quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O fundo do poço da política tricolor (Por Paulo Roberto Andel)

O respeito a Celso Barros

Antes de qualquer coisa, é bom que se diga: provavelmente, de todos os escritores tricolores, eu devo ser o que mais criticou Celso Barros em minhas colunas nos diversos sites e blogs com os quais colaborei, afora o PANORAMA, por escrito. 

Está publicado. 

Por sinal, a minha coluna mais lida na internet em todos os tempos, com dez anos de trajetória, foi justamente sobre a antiga patrocinadora do Flu. Foi extremamente crítica, mas respeitosa, inclusive destacando os pontos positivos da parceria. Não contem comigo para a política do "O que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde". E qualquer pessoa que visite este mural sabe que apoio integralmente Cacá Cardoso e Diogo Bueno nas eleições tricolores em novembro próximo. Basta ver.

Mas a política não pode ser exercida a qualquer preço. Acima de tudo, somos todos tricolores e a defesa de cada candidato, ou mesmo a crítica, não pode e não deve significar o apedrejamento de oponentes, a calúnia, a injúria, a difamação e principalmente o uso de baixezas. 

Somos todos tricolores mas também somos pais, filhos, amigos, irmãos, maridos, esposas, colegas. Somos muitos em cada um de nós mesmos e a filosofia ensina isso. Temos nossas particularidades e em todas elas deve - ou deveria prevalecer um princípio inalienável: o da ÉTICA.

Eu, Paulo, condeno e abomino veementemente o uso de qualquer situação da vida particular, especialmente da saúde, de qualquer pessoa, com finalidades mesquinhas em qualquer campo, especialmente o da política. E no caso da atual disputa do Flu, isso vale para todos os candidatos atuais: Cacá Cardoso, Celso Barros, Pedro Abad e Mário Bittencourt.

Não concordo com uma dezena de atitudes tomadas pelo Dr. Celso em anos da sua liderança político-econômica do clube, mas isso não me impede de reconhecer seu papel especialíssimo na reconstrução do Fluminense, desde o período mais difícil de sua história até há pouco. Com ele, entre acertos e erros, voamos alto e longe. 

É preciso entender que, para se respeitar e admirar alguém, não é preciso ser uma marionete nas mãos do artista. A vida é construída de dialética, ideias e contraditório. As melhores cabeças têm ouvidos apurados; as piores, apenas uma boca bostejante.

Indiretamente, Celso Barros foi uma das pessoas que me ajudou a publicar meu primeiro livro, depois de 12 anos de lida literária. Eu não teria sido contratado por uma editora se aquela história incrível entre 2009 e 2010 não tivesse acontecido. E ela se tornou realidade porque havia um Cuca, um Conca, um Fred, um Deco, um Muricy e tantos outros nomes que compuseram aquele cenário, muitos deles contratados pela força da patrocinadora. Sou grato a todos os que, de alguma forma, foram importantes para toda aquela história - e nela, Celso Barros foi protagonista, queiram ou não, por inúmeras razões.

O Fluminense nasceu sobre o berço esplêndido da ética, e não pode prescindir dela em nenhum momento. Não sejamos ingratos com a nossa própria gênese e história. Atacar um problema de saúde pessoal não é fazer política, mas sim praticar baixeza - e esta não merece lugar nas Laranjeiras, nem na sarjeta.

Sem respeito ao passado, não se constrói o futuro.

@pauloandel




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