. É a nossa história sendo apagada. Dor. Só dor aqui.
(Elika Takimoto)

" Não precisamos de educação, cultura, história, não, não precisamos de absolutamente nada disso. Só precisamos de grandes líderes neoliberais, inflação de dois dígitos, mercado totalmente livre, nenhuma lei de proteção ao trabalho, ao trabalhador, não, não precisamos de nada disso, é tudo besteira, afinal pra quê história, aquela coisa mofada, múmias, roupas e estátuas envelhecidas, pra quê.Não precisamos de professores de história, então pra que alunos, não, nada disso importa, importa sim, reduzir toda a verba ou orçamento da cultura, todos os benefícios, importa sim libertarmos o mercado, afinal ele se ajusta naturalmente, pra quê levar nossos filhos ao museu? Pra ver índio pelado, negro açoitado, coisa de velho. Precisamos sim de queimar todos os livros, todos os projetos educacionais, precisamos de armas, muitas armas, muita munição, muito sangue, afinal é isso que o povo brasileiro está pedindo, é isso que estamos produzindo. Deixa o museu queimar né, deixa os falsos profetas tomarem o poder, deixa a privatização se preocupar com seus lucros. Aos 59 anos digo com tristeza, nós, todos nós merecemos tudo o que temos de ruim aqui nesse país pq batemos Palmas pra maluco dançar e apoiamos projetos de destruição, infelizmente. Não, não há espaço pra revolta, revolta sem termos feito absolutamente nada? Não, não temos esse direito, se fizermos uma pesquisa rápida aqui, quantos de nós fomos a um museu esse ano, quantos de nós lemos um livro, assistimos uma exposição de arte qualquer, fomos a um show de um artista da nova geração e desconhecido, sim, aquele fora da fama da TV, ficaríamos envergonhados com o resultado dos números. Nelson Rodrigues, sempre ele, dizia, "O mineiro só é solidário no câncer", confesso que nunca entendi muito bem, porém quando assisto comoção depois do caldo entornado, da vaca ir pro brejo e do leite derramado, posso entender um pouquinho. Não somos nada solidários, somos individualistas egoísticamente falando, somos duros com os pobres, os famintos nas ruas, mas arriamos às calças pro rico e bem nascido, não somos um povo "legalzinho" e muito menos "bonzinho", somos cruéis, queremos ver corpos e sangue derramados, mas não queremos que sejam os dos nossos filhos, queremos os dos filhos do outro, do desconhecido, jamais seremos uma nação, continuaremos sendo um bando de ajuntados por conta da colonização, e não me venham dizer que a culpa é de Portugal, reconheço toda a capacidade dos patrícios, afinal, não fossem eles não teríamos esse gigante chamado Brasil. Ahhh tá pegando fogo, foi destruído o acervo da história do nosso país e da humanidade ajuntado por Pedro, João? Ainda tem muito mais pra pegar fogo e ser destruído, lá na Dom Hélder Câmara tem um, a última sede de fazenda cafeeira do Rio de Janeiro, pertinho do Norte shopping, ah o shopping nós conhecemos né, sim, lá tem a remanescente da Fazenda Capão do Bispo, procure saber, temos ainda muito mais, aliás o Rio de Janeiro é repleto de museus, bibliotecas, patrimônios da nação que não são visitados e muito menos valorizados, ah que pena que nós não tivemos tempo de conhecer né, ah sim, tem o Louvre, podemos ir até lá e aproveitamos para fazer uma selfie na Torre Eiffel.
(Silvio Almeida)

" As chamas que destruíram o Museu Nacional já têm ardido em todo o país. São os trabalhadores tratados como lixo por seus patrões, humilhados e postos para correr. Os pobres humilhados diariamente na entrada e saída de favelas pelo poder público. Os doentes amontoados nos hospitais. As balas assassinas que matam inocentes e policiais, mortos por armas traficadas por outros policiais. O Brasil incendiado pelo ódio primitivo dos verdadeiros homens das cavernas, loucos para que morram 150 milhões de brasileiros, mas sem coragem para admitir publicamente - por isso odeiam as políticas sociais mas não possuem propostas para o caos brasileiro, simplesmente porque não têm hombridade para dizer o que pensam. Ratos passando por cima de crianças, gente dormindo em esgotos, gente morrendo de fome. Armas para todos, nas quatro patas. Cem milhões de mortos-vivos, enquanto os grandes salões corporativos comemoram vitórias às custas de ruínas. Diante deste cenário macabro, quem chora o Museu são os poucos, são os bons, são os que sabem o tamanho da tragédia. Vai ter gente dizendo que o Museu Nacional não faz falta, porque tem Jornal Nacional todo dia. "
(Paulo-Roberto Andel)






























BIO


Thiago Muniz é colunista do blog "O Contemporâneo", dos sites Panorama TricolorEliane de Lacerda Mundial News FM.



terça-feira, 28 de agosto de 2018

Elika Takimoto para oxigenar a ALERJ (Por Thiago Muniz)

Prova viva, cabal e baixinha de que números e letras não precisam viver em conflito cisjordânico permanente: todos podemos ler, todos podemos escrever, todos podemos calcular.” (Paulo-Roberto Andel)

O Brasil que eu quero é Transparência, Senso de Justiça e Ética como atributos primordiais aos nossos políticos. Ainda dá tempo? Mas é claro que dá, e venho aqui apresentar a minha (e será a SUA!) candidata a deputada estadual pelo Rio de Janeiro: ELIKA TAKIMOTO.

Doutora em Filosofia pela UERJ. Mestre em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia pela UFRJ. Graduada em Física pela UFRJ, Professora e Coordenadora de Física do CEFET/RJ. Integrante do grupo de pesquisa Estudos Sociais e Conceituais de Ciência, Sociedade e Tecnologia. Elika é vencedora do Prêmio Saraiva Literatura, categoria: crônicas.

Autora de mais de dez livros, dentre eles:
  • História da física na sala de aula;
  • Minha vida é um blog aberto;
  • Como enlouquecer seu professor de física;
  • Filhosofia;
  • Beleza suburbana;
  • Tenso, logo escrito; 
  • Isaac no mundo das partículas.

Tenho uma grande admiração pela Elika. Conheço há pelo menos 15 anos, acompanhei de perto a sua ascendência profissional como professora, os seus textos enigmáticos sobre milhares de assuntos, a maneira irreverente como cuida de seus filhos e sua vida pessoal. Recebeu um desaconselho do presidente Lula sobre entrar na política, e de quebra, se filiou ao partido e amadureceu a ideia de se candidatar.

E tinhosa e focada como é, se candidatou e ganhou muita força. És a minha candidata.

Gostou? Se identificou? Quer colaborar? Acesse o LINK da campanha de financiamento coletivo. Lá você será contemplado(a) com o vídeo explicativo da Elika sobre a importância do financiamento.

Você não se arrependerá!













BIO


Thiago Muniz é colunista do blog "O Contemporâneo", dos sites Panorama TricolorEliane de Lacerda Mundial News FM.


quinta-feira, 12 de abril de 2018

Fim da Linha para a Corrupção (Por Francisco da Zanzibar)

Chega! 

Eu queria meu Brazil de volta e finalmente consegui! 

Acabou esta merda de corrupção neste país livre, democrático e cheio de gente feliz. 

Não faz o menor sentido milhões de pessoas louvarem um paraíba que não sabe nem roubar direito, com uma porra dum apartamento cafona de merda que nem era dele. 

Como pode esse homem querer governar o Brazil? Isso é inaceitável! É um paraíba! Quem tem que mandar é rico que sabe se vestir, que tem presença e que saiba alinhar as minhas ferraduras.

Precisamos de profissionais de verdade para construir a nassão (sic) que merecemos. 

Para isso, precisamos usar o melhor que temos: políticos traficantes com seus helicópteros cheios de cocaína, juízes fascistas e acovardados, empresários corruptores, polícias e demais forças rendidas, capachos estadunidenses, redes de TV e imprensa escrita 100% prostituídas e contra os interesses da população, pastores bandidos e atores pornô de quinta categoria formando openeão (sic). 

Do pó viemos, ao pó voltaremos. Claro, também precisamos de cem milhões de idiotas que riem de tudo feito hienas e acham ótimo, porque é isso mesmo. O sistema não funciona sem uma grande massa de imbecis a serviço dele. 

Não basta ser imbecil: é preciso levar chibatadas do senhor feudal e ficar satisfeito, feliz. E daí que tem gente morrendo nas ruas? 

O que importa é ter smartphone, nudes, gatonet, latão na mão e muito "uhuuuuuu!". Foda-se o outro: não fui eu que fiz este mundo e não tenho culpa de quem ele é. Acabou a corrupção. Agora podemos ver toda noite o jornal da TV feito cachorros espiando frango assado na padaria, enquanto um corno de voz imponente lê as ordens de seus patrões. 

Estamos em abril, precisamos correr com a nossa sonegação do imposto de renda, porque aí sobra algum pra gente gastar no shopping. Daqui a pouco tem Copa do Mundo: se o patrão escravagista não liberar o horário pra ver os jogos, será que alguém descola um atestado médico? 

Ah, quando uma mulher negra for fuzilada a gente aplaude. Afinal, era puta, sapatão, comunista, mulher de traficante e nós sabemos de tudo: nosso QI não tem quatro patas à toa. 

Foi o que nos ensinou o nosso grande líder, um liberal que passou a vida inteira pendurado no saco do Estado, e que quer a morte dos veadinhos mas usa penteado de garoto-moça. Daqui a pouco a gente assiste às aulas on line de Facebook e Twitter. 

Mais tarde tem intensivão do Fantástico Fascismo. A gente olha a internet e as bancas de jornais, tem aquelas manchetes com letras gigantescas e então pensamos "Nossa, que escândalo! Ainda bem que a imprensa é 100% isenta, não tem partido nem interesses e está sempre do lado do povo". 

Finalmente o meu Brazil está de volta. 

Mas o que eu queria mesmo era ser dono daquele apartamento com 50 milhões que não deu em nada. Aquilo deve ter sido um boi de piranha: pegaram parte do dinheiro em um, deixado de propósito lá, e levaram o "resto" para outros. 

Emprego de salário mínimo eu deixo pra essa gentinha aí, que deveria trabalhar de graça pra mim.

Este é um país para homens de terno, brancos, de bem, em nome de Deus e da família, cabelos gomalinados e pastas recheadas de dólares, mandando uma banana na cena da novela enquanto milhões de otários aplaudem e saúdam o Carnaval. 

A corrupção acabou. 

O desemprego, a violência desmedida, a ignorância e a incapacidade de pensar no país como uma sociedade igualitária, não. 

Mas foda-se: agora podemos descansar em paz, deitados em berço esplêndido da maior senzala multicolorida voluntária e ignorante do mundo.


Francisco da Zanzibar atualmente é avesso a redes sociais e qualquer tipo de tecnologia, ainda escreve suas colunas numa máquina de escrever, que segundo ele: "Para não perder a ternura jamais..."










sábado, 17 de março de 2018

O Fardo em cima de Marielle (Por Dereck Duque Estrada)

Vou tirar um pouco o foco de cima da Marielle.

Você, você mesmo que acha um absurdo existir direitos humanos, que acha que bandido não deve ter direito a nada a não ser a morte. 

Eu entendo seu sentimento, já pensei assim, já devo ter dito bem feito quando morre alguém que luta por direito de marginais também, mas espera aí , o que é o direito humano? Você sabe?

Você sabe o que é feito quando não estão relatando abuso de autoridade? Pois é, eu não sabia, mas agora eu sei, talvez seja essa a diferença entre a gente nesse exato momento.

Sabe, no asfalto, perto da principal, tudo é tranquilo e suave, embora ultimamente nem tanto, mas lá em cima polícia enfrenta um inimigo que eles nem sabem de onde vem e usam qualquer meio para cumprir a missão. 

Sabe o que isso quer dizer? Opressão. Não me entenda mal, não estou dizendo que toda operação tem violência, mas ela existe e eu não tô falando de violência contra bandido, estou falando de ataque contra moradores da favela, pessoas trabalhadoras que vivem nessas zonas de violência. O morador de favela tem medo do tráfico, mas também tem medo da polícia.

Quando começa o confronto, mais um morador morre.

Policial também morre, traficante também. E sabe o que acontece com a criminalidade? ELA SOBE!

Sim! É isso que eu tô te dizendo, a violência se intensifica. E com mais violência temos mais gente morta, policial, morador traficante, mas até aqui não tem problema, sabe por que?

Porque é pobre morrendo pelo confronto do pobre contra pobre que deveria proteger o pobre que morreu.

Se uma operação termina com um morador morto, a polícia falhou gravemente.

Se a operação termina com um policial morto a polícia falhou gravemente.

Se a operação termina com um traficante morto, a polícia falhou gravemente.

Sabe por que? Porque a função da polícia é proteger e não matar.

Mas se a morte fosse em legítima defesa é aceitável, mas entenda, isso é uma falha.

Por que isso é uma falha? Porque não deveria ser necessário isso.

Como tornamos isso desnecessário então?

Tirando as armas do morro.

Se uma arma chega no morro ele não comprou no camelô da esquina, ela veio de fora , entrou na fronteira atravessou o país e finalmente chegou na favela. Sabe o que isso nos mostra, uma incompetência de primeira dos órgãos de segurança pública . Se o fuzil e munições não subirem pro morro , sabe quantos policiais iriam morrer? ZERO!

Mas o problema da incompetência da segurança publica no país é maior que somente incompetência, tem corrupção e é nesse ponto onde o esquema é feito de forma sensacional.

O tráfico pra se manter trabalha em conjunto com altas patentes, das polícias (todas sem exceção), com vereadores, deputados, prefeitos, governadores, senadores, ministros entre outros.

Novamente, não estou generalizando, estou dizendo que a máquina tem um alcance maior do que você pensa, estamos falando de grana e quem é corrupto vai fazer o que lhe mandam por dinheiro.

Pronto o esquema de armamento está montado, se alguém for pego, vai ser o pobre cabo e um outro patente baixa que vão levar a culpa em prol do esquema.

Se você conseguiu acompanhar até aqui, vamos continuar, já definimos que a violência é coordenada com níveis acima do estado brasileiro.

Agora vem a pergunta chave, porque fazem isso?
Resposta: Poder, mais violência aumenta a sensação de insegurança , mais insegurança gera uma insatisfação da população com esse setor, insatisfação com esse setor gera uma solução, "bandido bom é bandido morto".

Cara essa frase é de uma safadeza tão grande que parece piada. Sabe qual é o problema dela, ela só se aplica pro traficante.

Ninguém quer degolar o Aécio pelo helicóptero de coca, ninguém procura saber quem foi o responsáveis por permitir que arma do exército fossem pro morro.

Ninguém quer saber quem são os bandidos fardados ou de terno.

Sabe por que?
 
Porque estamos com medo e medo cega.

A gente só quer se sentir um pouco mais seguro , mas não tá rolando então a gente pede pra matar mais , como se estivéssemos tratando uma praga que ataca nosso jardim.

Mas irmão, não adianta a máquina não quer que isso acabe porque você com medo é mais um voto para política de extermínio e mais um mandato pro deputado/vereador/senador que não faz nada pela sua vida.

E nós ficamos alienados, agredindo quem na verdade, sem que soubéssemos, estava ali presente lutando pela gente também.

Descanse em paz Marielle.

A luta não é só aqui, a luta é na rua.

#MariellePresente


Dereck Duque Estrada é Engenheiro, cidadão e crítico em política. 
Texto com revisão de Thiago Muniz.














quinta-feira, 15 de março de 2018

Hasta Siempre, Marielle (Por Ernesto Xavier)

"Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades...
" (Cazuza)


A morte de Marielle não é algo fácil de se digerir. Não é apenas mais uma morte.

Em primeiro lugar devemos entender quem ela era.

Morreu uma mãe negra.

Uma mãe negra periférica. Uma mãe negra da favela que virou liderança política em uma cidade sitiada por bandidos fardados, bandidos de colarinho branco e bandidos descamisados. Uns se confundem com os outros. Difícil dizer quem é quem. Quando termina um e começa o outro? No Rio é difícil dizer.

Mas além das questões partidárias, ideológicas e de qualquer outro gênero, devemos lembrar que ali tinha (tem) um ser humano, com família, com amigos, com sonhos, anseios, angústias, questões, erros, acertos. Morreu um ser humano.

Morreu também uma ideologia. Morreu uma ideia de que ainda podemos lutar por algo. Não podemos, amigos. Somos nada. Somos pó de estrelas sendo soprados aleatoriamente no universo.

Dispersos em neuroses. Somos poeira, colegas.

Neste caso, somos corpos negros violados. Desfigurados. Acuados. Coagidos. Indefesos.

Somos carne negra sendo vendida a preço de banana.

Lutar por algo que mexesse na estrutura racista, misógina e desigual desse país sempre fez jorrar sangue. Nossa história é de guerra, não de paz.

Marielle era da Maré.

Marielle lutava pelas milhares de vidas negras e pobres perdidas diariamente.

Marielle era presidente da comissão que fiscalizaria a intervenção na câmara municipal.

Marielle denunciou as mortes de jovens em Acari por policiais no último final de semana.

Marielle incomodava e muito.

Marielle somos nós, companheiros.

Se você não se importa, talvez não tenha entendido que o próximo também pode ser você.

Quem matou Marielle?

Quem poderá afirmar? 

Quem mata os mais de 40 mil corpos de jovens negros todos os anos no Brasil?

O Brasil matou Marielle.

Marielle, PRESENTE.

Descanse em paz. Seja lá onde essa paz possa ser alcançada.


#SentiNaPele


Ernesto Xavier é ator, jornalista e escritor. Autor do livro "Senti na pele".




























terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

O Fim da Ala dos Compositores (Por Vinicius Natal)

"As alas acabaram e a discussão é longa. Outra questão relevante é a perda das escolas de samba como espaços de composição dos chamados "sambas de terreiro". Se a produção de sambas-enredo diminuiu muito, a de sambas de terreiro está praticamente extinta. Poucas escolas ainda fazem concursos de sambas de quadra, com quase nenhuma repercussão fora da bolha. Algumas perguntas: as direções das escolas de samba estão dispostas a dialogar para pensar em democratizar as disputas? Interessa a alguém que as disputas sejam democratizadas? Existem maneiras de se impor controle de gastos nos concursos? É justo que sambas com redes de financiamento, lícitas ou ilícitas, formem palcos milionários, em detrimento dos demais concorrentes? Quem ganha dinheiro com as disputas? Como formar novos compositores? Está sendo feito sobre isso nas escolas mirins? Sambas encomendados matam alas de compositores ou só existem porque as alas de compositores morreram? Eu teria mais umas vinte proposições a fazer..." (Luiz Antõnio Simas)

Assistindo o bar apoteose do amigo Alex Cardoso, fiquei pensando.

Lembro muito bem que, quando eu era pequeno, frequentava diversas festas da ala dos compositores da Vila Isabel. Havia datas esperadas como a festa de natal, a entrega dos sambas que era bebemorada e compartilhada, os pagodes depois dos ensaios, as viagens à casa de praia de Irany Olho Verde, os passeios, os jogos de futebol entre casados x solteiros, os concursos de samba de meio de ano, o pagamento de mensalidade, a eleição acirrada da disputa entre as chapas para ver quem seria o presidente da ala - cargo respeitadíssimo - e, por fim, disputas de samba em que o samba, por si, contava - não é folclore, é real!

Hoje, o compasso não é mais esse...

As alas de compositores, enquanto núcleos de sociabilidade, acabaram. Vamos aceitar isso. Samba de enredo virou um quesito assim como casal de mestre-sala e porta-bandeira, comissão de frente, carnavalesco e a plástica, etc. Cada vez é mais comum a encomenda de samba em busca de um campeonato e de 40 pontos. Prática que, sejamos francos, tem nos rendido sambas incríveis.

Que se assuma isso como um dado concreto e se crie uma nova forma de resgatar a sociabilidade e divertimento de uma ala dos compositores, enquanto grupo coeso, ou vamos dar murro em ponta de faca. E aí todo mundo sangra, exceto os mesmos compositores mega talentosos - os quais conhecemos bem e,merecidamente, são os mais aplaudidos.

Vamos pensar aqui:

- As disputas de samba se modificaram sensivelmente com a entrada da indústria fonográfica nas escolas de samba. Pensar, então, de que forma o papel das produtoras e distribuidoras impacta nas relações de dentro de compositores da escola é uma tarefa urgente - sambas que rendem mais de 400 mil reais em um ano, quem ganha o lucro, a escola de samba que "sequestra" mais de metade do dinheiro do compositor e, até mesmo, as escolas que nada pagam. Afinal, o compositor não é um artista, assim como o carnavalesco?

- O número de sambas, na maioria das escolas, em uma disputa, é ínfimo. Tem escolas que tem 5 sambas pra disputar e a escola precisa ficar enrolando para não acabar cedo. É justo e correto enrolar uma disputa nesse nível?

- As torcidas, que antes eram pessoas da comunidade que torciam para seu samba sair vencedor, hoje são ônibus alugados de variados locais do Brasil para torcer, sem a mínima ligação com as agremiações. É pertinente isso para a escola de samba que queremos?

- Uma parceria de grupo especial gasta, aproximadamente, 100 mil para ganhar uma disputa. Logo, 100 mil reais é um dinheiro que se pode/deve investir em disputa de samba?

- As quadras ficam vazias em disputa de samba, na maioria das escolas, e há uma lenda que disputa dá lucro para escola. Será mesmo? O custo para abrir uma quadra em disputa é tão grande...

- Muitas escolas encomendam samba mas, para passar um ar de sobriedade, fingem ter uma disputa com o samba escolhido desde o início. Isso é honesto com o sambista?

Longe de ter certezas aqui, mas esse modelo de concurso está falido, assumamos isso... Mais importante que a disputa de samba, é se voltar para os milhares de compositores que amam suas agremiações e, hoje, não escrevem mais. Talentosos artistas da cultura popular que foram se afastando e, como o tempo é cruel, estão nos deixando, ressentidos, sem poesia.

Já joguei o jogo na minha escola e, cruelmente gastamos mais de 70 mil reais, sem patrocínio. 

Encarar os problemas é uma necessidade para a mudança e, creio eu, que os deuses do carnaval nos deram a oportunidade de sermos melhores. Não só por nós, mas por todos os poetas de samba do Brasil.

Que o "Não deixe o samba morrer" deixe de ser só uma canção, mas se torne uma prática cotidiana.

E que comece agora...

Foto: Acervo Alexandre Medeiros

Vinicius Natal é compositor, diretor cultural da Unidos de Vila Isabel, professor de História e mestrando em Antropologia pela UFRJ.










sábado, 17 de fevereiro de 2018

Vai começar a carnificina no RJ (Por Thiago Muniz)

"Muda a cor da farda do atirador, só não muda a cor da pele de quem morre." (Ernesto Xavier)

Quando o vulgo golpista vampiro, mas então presidente Michel Temer decretou a intervenção federal na segurança pública no Estado do Rio de Janeiro; foi uma forma de conquistar o seu próprio partido, o MDB/PMDB, que está rachado devido a Reforma da Previdência. O governador em exercício, senhor Luiz Fernando Pezão, é um desses membros do partido que estava nessa sinuca de bico. Então qual foi a moeda de troca? Entregar a segurança de um estado como o Rio de Janeiro em favor de algumas moedas de prata, assim como Judas fez com Jesus.

Como diria Raul Seixas: "A solução é alugar o país...". Pezão alugou a segurança pública para o governo federal, onde nomeou um general quatro estrelas para ser o interventor do estado. Mas o senhor Temer deixou bem claro que a intervenção só será colocada em prática depois da votação da Reforma da Previdência; ou seja, uma mão lava a outra.

Mal o general assumiu o posto de interventor já declarou que "O clima não é tão ruim assim...".

Como assim general? Não conheces a realidade do Rio de Janeiro? Faça uma ronda pessoalmente por toda a cidade do RJ, baixada e adjacências e verás que o buraco é muito mais embaixo do que pensas ou mandaram dizeres publicamente. Dê uma volta com trajes civis de preferência na Linha Vermelha e Linha Amarela. Verás que a hostilidade está bem aguda.

Intervenção Federal? Na prática será só nas zonas Norte, Oeste, Baixada e talvez a região Metropolitana. Porque o playboy filhote de empresário ou de magistrado continuará acendendo o seu baseado no Arpoador ou puxando uma carreirinha de cocaína em alguma festa no Leblon.

A intervenção só apareceu depois do caos na Rocinha, ou seja, zona Sul carioca, maior comunidade da América Latina, PIB maior que muitas cidades do país, reduto do consumo e demanda das drogas. Na Pavuna por exemplo está tão pior quanto, as empresas estão fugindo do RJ por terem que obrigatoriamente passarem por aquela região (Pavuna, Acari, Costa Barros, Jardim América...) e literalmente os caminhões são saqueados todos os dias. Isso já perdura há mais de 2 anos. E só agora vem uma intervenção federal?

Nossas praças não serão salão de festas do crime organizado. Já sabem o que significa, né? E não, não era do bloco de carnaval em Ipanema que o Temer falava. A narrativa vinha sendo construída desde o início da semana, e não pela primeira vez (arrastões em 1992, fechamento de escolas e comércio em 2002...).

Um fuzil na clandestinidade pode estar valendo até uns 50 mil reais, a vista e em dinheiro vivo. A quem interessa mesmo a não apreensão e incineração desta arma? Enquanto não houver uma reforma na segurança pública, os agentes policiais continuarão mantendo as suas vidas paralelas com alta rentabilidade e influências. Seja através de milícias, contravenções e política; manter o comércio armamentista ilegal ativo é o objetivo fundamental para a máquina paralela.

Os militares vão moralizar o Rio de Janeiro? Não, peraí! Leiam as matérias abaixo:

Matéria de 18 de janeiro de 2018.
* Matéria de 11 de dezembro de 2017.
* Matéria de 13 de outubro de 2017.
* Matéria de 05 de dezembro de 2017.

Em primeiro lugar a opinião pública no Brasil é pautada pela mídia, especialmente a TV. Estou errado? Se a mídia oligárquica quiser ela faz a imagem de uma instituição ou a derruba. Portanto, não podemos pautar a credibilidade pela opinião pública, já que ela não é tão espontânea assim. Aliás, pergunte para moradores de comunidades pobres o que elas acham das forças militares. Creio que terá muitas histórias tristes para ouvir. Tem gente boa? Tem. Mas a estrutura é corrompida, preconceituosa, desumanizada.

Devemos ter alguma ação na segurança? Sim. Urgentemente. Mas ela deve partir das forças estaduais. O exército não é treinado para o combate e patrulhamento de rotina nas cidades. Além disso, a intervenção no Rio é meramente política. Estados com o o RN e CE necessitam muito mais de ações de segurança do que o Rio, mas o estado do RJ é vitrine política.

O trabalho de longo prazo sempre é colocado em último lugar e seguimos enxugando gelo. À criminalidade não vai acabar porque a desigualdade social não vai acabar. Assim é que se combate a violência . Outro ponto: existe um poder simbólico do Estado que é exercido sobre o cidadão. A sensação de ausência da presença do Estado leva ao caos, à desobediência civil. Não sou eu que estou afirmando isso. São os maiores sociólogos do mundo, Bourdieu como o principal. Se o Estado não se faz presente, o sujeito age como bem entende e tende à desordem. Assim é com todas as instituições .

O povo não vê hospital funcionando, nem viatura, nem esgoto, nem luz, nada. Ele vai se revoltar. Ele vai desobedecer. Agora o Estado quer entrar com armas? Qual é a leitura que o povo vai ter? A de que eles são horríveis, desprezíveis. Então, a segurança é pra quem? Pro povo como um todo ou pro morador da zona sul? Acho que fica óbvio para quem se destina.

Temos 79,9% dos 60 mil homicídios no Brasil de pessoas negras. Isso é algo que surge porque os negros são naturalmente violentos? Ou porque fomos jogados à miséria desde 1565? É estrutural. E as polícias e forças armadas foram criadas no Brasil a partir da visão de que negro e pobres são ameaças e que devem defender a elite, a propriedade. Vide o brasão da PM no Rio de Janeiro.

E para terminar, vou citar na íntegra o que a professora Jaqueline Muniz, especialista em segurança pública da Universidade Federal Fluminense, fez na edição das 10 da Globo News hoje (17/02) ao vivo:

"Olha! A expectativa eu diria que não é otimista. É pior do que seis ou meia dúzia, ficou claro na fala do ministro né? A pergunta que a gente tem que fazer é a seguinte: Ninguém foi pego de surpresa com essa ação de intervenção colocada no decreto. Primeiro que o Rio de Janeiro desde 1992 com a ECO-92 vem experimentando formas diretas e indiretas de intervenção das Forças Armadas na segurança pública do Rio, ok? Então isto não é uma novidade. Segundo ponto que é importante chamar é usando a imagem do Carnaval é que a operação do GLO na Rocinha, no Salgueiro (São Gonçalo e não Tijuca) e antes disso na Maré serviram como uma espécie de ensaio técnico em que ninguém mostrou quais foram os quesitos e as notas que tiraram né? Até agora, apesar de terem gasto quase 300 milhões na Maré por mais 1 ano, aqueceu a panela de pressão sem produzir resultados substanciais, ninguém apresentou relatórios de eficácia, eficiência e efetividade no emprego das Forças Armadas em suporte a ação policial no Rio de Janeiro, o que nós vemos e temos assistido no Rio na verdade pra ser muito clara é substituição do arroz com feijão da segurança pública, que é o que funciona, correto? Não é invenção da roda, o dia a dia dos policiamentos por operações policiais sobe e desce morro, pela teatralidade operacional, que tem rendimento político e eleitoral, rendimento midiático, mas pouco efeito no cotidiano. Se é de fato pra combater o crime organizado não será esse efeito "espanta barata" que tem se produzido com sobe e desce morro chamado síndrome do Cabrito, agora articulada, envolvendo as Forças Armadas, que aliás tem plena consciência de sua incapacidade de agir como polícia, de tal maneira que demandaram o salvo conduto uma proteção através de um decreto que transfere os seus erros nas suas violações para a Justiça Militar. O jogo entre Estado e Governo Federal não tem como mudar, isso é um ilusionismo e é preciso ser claro com a população. Tem alguém enganando alguém, o governador passou a perna nas polícias ou as polícias fizeram um by pass no governador; por uma questão muito simples que a população precisa saber; há 15 dias atrás a Polícia Militar fazia um planejamento e um seminário, com apoio do Viva Rio, dentro da FIRJAN de planejamento estratégico dessa polícia do Futuro, a polícia de 2018. Estavam presentes o secretário de segurança, o ministro da defesa, todos estavam lá. E desenharam um plano, uma proposta; ouvindo setores da sociedade e entregar ao governador. Quinze dias depois todo mundo é pego de surpresa? A intervenção federal no Rio de Janeiro não é um efeito especial de escola de samba que ninguém sabe, fica sabendo no Sambódromo da insegurança pública do Rio, ok? Então, quem passou a perna em quem? De um lado o governador que entregou o Rio de Janeiro de porteira fechada, e quem abre mão da segurança abre mão da governabilidade, da capacidade de governo. Não é falando alto, gritando forte, que vai fazer as polícias funcionarem. Se tinha ingovernabilidade na segurança, não é o Exército falando alto, de bigode que vai conseguir produzir, porque afinal nem as Forças, as espadas no Brasil, das Forças Armadas a Polícia Federal ou a guarda da esquina não tem dispositivos de controle interno e externo de governabilidade, fazê-las funcionar é um gesto de boa vontade e camaradagem entre pares, é um pedido de Por favor, trabalhe ali na esquina. Esse é o primeiro ponto. Segundo e importante ponto, que a população do Rio tem que saber, o Ministério Público tem um ajustamento de conduta que esta há 2 anos do governo do Estado do RJ um plano de segurança, um conjunto de ações estruturais e sistêmicas pra reduzir a matança de policiais, a matança de civis, mudanças na estrutura da segurança pública do Rio de Janeiro, os prazos estão vencendo e o governador e mais ninguém apresentou. Por sua vez a Defensoria Pública do Rio de Janeiro tem uma ação civil de redução de perdas e danos exatamente para evitar também a matança com propostas substantivas de mudança continuada, pra que a gente não caia nessa fórmula fácil de achar que a espada sozinha resolve e vai cortar para todos os lados, inclusive a cabeça dos governantes e daqueles que hoje sentam na cadeira. Tem uma situação crítica, quem está enganando e porque? O plano de segurança era mais do mesmo, então volto a dizer o que tinha dito antes; vocês não acham estranho que exatamente o Ministério Público há mais de 1 ano desenhou o termo de ajustamento de conduta que envolve um conjunto de ações estruturais de mudança dentro das polícias pra fora, a mesma coisa a Defensoria Pública; o governo do Estado tinha que entregar a partir das audiências públicas, está devendo, aliás já passou do prazo, que tenha sido feito uma reunião com ONG´s, PM, empresariado, pra desenhar esse plano de ações, que aliás é simplório, é medíocre, é mais do mesmo, e que de repente todo mundo é pego de surpresa? Dá a impressão de que o comando militar chegou no Rio de Janeiro pra passar o Carnaval, gostou da cidade e resolveu governar. Não é assim! Tem uma articulação política por trás sim! Se é mesmo pra combater o chamado Crime Organizado como metástase, não existe Crime Organizado que não tenha chancela convivência e conivência com os setores do Estado e setores do Governo. Afinal, é através do dinheiro do crime que se faz caixa 2 de campanha, e que crime é esse? É através de mercadorias ilegais, que vai da banda larga ao tráfico de drogas, mas voltando ao ponto do Rio de Janeiro; porque a Polícia Civil foi intencionalmente sucateada no seu trabalho de inteligência, no seu sistema de dados, nas suas equipes de investigação e na atividade de perícia, porque pelo que eu saiba e pelo que o mundo saiba de pesquisa do que funciona e do que não funciona é a atividade discreta e não barulhenta espetacular, de investigação e inteligência consegue desbaratar economias criminosas e não o efeito espanta baratas da ostensividade, aqui se faz polícia de espetáculo, polícia ostentatória, cara, polícia ostentação. Por outro, transformaram a Polícia Militar numa mercadoria, venderam o policial, precarizaram o policial militar para a iniciativa privada: Lapa Presente, Lagoa Presente, Méier Presente, que até então todo mundo acha lindo. Porque acham lindo? Porque ninguém presta contas, é igual ao decreto do Temer, pode tudo mas eu não dou satisfação a ninguém. Mas e aí vai atuar como polícia? Não! Eu tenho medinho, eu só quero mandar: o sucesso é MEU, o fracasso é DE QUEM TÁ LÁ NA PONTA, o PM da esquina, o policial. Só pra fechar, é mesmo pra combater o crime organizado? Eu queria citar alguns pesquisadores, por exemplo a Camila Dias, que vem insistindo como muitos outros pesquisadores, da unidade de comando do PCC, que tem um governo criminoso, unidades de comando em todo o país se chama PCC. Alguma coisa está sendo feita em São Paulo? Já que é um governo criminoso, unidades de comando. Porque no Rio de Janeiro são franquias ocupacionais, mais fáceis de combater, uma vez que elas não tem disputa de poder e territórios, será que é isso? Ou não? Ou será que é um outro tipo de arranjo político que salva o governador de alguma coisa que a gente não sabe o que é, e ele entrega os seus votos e entrega o governo para as pessoas brincarem de governo militar. Sobre transparência, primeiro eles dizem que há integração, o que a gente sabe que não há. A primeira coisa é que não temos mecanismos de governabilidade das polícias no Brasil, não apenas no Rio de Janeiro. A segunda, os dados aqui são tratados como questões pessoais, intransferíveis e ambulantes, ou seja, não se produz inteligência, e sim disse me disse, fofoca de um e de outro, e mais grave que isso, tem agora a intervenção do limão e limonada, tem um governo militar? Porque o governo militar de retórica de ocupação através da paz foi a UPP que foi sabotado por dentro. Agora sobra a lógica da teatrilidade do confronto. Fechando; então se tem uma intervenção porque o Rio de Janeiro está ingovernável, se é essa a retórica, se quer fazer acreditar, é fundamental que se tenha uma auditoria imediata na Polícia Militar, pra saber em que estado ela está foi precarizada e em que estado o interventor vai entregar, o mesmo na Polícia Civil, o mesmo no Corpo de Bombeiros, o mesmo no sistema prisional. Mas é necessário observação externa e internacional, isso não é brincadeira, aqui ninguém presta contas, cadê os relatórios da operação do Salgueiro (São Gonçalo), na Rocinha; cadê a prestação de contas? O sucesso aqui tem a ver com a manipulação de dados. Como é que você diz que está seguro? Quando você esconde a informação e produz auto-censura, isto não é produzir segurança pública. Agora o que eu quero fechar é que muita gente vai ganhar com isso; o crime organizado agradece, o PCC agradece, os falsos professas da segurança pública agradecem e os mercadores agradecem. Estamos diante de uma temporada de abertura de chantagens corporativas e das negociatas da segurança. Que Deus nos proteja que ele ainda está no Rio de Janeiro."

Sem mais...

















BIO


Thiago Muniz é colunista do blog "O Contemporâneo", dos sites Panorama TricolorEliane de Lacerda Mundial News FM. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.



quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Como será o amanhã? (Por Thais Velloso)

Oceano inteiro continuará sendo pranto de saudade amanhã, em referência à Calunga onde dolorosamente se percorre a travessia, para quebrar a corrente e alumiar o ritual. Quem estiver assistindo e admirando, constituindo o caudal de gente que se reiventa ali, estará sendo protegido pela união do céu e do mar. E teremos então um banquete para o rei, enfeitado do verde tijucano que nos trará a esperança desativada pelas negativas revestidas de óleo curador. Aralokô, pajuê. Em seguida aprenderemos que no princípio nem sempre era o verbo, no ritual sossegado das mães de santo na avenida. Axé! De repente o rádio será ligado por mãos femininas que revelarão um repertório de amor, poesia de outrora. E bailaremos. Já será madrugada, ao som da sinfonia de Villa-Lobos, brasileiro. Canoeiro, canoeiro... Há ainda que se botar banca na Avenida, vindo de São Carlos. Assim lutaremos pela liberdade diante das aquarelas de Debret.

Navegaremos em águas claras até a Zona Sul, gritando por liberdade com orgulho dos ancestrais. Um menino na Santa Cruz ensinou o que é amar, nos explicando que a força pra viver está em um coração de criança, como o nosso pode também ser. Aprendendo a lição, não seremos mais um entregue a razão, e então teremos na mente o dom da criação. No pé da serra transformada em Avenida, um batuque pra Xangô. O rei bordará um mundo de delírios, sonhos, devaneios, tingindo de verde nossa história. Ouvindo o som do atabaque, entenderemos o clamor por piedade. Moju, Magé, Mojubá! Nos encontraremos no abraço da fera encantada, numa passarela tomada pelo canto da Iara, todos sendo levados pela correnteza que conduz até o Eldorado, uma Padre Miguel com cidadãos pintados de ouro.

Até que a sandália da passista no chão anunciará um novo ano. E as vozes se unirão em coro mostrando que o povo está mesmo matando a saudade. Na mais bela arte, as arquibancadas formarão a mais perfeita arquitetura numa paleta em que o preto se mistura com o amarelo. E do futuro virá o branco e o azul inundando nossos olhos de amor. "É o povo do samba!", gritaremos. Vanguarda popular composta por quem vem dos Macacos e do Boulevard. Meu Deus, se eu chorar não leve a mal. De São Cristóvão virá gente nos lembrar que não somos escravos de nenhum senhor. Libertados, estaremos também no trono, e depois do cassino, onde se ganha e se perde dinheiro, brincaremos de qualquer maneira. Pecado é não brincar o Carnaval. E Namastê pra todo povo da Avenida.

Desobedecendo pra pacificar, a luz vai acender; o céu, clarear. Coração aberto, quem quiser pode chegar. Voará a águia sobre nós, com poesia de cordel presa no bico, sob vinte e duas estrelas no céu. Provaremos o sabor do Carnaval, provocando uma vontade louca de que chegue logo o próximo. Calor que afaga, poder que assola. Mães e mulheres se aproximarão, apontando a estrela que tem que brilhar. Firmarão o tambor pra rainha do terreiro e veremos juntos a ginga que faz esse povo sambar. E é sambando que nos daremos conta da coroa girando, de pipas pelos ares, tiê, tucano e arara voando, tambores ressoando para ver brilhar meninos abandonados. Carentes, não teremos medo de amar. A nossa festa é pra quem sabe cuidar e pra quem não nega o amor. Sendo assim, voltaremos de lá alimentados de axé, já que o samba faz essa dor dentro do peito ir embora.






























Thaís Velloso é Professora e Mestre em Literatura Brasileira pela UFRJ.




sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Que tiro no pé hein...Estácio de Sá (Por Thiago Muniz)

Antes de começar essa coluna, quero deixar bem claro a gratidão que eu devo a Universidade Estácio de Sá, tanto como profissional, pois eu trabalhei lá e deixei grandes colegas e alguns amigos que levo até hoje. E como aluno, pois sem ela eu não teria o meu diploma de ensino superior.

Pois bem...

Mas as épocas eram outras. Eu trabalhei no Recursos Humanos da Estácio durante 2 anos, entre 2005 a 2007. Nesse último ano, a empresa estava se preparando para abrir capital no mercado financeiro, se estruturando para se tornar uma S/A. Não sei detalhes técnicos pois não é minha especialidade, só sei que era isso que aconteceu de fato. Houve até uma auditoria para analisar e redesenhar todos os processos internos da empresa, procedimento que toda uma empresa de porte grande privada está sujeita a acontecer.

Pois é...

Ao final do ano de 2007, por um provável consenso entre dos conselheiros superiores da empresa, foi ordenado a demissão em massa na empresa. Eu fui um deles.

Recebi a carta de demissão, assinei, fiquei chateado obviamente, mas antes de ir embora em definitivo o meu gerente se despediu de mim e pediu para que eu comparecesse numa reunião em janeiro de 2008 em que o patrono da empresa (in memoriam) faria com os demitidos, quem quisesse comparecer pois era facultativo. Fiquei bastante curioso nesta reunião e resolvi ir; afinal nunca tinha visto ele, era para mim quase que uma lenda, tipo uma mula sem cabeça dono de uma empresa.

Pois bem...

Resolvi comparecer a reunião, encontrei com o meu (ex) gerente, ele agradeceu por eu ter comparecido e eu sentei para aguardar. Não sei exatamente o total de demitidos mas acredito que nem 1/3 dos demitidos compareceram. Depois de uns 20 minutos após a hora marcada, o patrono entra na sala, bem quieto e se juntou na frente de todos para falar. Explicou desde a fundação da Estácio até os momentos em que a empresa estava passando. E ao final garantiu que todos os desligados seriam readmitidos da empresa durante o ano de 2008. Sinceramente as palavras dele não me comoveram, teve pessoas que até o aplaudiram; mas um fato eu fiquei surpreso. Antes de ir embora o meu (ex) gerente me pediu para aguardar uma ligação em fevereiro.

Pois é...

Recebi uma ligação do RH em fevereiro, conforme o meu (ex) gerente prometeu, me perguntou se eu tinha interesse numa possível volta a empresa. Como eu ainda não tinha terminado a faculdade, optei que sim e fui para uma entrevista numa das unidades acadêmicas, na época era a unidade Nova América, localizada dentro do shopping de mesmo nome. Fui bem recebido pelo gerente administrativo, tivemos uma conversa ótima, ele não escondeu as realidades que a filial estava passando (inclusive o salário menor que eu tinha, óbvio!) e mesmo assim aceitei o desafio. Era um horário em que daria para me dedicar mais aos estudos, conciliou que eu pudesse fazer mais disciplinas e consegui terminar a faculdade antes da minha previsão. Lá também deixei grandes colegas e alguns amigos que levo até hoje.

Pois bem...

Contou, relatou, e daí?

Quero explicar que o capitalismo é agressivo e cruel, mas as tomadas de decisões não podem ser feitas através de resultados e metas em planilhas sem contar com o aspecto humano, pois são as pessoas que movem a engrenagem das empresas, a mecatrônica está substituindo cada vez mais funções em detrimento dos humanos, talvez daqui a umas décadas a inteligência artificial assuma tomadas de decisões, o que na minha opinião será o caos mundial.

Pois é...

A Estácio em âmbito nacional, demitiu de maneira inadvertida, aproximadamente 1.200 professores, cerca de 12% de todo seu corpo docente, em favor da nova Reforma Trabalhista é um desastre sem tamanho. Foram centenas de profissionais competentes, dedicados e muito qualificados, que foram dispensados da forma mais cruel possível. Essa Reforma Trabalhista é uma semi-escravidão institucionalizada, praticamente o Congresso Nacional rasgou a Consolidação das Leis Trabalhistas. Isso está sendo inadmissível, uma afronta contra os direitos trabalhistas; e o que a sociedade faz? Nada! A sociedade está anestesiada, me dá a impressão que está chancelando todas as reformas que estão prejudicando a nós mesmos.

Pois bem...

Não estou surpreso com a quantidade de amigos que estão sendo DEMITIDOS nesta reta final de ano. Parabéns aos paneleiros e depreciadores da democracia, a Reforma Trabalhista ainda poderá bater na sua porta.

Pois é... Universidade Estácio de Sá.

Pelo menos na minha época o patrono (in memoriam) deu a cara a tapa, como empresário ele não tinha a menor obrigação de fazer aquilo, correria o risco até de tomar uns tapas, mas saiu aplaudido. Desta vez com a variação de resultados, planilhas, metas, Kpi´s, atribuições; acredito que até o telegrama de desligamento foi suspenso por contenção de despesas. Na minha época eu recebi todas as verbas rescisórias e FGTS sem problemas. Desta vez não podemos garantir aos atuais desligados.

Pois bem... Universidade Estácio de Sá.

De acordo com nota da assessoria de imprensa da companhia, "todos os profissionais que vierem a integrar o quadro da Estácio serão contratados pelo regime CLT, conforme é padrão no grupo". A nova lei trabalhista formalizou o trabalho intermitente, permitindo que as empresas criem um banco de funcionários que podem ser acionados quando houver demanda.

Pois é... Universidade Estácio de Sá.

Que tiro no pé hein...





























BIO


Thiago Muniz é colunista do blog "O Contemporâneo", dos sites Panorama TricolorEliane de Lacerdablog do Drummond e Mundial News FM. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.